JOSÉ RODRIGUES DA COSTA DÓRIA
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José Rodrigues da Costa Dória, mais
conhecido como Rodrigo Dória, ex-presidente de Sergipe, médico e professor
universitário, nasceu no dia 25 de junho de 1959, em Propriá, sendo seus pais
Gustavo Rodrigues da Costa e Maria Soledade Costa Dória
Estudou as primeiras letras em
sua terra natal e fez os estudos posteriores em Aracaju, onde foi aluno do
Atheneu Sergipense. Em 1877, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia,
pela qual recebeu o grau de doutor em medicina, em 16 de dezembro de1882.
Começou clInicando na cidade de
Laranjeiras, onde permaneceu de 1883 a 1885. Depois, mudou-se para Salvador, a fim de concorrer à vaga de
professor adjunto de Medicina Legal e Toxicologia, em cujo concurso foi
aprovado em primeiro lugar.
Rodrigues Dória viveu a “Idade de
Ouro” de Laranjeiras, considerada
naquela época como a Atenas de Sergipe. Laranjeiras
aplaudia nos teatros Santo Antônio e São Pedro os maiores artistas nacionais;
publicava nos jornais “Horizonte”, “Laranjeirense”, “Republicano”,
“Cotinguiba”, “Novo Século” e “Gripho”, artigos, crônicas e ensaios de Felisberto Freire, Guedes Cabral, Fausto
Cardoso, Manuel Curvelo, Josino Menezes, Moreira Guimarães, Balthazar Góes e
Gervásio Barreto; louvava a religião, a
instrução, a caridade e o civismo, na Igreja de Sataninha, no Templo
Presbiteriano, no Liceu Laranjeirense, nos Colégios Inglês, Americano e
Santana, no Gabinete de Leitura e nos clubes republicanos (onde surgiram os
primeiros republicanos de Sergipe). Era assim a Laranjeiras do final do século
XIX, glorificada pelo pincel mágico de
Horácio Hora.,,
Nomeado por decreto imperial de
28 de novembro de 1885, Rodrigues Dória permaneceu como professor adjunto
de Medicina Legal e Toxicologia, até 1888, quando prestou concurso para a
cadeira de Patologia Médica, vaga com a morte do conselheiro Demétrio Tourinho.
Em 1981, foi nomeado substituto da 2º Secção (reforma Benjamim Constant). Em
1892 ocupou a cadeira de Botânica e Zoologia Médicas, cadeira que depois se
transformou em História Natural Médica e, por fim, Parasitologia.
Em 17 de março de 1981, tornou-se
catedrático de Medicina Legal da Faculdade Livre de Direito da Bahia, da qual
foi um dos fundadores. Inaugurou a tradição da cadeira de Medicina Legal da
Faculdade de Direito ser ocupada pelo professor da mesma disciplina, na Faculdade
de Medicina: Isto também ocorreu recentemente, com os professores Estácio de
Lima e Maria Tereza Pacheco.
Em 1895, Rodrigues Dória foi eleito
conselheiro municipal da Cidade do Salvador, cargo que exerceu de 1895 a 1891.
Em 1897, foi eleito deputado federal por Sergipe e como deputado federal permaneceu
por quatro legislaturas, comportando-se sempre como um político corajoso e atuante,
inclusive durante o período do “estado de sitio” decorrente do atentado ao
Presidente Prudente de Morais. Nesta ocasião vários parlamentares foram presos
e o Vice-Presidente Manuel Vitorino foi considerado suspeito. Ele o visitou,
desafiando a situação vigente.
Eleito presidente de Sergipe,
tomou posse em 24 de outubro de 1908, com mandato até igual data de 1911. Com
presidente, mostrou-se operoso administrador, esclarecido e independente. Seu
governo foi um modelo de honestidade, operosidade e justiça. Premido pela falta
absoluta de recurso financeiro, determinou que o tesouro do estado suspendesse
o pagamento de seu salário.
No “Jonal do Povo”, edição de 13
de dezembro de 1922, declarou: “O que alguns não toleram é a minha
independência.Não adulo ninguém nem admito que me adulem. Quero amigos, e não
servos. Nunca entrei na casa de um doente pensando em remuneração, indagando a
que partido pertence, em quem votou, ou quantos votos pode me dar”.
