segunda-feira, 19 de outubro de 2015

71- FAMILIA BOTO



A família Boto descende de Estêvão  Anes  Boto, natural de Évora, que participou da armada que D. João I enviou para a África, em 1415. Ele e seu filho, Martim Esteves, então com 20 anos de idade, tomaram parte da conquista de Ceuta.  Consta  que Estêvão Anes penetrou nas torres da cidade e cortou as cabeças de vários  mouros. Daí o brasão da família: duas torres e duas cabeças de mouros.

Um dos descendentes desta família, o  Major João de Aguiar Boto de Melo, chegou ao Brasil em meados do século XVIII e recebeu terras em Minas Gerais, onde se estabeleceu como criador de gado.  Foi senador na Bahia durante a época em que seu irmão, o Marquês de Aguiar, era Presidente.  Casou-se com Rosa Cecília Novais, natural do município de Cedro de São João, em Sergipe. Um de seus filhos recebeu o mesmo nome e casou-se com Ana Jeronima da Silveira, tornando-se pai de Sebastião Gaspar de Almeida Boto, típico representante político do período imperial.

Sebastião Gaspar de Almeida Boto nasceu no engenho Maruim de Cima (Santo Amaro de Brotas), em 17 de setembro de 1802. Aos 19 anos, abraçou a carreira militar.  Alistou-se na companhia de guardas milicianos, onde atingiu o posto de tenente coronel. Lutou na Guerra da Independência e em 1841 foi nomeado coronel comandante da Guarda Nacional.  No dia da coroação de D. Pedro II  foi condecorado com o título de comendador da Ordem da Rosa. Integrou a primeira Assembleia Provincial (1834-1837) e foi deputado geral nas legislaturas de 1838-1841 e 1843-1844. Ocupou, por quatro vezes, a vice-presidência de Sergipe. Em 1841, foi nomeado Presidente.
Participou do movimento armado conhecido como “Revolta de Santo Amaro”.

Durante o mandato de presidente de Sergipe, construiu a casa de prisão de Laranjeiras, reformou a de São Cristóvão,  criou a Escola Normal (1838), desenvolveu a Instrução Pública, organizou os destacamentos da Guarda Nacional de Laranjeiras, São Cristóvão e Estância, adquiriu uma tipografia para publicação dos atos do governo, melhorou as barras dos rios Cotinguiba e Sergipe e  promoveu gestões junto ao Governo Imperial para melhoramentos  das barras do Rio Real e do Rio São Francisco.
Sebastião Gaspar de Almeida Boto casou-se com Joana Dias Coelho de Melo, filha de Domingos Dias Coelho e Melo (Barão de Itaporanga) e irmã de Antônio Dias Coelho e Melo (Barão de Estância).  Duas filhas de Sebastião Boto casaram-se com dois filhos de seu cunhado, o Barão de Estância.

Sebastião Gaspar de Almeida Boto faleceu em 31 de maio de 1884, no engenho Poxim, no município de São Cristóvão.

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Uma irmã de Sebastião Gaspar de Almeida Boto de nome Francisca de Aguiar  Caldeira Boto, casou-se com o Coronel Bento de Melo Pereira, Barão de Cotinguiba. O Barão de Cotinguiba foi Capitão-Mor e comandante das armas de Sergipe (1817-1829), vice-presidente  (1834-1837-1839-1842) e presidente da província (1837), senador, comandante superior da Guarda Nacional e comendador da Ordem de Cristo.  Deste consórcio resultaram seis filhos que deram continuidade ao nome da família, quatro deles com o sobrenome Boto. Destes destacamos João de Aguiar Boto de Melo  que herdou o nome de seu tio, o pai de Sebastião Gaspar de Almeida Boto.










sexta-feira, 11 de setembro de 2015

70- FAMILIA LEITE





FAMÍLIA LEITE
(FRANCISCO RIBEIRO LEITE, MARIA VIRGÍA ACCIOLY E DESCENDENTES)
Os primeiros registros com o sobrenome Leite datam de 1258. O membro mais antigo desta família parece ser  Pedro Leite de Guimarães, rico proprietário de terras na região do Minho, no norte de Portugal. Há notícia de um Alvares Anes Leite, casado com Filipa de Borges, residente em Entre Douro e Minho. Alguns descendentes vieram para o Brasil, durante a transmigração da família real, fixando-se  na região de Sanharó, em Pernambuco. De Pernambuco passaram para outras províncias do Nordeste, inclusive Sergipe. Um deles, Francisco Ribeiro Leite, casou-se com Maria Virgínia Accioly Leite; dentre os filhos deste matrimônio destacamos Augusto César Leite (médico e senador), Júlio César Leite (industrial e também senador) e Sílvio César Leite  (médico). Dentre os netos, Francisco Leite Neto (advogado, deputado, senador e interventor federal), José Rollemberg Leite (engenheiro, professor, duas vezes governador de Sergipe), Gonçalo Rollemberg Leite (advogado, professor e jornalista), Clara Leite Resende (advogada, desembargadora), Alfredo Rollemberg Leite (advogado, jornalista e político), Márcio Rollemberg Leite (intelectual) e Maria Virginia Leite Franco (casada com Augusto do Prado Franco (governador de Sergipe), e Jorge Leite. Dentre os bisnetos, Albano do Prado Franco (empresário, governador de Sergipe), Walter do Prado Franco Sobrinho (empresário, deputado estadual),  e Ivan Leite (engenheiro elétrico, deputado estadual, prefeito de Estância e secretário de Estado da Indústria e Comércio).
 
SÍLVIO CÉSAR LEITE
Nasceu no Engenho Topo, em Japaratuba, em 3 de janeiro de 1880, sendo seus pais Francisco Rabello Leite e Maria Virgínia Accioly Leite.
Formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia em 12 de abril de 1902, quando defendeu a tese “Clorose vulgar”. Estabeleceu-se em Riachuelo e fundou o Hospital de Caridade, que atualmente leva o seu nome. Foi Delegado de Higiene de Riachuelo. Clinicou na região por quase 20 anos. Médico humanitário, atendeu gratuitamente os mais necessitados  tanto em Riachuelo quanto em Aracaju (onde trabalhou  nos Hospitais de Cirurgia e no Hospital Santa Isabel). Além de médico, foi pecuarista, destacando-se como pioneiro  na criação da raça Indu-Brasil.

Faleceu em 21 de junho de 1943 em Riachuelo, aos 63 anos de idade, vítima de pneumonia. Seu irmão, Augusto Leite, importou dos Estados Unidos uma remessa de penicilina (medicamento recém descoberto naquela ocasião). O antibioótico que por certo salvaria  a vida do Sílvio Leite, não chegou em tempo.