O jornal "Folha de
Sergipe" edição de 23 de março de 1911, relata que a professora
Isabel Giudice Lima, de Lagoa Vermelha (Boquim), assinou requerimento pedindo,
no ultimo período de gravidez, noventa dias de licença. Ao receber o
requerimento, o Presidente Rodrigues Dória deu o seguinte despacho: “Concedo o
pedido sem vencimento visto não constitui moléstia o estado da suplicante nem
situação independente da sua vontade”.
Apesar de nunca fechar os olhos e
os ouvidos às críticas, nem considerar seus adversários como inimigos,
Rodrigues Dória teve opositores intolerantes, como foi o caso de Gilberto
Amado. que tendo sido nomeado para a Escola Normal de Aracaju, foi morar em
Recife. Rodrigues Dória suspendeu o pagamento do salário. Dois anos depois,
Gilberto Amado requereu o pagamento dos atrasados, o que foi negado. Este seria
o motivo da desavença.
Em 1915 representou o Estado da
Bahia, a Faculdade de Direito, o Instituto Histórico e Geográfico e a Sociedade
de Medicina Legal e Criminologia da Bahia, no 2° Congresso Científico
Pan-americano, realizado em Washington.
Em 1916, representou a Faculdade de Direito no 1° Congresso Médico
Paulista. Em 1918 tornou-se sócio correspondente da Academia Nacional de
Medicina, no Rio de Janeiro.
Afirma Garcia Moreno que o melhor
trabalho de Rodrigues Dória é o que publicou sobre a maconha, em 1915. Diz
textualmente que este é um trabalho clássico, que assinala o ponto inicial das
pesquisas brasileiras a respeito do assunto. Ariosvaldo Figueire concorda, e
acrescenta: "Rodrigues Dória estudou
e conheceu o outrora denominado "pito do pango" ou "fumo de
Angola". Em entrevista publicada no jornal carioca "A Noite"
edição de 21 de agosto de 1935, Rodrigues Dória afirmou que foram os escravos
que trouxeram o vício da maconha. Afirmou que a Câmara Municipal do Rio de Janeiro,
em sessão realizada no dia 4 de outubro de 1830, proíbiu a venda e o uso da
maconha, multando o vendedor em vinte mil reais, e os escravos e mais pessoas,
em três dias de cadeia.
Rodrigues Dória reformou a
instrução pública, instituiu o serviço de identificação datiloscópica, construiu
e inaugurou o novo edifício da Escola Normal, instalou a Escola de Aprendizes
Artífices e tornou efetiva a exigência de concurso no preenchimento dos cargos
de magistério e do tesouro, então muito concorridos" (Ibidem).
Caráter reto e exemplar, acompanhou
o concurso do professor Abdias Bezerra à cadeira de francês, no "Atheneu
Sergipense" e resistiu às pressões da politicagem local. Naquela ocasião,
confessou a "Carvalho Neto: “Meu
amigo, Abdias Bezerra concorreu com vinte e três candidatos, os dois que
entraram com ele no concurso e os vinte e um que mandaram pedir a
cadeira!".
Apesar de não ter morado muitos
anos em Sergipe, costumava dizer:
"Nasci e criei-me sergipano e sergipano desejo morrer."
Em
14 de junho de 1938, quando estava em Salvador,
ao descer de um bonde para ir à farmácia - onde comparecia diariamente, seu
paletó ficou preso no banco do veículo e ele foi arrastado. Em conseqüencia, Rodrigues
Doria morreu em plena via pública, causando consternação em todos que o
admiravam.
Eduardo Sá de Oliveira escreveu:
"Quando da inumação do corpo do dr. Rodrigues Dória, foram prestadas
homenagens especiais a esse eminente professor e notável político, não somente
por todas as classes da Bahia, mas também pelo seu estado natal, Sergipe. Em
verdade foram todas essas homenagens muito justas, por se tratar de um varão
que alcançou tão altas posições exclusivamente pela nobreza do seu caráter e
pelo seu espírito peregrino"
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