Seus filhos, Gonçalo Rollemberg Leite, Francisco Leite Neto, José Rollemerg Leite e Clara Leite de Rezende, são personagens de desaque. Gonçalo Rollemberg Leite, como advogado, jornalista,  magistrado, professor universitário e político. Francisco Leite Neto, como exemplo de liderança e de intelectual que muito contribuiu para a história jurídica, política e cultural de Sergipe.  José Rollemberg Leite, como engenheiro, professor e, por duas vezes,  governador de Sergipe. Clara Leite de Rezende, como advogada, e primeira desembargadora de Sergipe.
 
GONÇALO ROLLEMBERG LEITE
Gonçalo Rollemberg Leite nasceu em Riachuelo em 14 de fevereiro de 1906, sendo seus pais Sílvio César Leite e de Lourença Rollemberg Leite.

Viveu a infância em casa de seus avós, em Aracaju, onde aprendeu as primeiras letras. Em Riachelo iniciou a leitura dos grandes mestres. Fez os preparatórios no Atheneu Sergipense (em Aracaju) e  no Colégio Pedro II (no Rio de Janeiro). Neste educandário, foi aluno de Luis Mendes de Aguiar, João Ribeiro, Carlos de Laert, Pedro Couto, Raja Gabaglia e Euclides Roxo. Conviveu com Ruy Barbosa, Medeiros e Albuquerque, Alberto de Oliveira,  Jackson de Figueiredo e Agripino Grieco.
Ingressou na Faculdade de Direito de Minas Gerais e por ela foi diplomado,  em 1927.
Em 1928, foi promotor de Justiça da Comarca de Paraisópolis  (Minas Gerais), inspetor de ensino e procurador fiscal.
Em 1932, fixou-se em Aracaju, onde exerceu a profissão de advogado. Em companhia de seu irmão, Francisco Leite Neto, fundou o diário “A República”, que circulou durante três anos, sob sua direção.
Militou na política partidária, de 1932 a 1938, quando a abandonou definitivamente.
Em 1934, iniciou-se no magistério, ensinando Direito Comercial e Legislação Financeira, na Escola de Comércio de Aracaju. Em 1939, fez concurso para a cadeira de História da Civilização do Colégio Atheneu Sergipense e em 1940 foi designado para ensinar Literatura, e Sociologia no curso complementar de Direito, Medicina e Engenharia do Colégio  Estadual de Sergipe. Posteriormente, como professor da Faculdade de Direito de Sergipe, fez parte de várias bancas examinadoras de concursos e defesa de teses no Colégio Estadual de Sergipe, na Escola Rui Barbosa, na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e na Faculdade de Direito da Bahia. “O magistério, fascinava o seu talento de humanista. Foi  um dos grandes do seu tempo, da linhagem intelectual de Clodomir Silva, Prado Sampaio, Manoel dos Passos de Oliveira Teles, Florentino Menezes, Artur Fortes, Mário Cabral, José Calazans, e de muitos outros notáveis sergipanos” (3).
Em 1934, foi eleito presidente da Associação Sergipana de Imprensa (da qual foi um dos fundadores) e em 1936 tornou-se Consultor Jurídico da Associação Comercial de Sergipe.
Em 1942, foi Procurador Geral do Estado de Sergipe, cargo que exerceu em várias oportunidades (1942/1951, 1964/1967 e 1970/1972).  
Membro da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de Sergipe, e seu presidente, em três mandatos.
Dentre seus títulos e honrarias, destacamos as medalhas Clóvis Bevilácqua e João Ribeiro, outorgadas pelo Ministério da Educação. Era membro da Academia Sergipana de Letras, onde tomou posse em 1967, na cadeira anteriormente ocupada por seu irmão, Francisco Leite Neto.
De sua bibliografia, destacamos os seguintes trabalhos:

1-Aspectos Econômicos da Idade Média (1938)
2-O Direito em Sergipe (1953)
3-Contratos Imorais (1959)
4-João Ribeiro, o Humanista (1962)
5-Expressão Cultural de Sergipe (1970)

Em 28 de fevereiro de 1950 fundou -- com Carvalho Neto, Cabral Machado, Álvaro Silva, Enock Santiago, Armando Leite Rollemberg, Afonso Moreira Temporal, Olavo Leite e outros --  a Faculdade de Direito de Sergipe, ocupando a cátedra de Direito Civil ( e, como substituto, as cadeiras de Teoria Geral do Estado e Direito Administrativo). Na Faculdade de Direito, proferiu a aula inaugural, foi  vice-diretor (1951-1953), paraninfo da 1ª turma de formandos e diretor (1953-1970). “A presença de Gonçalo Rollemberg Leite na direção da Faculdade de Direito de Sergipe não serviu apenas para produzir uma imagem do compromisso de professores e estudantes com a tradição do pensamento jurídico sergipano, firmado nas obras dos grandes mestres, como Tobias Barreto, Silvio Romero, Fausto Cardoso, Gumercindo Bessa, dentre outros. Atraiu visitantes dos mais ilustres do País, como Hermes Lima, Gilberto Freire, Orlando Gomes, Miguel Reale, dentre muitos outros, e serviu, também, para reagir a todas as tentativas de interferência indevida na vida da escola” (8).
A partir de 1970, Gonçalo Rollemberg Leite começou a apresentar problemas de saúde. Faleceu em 17 de julho de 1977.
 
FRANCISCO LEITE NETO
Francisco Leite Neto, mais conhecido como Leite Neto, foi, no dizer de Luis Antônio Barreto, “um dos mais completos e respeitados políticos, líder partidário, articulador, e campeão de mandatos. Percorreu as três instâncias legislativas: a Assembléia Estadual, a Câmara Federal e o Senado Federal. Por onde passou deixou uma marca exemplar, que adorna a sua biografia” (1).

Filho de Sílvio César Leite e de Lourença Rollemberg Leite, nasceu em 14 de março de 1907, em Riachuelo.
Aprendeu as primeiras letras na  sua cidade natal, e em Aracaju. Fez os preparatórios no Colégio Salesiano e no Colégio Tobias Barret (ambos em Aracaju). e no Colégio Antônio Vieira (em Salvador). Depois, matriculou-se na Faculdade Livre de Direito da Bahia, pela qual se diplomou.
Regressou para  Aracaju, em 1926, e iniciou a advocacia. Foi  diretor da recém construída Penitenciária Modelo. No exercício desta função, demonstrou competência e grande interesse pelo estudo da  ciência jurídica (notadamente a delinqüência e o  sistema penal).
Em meados da  década seguinte, deixou a diretoria da Penitenciária e  ingressou na política partidária. Foi eleito deputado estadual constituinte. Exerceu o mandato até 1937, quando, por ato do presidente da República,  foi extinto o poder legislativo. Voltou para a direção da Penitenciária, e assim permaneceu até 1938.

Em 1941, assumiu a Secretaria Geral do Governo de Maynard Gomes, Em 1945 foi nomeado Interventor Federal em Sergipe: assumiu o cargo em 27 de outubro e em  5 de novembro  deixou a chefia do executivo estadual.
Ainda em 1945, foi eleito deputado federal e permaneceu como deputado federal durante 16 anos. Em 1962 foi eleito senador de República.
Foi professor da Escola de Comércio de Aracaju (onde lecionou Economia Política e Ciência das Finanças) e da Faculdade de Direito de Sergipe (onde lecionou Ciência das Finanças).
De sua bibliografia constam  os seguintes livros:
 1-Política - Doutrina e Crítica  (1933)
 2- Sergipe e seus prproblemas (1934)
 3- Sergipe e Banditismo (1940)
 4- Ensaios (1946)
 5- Pareceres nas Comissões (1948-1962)
 Em 1942, ingressou na Academia Sergipana de Letras, onde foi recebido por Garcia Moreno. Era membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, do qual foi orador oficial.
Faleceu em 10 de dezembro de 1964, em Aracaju, com  57 anos de idade.
 
JOSÉ ROLLEMBERG LEITE
José Rollemberg Leite, engenheiro, professor e político, por duas vezes governador de Sergipe, nasceu em Riachuelo, em 19 de setembro de 1912, sendo seus pais Sílvio César Leite e Lourença Rollemberg Leite.

Estudou as primeiras letras em sua cidade natal e iniciou o curso secundário no Colégio Salesiano de Aracaju, completando-o no Colégio Antônio Vieira (Salvador).
Concluído os preparatórios, matriculou-se na Escola de Engenharia de Ouro Preto, Minas Gerais, onde graduou-se em Engenharia Civil e de Minas, em 1935.

Voltando a Aracaju, trabalhou como engenheiro e  professor de Física do Atheneu Sergipense e do Colégio Tobias Barreto. Foi nomeado professor catedrático de Ciências Físicas e Naturais (1938), Química (1939) e  Matemática (1940), do Atheneu Sergipense. Lecionou na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e em outros estabelecimentos secundários de Aracaju.
Iniciou a vida pública como Diretor Geral do Departamento de Educação do Estado de Sergipe (1941). Em 1942, assumiu o cargo de diretor do Departamento de Obras e Estradas (depois, presidente, até 1945)

Em 1946, ingressou na política. Foi eleito governador (1947-1951) e, em seguida, senador (1965)1970.. Em 1975 foi, mais uma vez, governador. De 1984 a 1988, secretário de Transportes, Obras e Energia.
Pertenceu a várias instituições educacionais e culturais, tais como o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o Conselho Estadual de Educação e o Conselho Superior da Universidade Federal de Sergipe.

Dentre as condecorações recebidas, destacamos a da Ordem do Mérito Aeronáutico.
José Rollemberg Leite faleceu em 24 de outubro de 1996, aos 84 anos de idade. O Terminal Rodoviário de Aracaju e um Colégio Estadual na capital sergipana têm seu nome.

O papel de José Rollemberg Leite no desenvolvimento da Educação é incomensurável:  criou escolas nível médio e de nível superior, implantou o ensino rural, levou cursos de licenciaturas ao interior do estado, construiu Grupos Escolares, deu nova sede ao Atheneu Sergipense, instalou escolas superiores, instalou o Instituto de Tecnologia e Pesquisa, reorganizou o Instituto de Química, criou a Escola Normal Rural Murilo Braga, etc, etc.
 
CLARA LEITE DE REZENDE
Clara Leite de Rezende nasceu na fazenda Angico, em Riachuelo, em 27 de junho de 1940, sendo seus pais Sílvio César Leite e Guiomar Sampaio Leite.  Aprendeu as primeiras letras no Colégio Salvador, transferindo-se, depois, para o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, ambos em Aracaju. Completou os preparatórios no Colégio Estadual de Sergipe e, em 1958, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Sergipe (pela qual foi diplomada, em 1962).
De 1963  1967, exerceu a advocacia na capital sergipana, onde atuou como Conselheira do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Fez os cursos de Política e Estratégia (na Escola Superior de Guerra) e de Direito Comparado (na Universidade do México e na Sorbone, de Paris).
Em 1970, ingressou na magistratura. Foi, sucessivamente,  Juiza de Direito das Comarcas de Nossa Senhora da Glória (1970 a 1972), Frei Paulo (1972-1975), Maruim (1975) e Estância (1975). Transferida para Aracaju, foi  Juiza da 6ª. Vara Civel, Diretora do Fórum Gumercindo Bessa, Juiza Eleitoral e Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (do qual foi Presidente), Corregedora Eleitoral de Sergipe, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Presidente do Conselho da Escola Superior da Magistratura e Diretora da Escola Superior de Magistratura.
É portadora de várias honrarias, das quais destacamos a Medalha do Mérito Serigy (no grau de Comendador), e o Colar do Mérito Tobias Barreto, além das comendas do Governo do Estado de Sergipe. da Assembléia Legislativa de Sergipe, do Tribunal Regional do Trabalho, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e do Instituto Brasileiro dos Magistrados.
É membro titular da Academia Sergipana de Letras, desde 2004.
Clara Leite de Rezende é a primeira sergipana a  ocupar a função de Desembargadora.


AUGUSTO CÉSAR LEITE
Augusto César Leite, mais conhecido como Augusto Leite, nasceu em 30 de junho de 1886, no Engenho Espírito Santo, município de Riachuelo, sendo seus pais Francisco Rabelo Leite e Maria Virgínia Acioly Leite.
Realizou os primeiros estudos em sua cidade natal e em Salvador.  Embarcou, em 1903, para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Faculdade de Medicina.
Nas férias do curso médico deslocava-se para Riachuelo, onde ajudava o irmão, Sílvio Leite, nos afazeres de médico clínico. Sempre dedicado ao estudo, diplomou-se no dia 2 de janeiro de 1909, ocasião em que defendeu a tese “Contraindicação  renal do emprego do salicilato de sódio”.

Em maio de 1910, fixou residência em Capela, onde iniciou o exercício profissional. Três meses depois, mudou-se para Maruim, onde permaneceu durante curto período, até mudar-se para Aracaju (naquela época uma pequena cidade sem calçamento e sem transportes, com uma população de 30.000 habitantes).
“Não obstante as dificuldades - Dr Augusto, de fraque, bengala e chapéu, percorria as ruas arenosas de Aracaju, atendendo chamados dos clientes.  A  clínica era feita através das mãos, dos olhos, e ouvidos, fazendo-se uso, também, do olfato, e até do gosto. Por diversas vezes, realizava intervenções até de grande porte para a época, como mastectomias, na residência do próprio doente, em casebres de palha, à luz de querosene. O médico dispunha apenas de termômetro, estetoscópio monoauricular e rudimentares instrumentos cirúrgicos e, na falta de laboratório, fazia ele mesmo os exames de urina, sangue e fezes dos pacientes”(6).
Recém chegado em Aracaju, dirigiu a Escola de Aprendizes Artífices. Depois, assumiu a cátedra de Higiene Geral e História Natural do Atheneu Sergipense e tomou posse como membro do Conselho Superior de Instrução Pública.
Em 1917, foi eleito para o Conselho Municipal e em 1918 assumiu a cátedra de História Natural do Seminário Diocesano.
A convite do Dr. Simeão Sobral, ingressou, em janeiro de 1913, no corpo clínico do Hospital Santa Isabel, único hospital de Sergipe. Era um hospital com duas enfermarias, sem equipamento de raios X, sem laboratório de análises clínicas e outros recursos de diagnóstico. Possuía quase nenhum instrumental cirúrgico, algumas ventosas e um termocaltério primitivo. As operações eram realizadas  na sala de curativos, com o paciente em cima de um lastro de madeira. Os médicos operavam  com a mesma roupa que usavam na rua, com paletó e gravata, sem máscara, sem luvas ou qualquer outro recurso de assepsia, e eram ajudados pelas Irmãs de Caridade. Quando muito, dispunham de um auxiliar leigo, completamente desqualificado. Dr. Pimentel, encarregado do Serviço de Mulheres, “visitava sua enfermaria acompanhado de um serviçal portando um fogareiro, o qual exalava incenso ou alcatrão defumado, para afastar o terrível odor”(6).
Em junho de 1913, Dr. Augusto Leite viajou para a Europa. Passou seis meses na França, especializando-se em cirurgia. A voltar para Aracaju, trouxe o material cirúrgico adequado e, reiniciou sua atividade, criando um Serviço de Clínica Cirúrgica. Em 9 de novembro de 1914, realizou a primeira laparotomia em Sergipe, com a retirada total de um mioma, sob anestesia por clorofórmio. Este êxito, maravilhoso para a época, foi repetido em muitas outras ocasiões.
Movido por um idealismo contagiante, construiu e  inaugurou em 2 de maio de 1916, o Hospital de Cirurgia, marco da medicina sergipana.
O Dr. Augusto Leite passou a ser considerado o médico mais importante do estado. Presidiu a Sociedade de Medicina de Sergipe, dirigiu os Serviços Cirúrgicos do Hospital Santa Isabel e do Hospital das Clínicas, criou a Maternidade Francisco Melo (1930) e a  Escola de Auxiliares de Enfermagem (1950) e foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Médicas, núcleo formador da Universidade Federal de Sergipe.
Foi o primeiro sergipano a integrar o  Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Recebeu vários títulos e honrarias, tais como o de Comendador da Santa Sé, Professor Emérito da Universidade Federal de Sergipe e “Bisturi de Ouro” do estado.
É considerado um dos maiores cirurgiões do país.
Faleceu em 9 de fevereiro de 1978. Por ocasião do seu falecimento Marcos Aurélio Prado Dias declarou: “Com a morte do Dr. Augusto Leite, Sergipe inteiro chorou a perda de um dos seus mais ilustres e queridos filhos” (6).
O poeta Freire Ribeiro, escreveu:
"Mãos que abençoam/mãos que afagam;/mãos que dilaceram !/Morte em nome da vida !/Mãos que o Senhor abençoa todos os dias,/Mãos que são um presente dos céus para todos nós !/Mãos de AUGUSTO LEITE./Mãos de paz, mãos de luz, mãos de amor !” (Ibidem).
MARIA VIRGÍNIA LEITE FRANCO (Gina)
Filha de Augusto César Leite, mãe do governador Albano Franco e esposa do governador  Augusto do Prado Franco (1979-1982)
 
AUGUSTO DO PRADO FRANCO
Augusto do Prado Franco, médico e político sergipano, nasceu em 4 de setembro de 1912, em Laranjeiras e faleceu em Aracaju, em 16 de dezembro de 2003, sendo seus pais Albano do Prado Pimentel Franco e Adélia do Prado Franco.
Concluído os preparatórios, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, onde concluiu o curso de medicina, e foi diplomado em 1937.
Especializou-se em Otorrinolaringologia, no Hospital São Francisco de Assis, do Rio de Janeiro.
Dirigiu  a Usina Central, localizada em Riachuelo, duas fábricas de tecido e uma empresa agropecuária. Presidiu o Sindicato dos Produtores de Açúcar de Sergipe e foi delegado da Confederação Nacional da Indústria.
Fundou a Rádio Atalaia, a TV Atalaia e o “Jornal  da Cidade”, em Aracaju.
Foi deputado federal  (1966 e 1984) e senador (1970). Escolhido Governador do estado, em 1978.
Dentre seus filhos, destacamos os políticos Albano Franco  e Walter do Prado Franco Sobrinho.
 
ALBANO DO PRADO FRANCO
Albano do Prado Franco, empresário, advogado e político, mais conhecido como Albano Franco, nasceu em Aracaju, em 22 de novembro de 1940, sendo seus pais Augusto do Prado Franco e Maria Virgínia Leite Franco.
Graduado em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, tornou-se empresário do ramo industrial, dirigindo empresas da família, tais como a Refrescos Guararapes (franquia Coca-Cola), Rádio FM Sergipe e TV Sergipe (afiliada da Rede Globo). Presidiu a Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (1971-1977), foi diretor da Confederação  Nacional da Indústria (1977-1980) e seu presidente (1980-1994).

Iniciou a carreira política com sua eleição para deputado estadual, em 1966. Foi primeiro suplente do senador Lourival Batista (1978) e eleito senador em 1982 (reeleito em 1990). Em 1994 foi eleito governador de Sergipe (reeleito em 1998). Em 2006 foi eleito, mais uma vez, deputado federal.


WALTER DO PRADO FRANCO SOBRINHO
Proprietário da TV Atalia (afiliada à Rede Record), de três emissoras de rádio: Atalaia AM e  Megga Atalaia ( em Aracaju)  e  Rádio Cidade (em Simões Dias).
Como deputado estadual teve atuação destacada na defesa da democracia.
JÚLIO CÉSAR LEITE
Júlio César Leite nasceu em Riachuelo em 06 de novembro de 1896, sendo seus pais Francisco Rabelo Leite e Maria Virgínia Accioly Leite.
Concluidos os estudos preparatórios no Colégio Alfredo Gomes, em Sergipe, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde formou-se em Ciência Jurídicas e Sociais  pela Faculdade Livre de Direito, no ano de 1917.
Formado, assumiu o cargo de Delegado de Polícia em Aracaju (1918-1920) e em seguida, chefe de polícia (1919), inspetor escolar  (1920-1921, diretor do Serviço de Água e Esgoto de Aracaju, (1926 – 1930).
Banqueiro e homem de negócios, militou no Banco Mercantil Sergipense (casa que fundou em 1924, com seu sogro - Gonçalo Rollemberg Leite e Moacir Rabelo Leite).
Industrial, dedicou-se à Fabrica de Tecidos Santa Cruz, fundada pelo comendador João de Souza Sobrinho (mais tarde adquirida por Gonçalo Rollemberg do Prado). Homem de rara visão social, realizou vários empreendimentos em favor de seus operários (casas residências, escolas, biblioteca, cheche, mercado, cinema, estádio, clube social, serviço médico e odontológico). No cine-teatro, denominado Gonçalo Prado, se apresentaram grandes nomes do cenário artístico nacional: Grande Otelo, Procópio Ferreira, Vicente Celestino, e outros; shows de calouros, encenações teatrais e exibição de filmes famosos. As obras sociais de Júlio Leite serviram de comentários elogiosos, inclusive por parte do consul britânico, Maurice Stout, que visitou a Fabrica Santa Cruz, em 1951 (7).
“Homem de visão penetrante para o futuro, de inteligência culta, de honradez no cotidiano, simpático na convivência, elegante, gentil e leal com os amigos, era Júlio Leite uma personalidade fantástica; um homem que se tornou um dos vultos ilustres do solo sergipano. Ele foi o responsável por uma era de incremento do progresso de Estância quando elegeu esta cidade para ser sede dos seus empreendimentos gerando milhares de empregos diretos, muitos até os dias presentes” (Ibidem)
Em 1950, passou a direção de suas empresas para o seu filho primogênito, Jorge Leite, e iniciou-se na vida político-partidária. Elegeu-se senador da República, com mandato até 1954. Integrou a Comissão de Finanças do Senado, presidiu a Comissão de Economia, cursou a Escola Superior de Guerra e representou o Brasil na Conferência Internacional, em Bankgkok. Foi reeleito senador, na legislatura de 1962-1968, quando foi líder partidário  e vice-lider do Bloco Parlamentar Indepen

Integrou o Conselho Nacional de Economia, onde ocupou a Vice-Presidência (1959-1960) e a Presidência (1960-1961). No ano seguinte, tornou-se Conselheiro.
Em 1970, afastou-se da vida política para dedicar-se às atividades particulares, fixando-se no Rio de Janeiro.
Júlio César Leite faleceu aos 94 anos, em 06 de fevereiro de 1990, no Rio de Janeiro. Há uma escola municipal, em Estância, com o nome “Escola Municipal Senador Júlio Leite”. Em Aracaju há uma avenida com o mesmo nome.


BIBLIOGRAFIA
 
Brreto, Luis Antônio= Centenário de Leite Neto, Pensador, Intelectual e Político. Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=53437&titulo=Luis_Antonio_Barreto. Acesso em 27 de julho de 2015.
Barreto, Luis Antônio – José Rollemberg Leite e o Ensino Sergipano. Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=29381&titulo=Luis_Antonio_Barreto. Acesso em 04 de agosto de 2015.
Barreto, Luis Antônio – Os 100 anos de Gonaçalo Rollemberg Leite . Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=44237&titulo=Luis_Antonio_Barreto. Acesso em 07 de agisti de 2015.
Barreto, Luis Antônio – Clara Leite de Rezende. Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=29381&titulo=Luis_Antonio_Barreto. Acesso em 04 de agosto de 2015.
5-Dias, Givaldo Rosa – Os descendentes dos barãoes de Itaporanga e de Estância, Domingos e Antônio Dias Coelho e Melo, voltaram a governar o Estado. Disponível em 0/12/os-decendentes-dos-baroes-de-itaporanga.html. Acesso em 27 de julho de 2015.
6-Leite, Geraldo – Médicos Ilustres da Bahia e Sergipe – Augusto Leite. Disponível emhttp://medicosilustresdabahia.blogspot.com.br/2011/07/063-augusto-cesar-leite.html. Acesso em 11 de setembro de 2015.
6-Maximo, Genilson - Senador Júlio César Leite faz 24 anos de falecido, nesta quinta, dia 06. Disponível emhttp://parabolicanews.blogspot.com.br/2014/01/senador-julio-cesar-leite-faz-24-anos.html. Acesso em 27 de julho de 2015..
7-Poder Judiciário do Estado de Sergipe – Centenário de Gonçalo Rollemberg Leite. Disponível em http://www.tjse.jus.br/memorial/documentos/publicacoes/Centenario-Dr-Goncalo-Rollemberg-Leite.pdf. Acesso em 6 de agosto de 2015.


terça-feira, 30 de junho de 2015

69- FAMILIA CARDOSO





A FAMÍLIA CARDOSO DE SERGIPE

(JOAQUIM MAURÍCIO CARDOSO, FILHOS E NETOS)
 
A família Cardoso é de origem portuguesa. Lembra a expressão “terreno cardoso”, ou  “terreno cheio de carda”. Carda é uma espécie de  praga, comum em certas regiões. O sobrenome existe desde 1170. O primeiro a usá-lo foi D. Hermigo Cardoso, que viveu em Lamego no tempo  do rei Afonso III de Portugal  (1210-1279).  D. Hermigo era  o proprietário  da “Quinta Cardoso”, situada em São Martinho de Mouros. Os Cardoso se espalharam por  Portugal e Espanha (Galícia,  Andaluzia, e Astúrias). Dom Juan, marquês de Cardoso,  viveu em Sevilha, no ano de 1599. (6)..

No reinado dos Reis Católicos, mais de 120.000 cristãos-novos, expulsos da Espanha, imigraram para Portugal, Arquipélago dos Açores e Brasil. No Brasil receberam a alcunha de “marranos”, Dentre os “marranos” perseguidos pela Inquisição, alguns   eram da família Cardoso (5).
Em 1654, quando ocorreu a expulsão de Maurício de Nassau, os irmãos João Inácio e Francisco Cardoso  se estabeleceram naquela região por volta de 1795.
Os Cardoso do Rio Real são muito antigos pois descendem de Caramuru, através de Melchior Dias Moreia que,, na década de 1580, descobriu uma mina de ouro nos sertões da Bahia. Tentou explorá-la  mas acabou preso. Outros Cardoso  viveram nas redondezas do rio Real durante os séculos XVI, XVII e XVIII (4).

Joaquim Maurício Cardoso (1806-1869), filhos, e netos, são personalidades importantes na vida política, econômica e cultural de Sergipe   Alguns deles tinham o mesmo nome dos pais, ou de algum familiar muito querido, o que, às vezes, torna difícil identificá-los  (7). .
 

JOAQUIM MAURÍCIO CARDOSO

 Joaquim Maurício Cardoso nasceu em 1808, na Bahia, e recebeu o título de advogado em algum curso particular,  pois naquela época não existia faculdade no Brasil (9). Imigrou para Estância, onde contraiu núpcias com Joana Baptista de Azevedo e com ela teve oito filhos.
Foi um dos fundadores do primeiro jornal da província. o “Recopilador Sergipano”, cujo primeiro número circulou em Estância em setembro de 1832. Impresso na Tipografia Silveira, a mais antiga  de Sergipe,  (assim chamada por ser de propriedade do monsenhor Antônio Fernandes da Silveira) circulava às terças, quintas e sábados.
Joaquim Cardoso foi professor de matemática e  geografia do Externato Provincial de Estância. Vários médicos e políticos importantes foram seus alunos:
Entrou na política, e foi deputado provincial.
Além de rábula, fundou uma escola prática de direito, freqüentada por formados e não formados; e com isso desempenhou importante papel no desenvolvimento cultural de Sergipe.
Em 1832, o presidente da província, José Geminiano Morais de Navarro reuniu as cadeiras de ensino público de latim, retórica, francês e geometria existentes  em São Cristóvão, em um Liceu, (“Liceu Sergipense”)., e o instalou no Convento do Carmo. O Liceu teve como primeiro diretor frei José dos Prazeres Bulhões. Joaquim Mauricio Cardoso foi convidado para o ser vice-diretor e professor de francês e retórica. O Liceu foi extinto em 1835, quando Joaquim Cardoso regressou para Estância e passou a se dedicar ao magistério particular.
Faleceu em 1869, deixando os seguintes filhos: Severiano Mauricio de Azevedo Cardoso (1840-1907), Brício Mauricio de Azevedo Cardoso (1844-1924), Melchisedek Mattusalem de Azevedo Cardoso (1860-1938), Sinfrônio de Azevedo Cardoso (1850-?).Manuel Maurício de Azevedo Cardoso (1864-1936), Ignez (?), Amélia (?) e Valeriania (?)..
 

SEVERIANO MAURÍCIO DE AZEVEDO  CARDOSO

 Severiano Maurício de Azevedo Cardoso, mais conhecido como Severiano Cardoso,  professor, poeta, jornalista, político e autor de textos literários, nasceu em Estância, em 14 de março de 1840, sendo seus pais Joaquim Maurício Cardoso e Joana Baptista de Azevedo. É  o pai de José de Alencar Cardoso,  diretor e fundador do Colégio Tobias Barreto que funcionou inicialmente em Estância (a partir de 1909), e depois em Aracaju.
Filho primogênito de um grande educador, Severiano fez os primeiros estudos em sua terra natal, com seu pai, e tios maternos. Aos quinze anos mudou-se para Salvador, onde trabalhou no comércio. Nessa  ocasião escreveu vários artigos para o jornal  “Bahia Ilustrada”..
Em 1870, voltou para Sergipe e  ingressou no “Atheneu Sergipense” como escriturário. Depois foi Secretário   da Instrução Pública, cargo que exerceu de 1871 a 1874. Neste último ano deixou o cargo de Secretário e assumiu o de oficial maior daquela secretaria. 
Eleito deputado provincial em duas legislaturas, e membro da Câmara de Vereadores. Militou no Partido Conservador,  ao lado de Olímpio Campos, grande amigo e discípulo.
 Como jornalista, militou no “Sergipe Jornal” (do qual foi redator) e no  “Estado de Sergipe”. Colaborou com “O Americano”, “Jornal do Comércio”, “Folha de Sergipe” e “Jornal de Aracaju”.
Era poeta e teatrólogo. Escreveu diversas peças teatrais, e  um livro intitulado “Teatro Infantil”. Publicou vários trabalhos sobre o ensino primário. Um deles,  “Corografia de Sergipe”, tornou-se famoso e, ao que parece, ainda permanece inédito (corografia é o estudo de uma determinada região).
 Sua passagem pelo Atheneu Sergipense e pela Instrução Pública foi de muita utilidade para o magistério  e a política.
Como educador, criou um colégio, situado na atual Praça Fausto Cardoso, intitulado “Parthenon Sergipense”  onde, além de ensinar  as disciplinas do curso de humanidades, “dava aulas de gentileza”. Nesse colégio, educou dezenas de jovens das principais famílias de Sergipe.
 Fiel admirador dos grandes educadores do século XIX, utilizou em suas aulas instrumentos didáticos e não didáticos. Um de seus alunos, Edilberto Campos, disse que Severiano Cardoso ensinava tabuada  fazendo de conta que empilhava sacos de açúcar em um trapiche, e frações  utilizando casinhas de papelão e tubos de cartolina de variados tamanhos.
Em busca de novas experiências educacionais, foi para Minas Gerais, onde assumiu a direção do “Colégio Parthenon Mineiro”, em Rio Novo. Depois de dois anos, voltou para Sergipe e fundou em Estância o “Colégio Minerva”, do qual foi proprietário e professor.
 Em 1882, voltou ao “Atheneu Sergipense”,  a fim de ensinar aritimética e lógica.
Em 1900, foi nomeado professor estadual de português, aritmética e francês, em Estância. Um ano depois, voltou para Aracaju para ensinar matemática na Escola Normal.
Armindo Guaraná, em seu Dicionário Bio-Bliográfico Sergipano, afirma que Severiano Cardoso “foi um professor  competente e apaixonado pela Instrução” e que “não houve em seu tempo quem melhor soubesse difundir o ensino no espírito de seus jovens discípulos”. O mesmo disseram Acrísio Torres e o então presidente do Estado,  Manuel d` Araújo Góes.
Abalado com o assassinato de Olímpio Campos. Severiano Cardoso  faleceu em Aracaju, no dia 2 de outubro de 1907.
 Seu filho ilustre é José de Alencar Cardoso.
 
JOSÉ DE ALENCAR CARDOSO

 José de Alencar Cardoso, carinhosamente chamado “Professor Zezinho”, é filho de Severiano de Azevedo Cardoso . Nasceu em Estância, no dia 18 de abril de 1878. Tendo aprendido as primeiras letras com seu pai e tios, mudou-se para Aracaju onde fez os preparatórios no Atheneu Sergipense. Aspirando a carreira das armas, foi para o Rio de Janeiro, onde matriculou-se na Escola Militar, situada na Praia Vermelha. Permaneceu na Escola Militar até seu envolvimento com a “Revolta da Vacina”. Sufocada a insurreição, desligou-se e regressou para Estância.
Influenciado pelo tio  Brício Cardoso, fundou, em 9 de maio de 1909, o Colégio Tobias Barreto. “A ajuda de seu pai, Severiano Cardoso, e principalmente de seu tio Brício Cardoso, teve papel fundamental  na elaboração e implantação de um projeto político mais consciente e sistemático, responsável pela aglutinação dos egressos de Escola Militar” (11). Ao Colégio, anexou um Tiro de Guerra. A população de Estância apreciava, com admiração  e orgulho, os alunos se exercitarem na Praça da Matriz.

Em 1912, o Prof. Zezinho mudou-se para Aracaju, onde ocupou o cargo de escriturário da Saúde dos Portos. No  ano seguinte, transferiu o colégio para a capital sergipana. Em Aracaju seu estabelecimento de ensino cresceu, passando de menos de cem alunos para quase trezentos, em 1919. O crescimento era o resultado de sua proposta pedagógica revolucionária.  
 Ao tempo em que o Colégio crescia, Alencar Cardoso firmava-se como administrador público, Ocupou vários cargos: foi inspetor da Instrução Pública Primária (década de 1910), tesoureiro da Delegacia Fiscal (1923-25) e Diretor Geral da Instrução Pública (1918-1922). No ultimo ano do governo do Presidente Graco Cardoso, tornou-se responsável pela execução da Reforma do Ensino Público. O Colégio Tobias Barreto, durante o  afastamento do seu fundador, teve diversos diretores: Brício Cardoso, Carlos Augusto Cardoso, Alice Ferreira Cardoso, Abdias Bezerra e Arthur Fortes Os professores  Abdias Bezerra e Arthur Fortes, tal como ocorreu com o Professor Zezinho, foram alunos da Escola Militar. Talvez por esta razão, o traço dominante  do .Colégio Tobias Barreto foi o militarismo. Os alunos  começavam  o curso como soldado raso e, de acordo com o progresso alcançado, galgavam posições cada vez mais altas, passando a cabo, terceiro sargento, segundo sargento, primeiro sargento, aspirante, segundo tenente, primeiro tenente, capitão, major, tenente-coronel, coronel e, finalmente, comandante. Ao término do turno matutino, ao terminar as aulas, os alunos, em formação de ordem unida, eram obrigados a ouvir a leitura do “Boletim” com a “Ordem do Dia”.
O professor Zezinho faleceu em Aracaju, cercado do carinho e da gratidão de seus ex-alunos e admiradores. O  Colégio foi estadualizado,
 Vários logradouros e escolas públicas cultuam a sua memória.

 
BRICIO DE AZEVEDO CARDOSO

 Brício Maurício de Azevedo Cardoso, mais conhecido como Brício Cardoso, nasceu em Estância, em 9 de julho de 1844, sendo seus pais Joaquim Maurício Cardoso e Joana Baptista de Azevedo Cardoso.
Aprendeu as primeiras letras, e iniciou o curso de humanidades, em sua cidade natal, tendo como preceptores seu pai,  seu tio materno  (cônego José Luis de Azevedo), Florentino Telles de Menezes,  Antônio Ribeiro Lima, Galdino Barbosa de Araújo, e o  padre Quirino. Depois, mudou-se para Salvador, onde estudou no Atheneu Bahiano, onde foi discípulo de frei Antônio  da  Virgem Maria Itaparica, seu professor de filosofia.
Antes de fazer os exames preparatórios, retornou a Estância, onde foi professor substituto da cadeira de geometria e de primeiras letras na vila do Espírito Santo,
Em janeiro de 1860, estando D. Pedro II em excursão às províncias do Norte, ao chegar em Estância examinou  alguns alunos das aulas de latim, francês, geografia e gramática, Brício Cardoso foi um dos examinados, conforme se lê no diário do Imperador.
Em 24 de outubro de 1970, Brício Cardoso foi nomeado professor público do ensino primário  em sua cidade natal. Em 27 de abril de 1874, foi removido para a cadeira de retórica em Aracaju, no Atheneu Sergipense, onde também lecionou história universal, história de Sergipe, filosofia e língua portuguesa. Além de ensinar no Atheneu, lecionou português na Escola Normal (da qual foi diretor, de 1877 a 1879), No Parthenon Sergipense, ensinou filosofia e retórica; no Colégio São Salvador, gramática, matemática e geografia; no Colégio Tobias Barreto, (sob sua direção), português, latim e história universal.
Além de professor, foi um eminente homem de letras. O livro “Tratado de Vernácula”, escrito em 1875, é considerado uma obra prima. Este livro, embora aprovado em 1878 pelo Conselho Superior de Instrução Pública da Bahia,  somente foi editado em 1932, oito anos depois da morte do autor.
Também escreveu romances e peças de teatro. Seu romance mais conhecido é “Herpes Sociais”, publicado em folhetins no jornal “Bahia Ilustrada. As peças teatrais   mais populares são “Madrasta e Enteada”,  “A Ceguinha” e  “O Escravo Educado”
Como jornalista escreveu para vários jornais de Sergipe e da Bahia: “Bahia Ilustrada”, “Phenex”, “Jornal dos Caixeiros”,  “Gazeta de Aracaju”, “O Republicano” , “Jornal de Aracaju”, “A Notícia”, “O Estado de Sergipe”   “Correio de Alagoinhas”, “Sul de Sergipe”, ”Jornal do Comércio”, “O Guarany”, “O Tempo”, “Diário da Manhã”, “A Cruzada”,etc. Em seus trabalhos, vezes assinava seu nome, vezes  utilizava pseudônimos. Abordava assuntos variados  no campo da educação mas dava preferência aos estudos ligados à  língua vernácula, ao ensino primário e à formação de professores. Fundou, com seu irmão Severiano Cardoso, os periódicos “Bahia Ilustrada” (1867-1870). “Phenix” (1870), “Jornal dos Caixeiros” (1870) e “Gazeta do Aracaju (1879-1889). Sob sua exclusiva redação, foram lançados  “O Republicano” (1879-1889)(1890-1893), “Jornal do Aracaju” (2º, em 1894), “A Notícia” (1896-1898) e o “Estado de Sergipe” (1898=1901).
Foi deputado provincial (1878-1879), deputado constituinte e deputado estadual (em várias legislaturas). Pertenceu ao Conselho Municipal de Aracaju e foi Secretário de Estado nos governos do General Valadão e Martinho Garcez.
Brício Maurício de Azevedo Cardoso faleceu em Aracaju, em 21 de novembro de 1924, aos 80 anos de idade.

Um de seus filhos, Maurício Craccho Cardoso, foi  presidente de Sergipe de 1927 a 1829, e de 1930 a 1933.
Hunald Cardoso,falando sobre Brício Cardoso, afirmou>  “ A chave dos seus triunfos, como escritor e professor, provinha do seu conhecimento da várias línguas – francês, italiano, latim e grego, de cujas literaturas era juiz competente. Não lhe saia o livro das mãos, senão quando a presença de alguém a quem tivesse de atender, a isso o obrigasse. E, esgotada a provisão de obras ainda não deletreadas, volvia aos dicionários, que conservava sempre à mão, para os reler. Nos seus últimos anos de existência, afora os romances, os livros que mais o prendiam eram os seus clássicos latinos e a Imitação de Cristo. Limpo e castiço, era-lhe o estilo, modelado nas formas consagradas pelos clássicos. Era também Camões um dos seus inseparáveis companheiros”.
Seus filhos ilustres são Maurício Gracho Cardoso e Hunald Santaflor Cardoso.
 

MAURÍCIO CRACHO CARDOSO

 Maurício Graccho Cardoso, mais conhecido como Graccho Cardoso, político sergipano, nasceu em Estância, em 9 de agosto de 1874, sendo seus pais Brício Maurício de Azevedo Cardoso e Mirena Cardoso. Seu pai foi membro da Academia Sergipana de Letras, patrono da cadeira 36 da referida Academia e deputado estadual. Sua mãe pertencia a uma família tradicional.
Iniciou os primeiros estudos em Estância, com o próprio pai. Depois, mudou-se para Aracaju. Estudou na Escola Militar e participou  das revoltas do início do regime republicano. Ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde iniciou sua formação jurídica, mas concluiu o curso em Fortaleza, onde fixou residência, constituiu família e ingressou na vida pública.
 Foi, Inicialmente, Secretário da Fazenda. Depois, foi, sucessivamente, deputado estadual, vice-presidente,  presidente, deputado federal e senador, pelo Estado do Ceará. 
Regressando a Sergipe foi eleito deputado federal (1921-1923) e senador, na vaga de Oliveira Valadão, mas não cumpriu o mandato por ter sido eleito presidente do Estado de Sergipe (1927-1929 e 1930-1933). A última legislatura foi interrompida pela revolução de 1930. Como deputado federal, foi eleito para seis legislaturas (duas pelo Ceará e quatro por Sergipe).
Como presidente de Sergipe fez uma administração profícua: criou vários grupos escolares, construiu os prédios da Prefeitura Municipal de Aracaju, Atheneu Sergipense, Mercado Modelo e Associação Comercial de  Sergipe e a sede do Colégio Nossa Senhora de Lourdes. Criou o Instituto de Química, o Instituto Parreiras Horta, uma Faculdade de Direito e uma Faculdade de Farmácia, e inaugurou a Usina de Energia Elétrica do Estado.
Em 1945, foi novamente eleito deputado federal para o período de 1946 a 1950 quando assumiu a vice-presidência da Câmara dos  Deputados.
Graccho Cardoso morreu no dia 3 de maio de 1950, no plenário da Câmara, quando se dirigia para a mesa a fim de presidir uma sessão.
Em  1950, o distrito de Tamandoá,  de Aquidabã, em Sergipe, foi elevado a município, com o nome de Graccho Cardoso.
 

HUNALD SANTAFLOR CARDOSO
 Hunald Santaflor Cardoso, nasceu em Estância, em 2 de setembro de 1894, sendo seus pais Brício Maurício de Azevedo Cardoso e Mirena Cardoso,
Passou a infância em sua cidade natal, onde aprendeu as primeiras letras com seu pai e tios. Concluídos os preparatórios, matriculou-se na Faculdade Livre de Direito, pela qual foi diplomado em 1918.
Exerceu a profissão de advogado no Distrito Federal, no Rio Grande do Sul, no Ceará e em Sergipe. Ao concluir o curso de direito, assumiu o posto de Promotor Público da Comarca de Cachoeira, no Rio Grande do Sul. No ano seguinte, foi nomeado Promotor Público da Comarca de Aracaju.
Exerceu intensa atividade política, tendo ocupado os cargos  Diretor Geral dos Correios do Distrito Federal (1914), Intendente de Aracaju, Consultor Jurídico Interino do Estado de Sergipe (1919), Inspetor Fiscal do Conselho Superior de Instrução do Liceu Alagoano (1920), Inspetor Fiscal do Conselho Superior de Instrução do Atheneu Pedro II (1921), Secretário Geral do Governo do Estado (1922), Diretor Fiscal do Governo do Estado de Sergipe junto ao Banco Estadual de Sergipe (1923), Chefe de Polícia Interino do Estado de Sergipe (1924), Deputado Estadual, Procurador Geral do Estado (1934), Interventor Federal no Estado (1945).
Hunald Santaflor Cardoso iniciou a carreira de magistrado em 1935, quando foi nomeado Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. Nessa condição ocupou por três vezes o cargo de Corregedor Geral da Justiça (1950, 154 e 1958) e, uma vez, a Vice-Presidência (1956). Foi membro do Tribunal Regional Eleitoral, sendo seu Vice-Presidente em 1945 e Presidente por seis vezes (1946, 1950, 1952, 1956, 1961 e 1963).
Assumiu a Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe por 10 vezes. A primeira delas em 1946 e, posteriormente, em 1947, 1948, 1949, 1950, 1951, 1953, 1955, 1957 e 1964.
Foi fundador e presidente da Academia Sergipana de Letras, membro efetivo e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, fundador e professor de Direito Civil, Direito Penal e Direito Administrativo da Faculdade de Direito de Sergipe, professor de Direito Comercial da Escola de Comércio Conselheiro Orlando.
Foi membro da Comissão Organizadora das comemorações da Independência de Sergipe (1920) e da Comissão Organizadora da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil (1922). Fez parte da Associação Sergipana de Imprensa e da Associação dos Magistrados de Sergipee  dos Institutos Geográficos e Históricos do Ceará, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.
Foi secretário do jornal  “A Noite”, em Porto Alegre, diretor e secretário do “Sergipe Jornal”, em Aracaju, e proprietário e diretor do jornal “Diário da Manhã”, também em Aracaju.
Dentre os trabalhos que publicou, os mais conhecidos são “A Mulher Gaúcha” (1917), “O Senhor de Engenho” (1917), “Revisão Penal Militar” (1933), “O nobile officium do Poder Judicial” (1937), “A Constituição de 1937” (1938), “Tobias Barreto, Sol sem Eclipses” (1939), “Traços Biográficos do Filósofo de Escada” (1939), “Das Relações entre Juízes e Advogados” (1940), “Getúlio Vargas, Símbolo da Raça Brasileira” (1941), “Provimentos e Diretrizes” (1944), “Oração em Homenagem ao Professor Brício Cardoso” (1944), “Martinho Garcez, o Demóstenes Sergipano” (1945), “Testemunhos do Coração – Discurso Biográfico do Deputado Maurício Gracho Cardoso” (1951), “Dogmática de Direito Penal – Parte Geral – Preleções ministradas como Professor na Faculdade de Direito de Sergipe” (1953).

O Desembargador Hunald Santaflor Cardoso encerrou a carreira na magistratura ao se aposentar, em setembro de 1964, quando acumulava as presidências do Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe.
Faleceu em 24 de junho de 1973.

 
JOAQUIM MAURÍCIO CARDOSO

 Joaquim Maurício Cardoso, advogado, professor universitário e político, nasceu em Soledade, em 1888, sendo seus pais Melchisedek Mathuzalem Cardoso e Eugênia Almeida Gralha. É neto, pela parte paterna, de Joaquim Maurício Cardoso (seu avô e homônimo) e de Joana Baptista de  Azevedo Cardoso.
Foi deputado estadual pelo Rio Grande do Sul e participou da Revolução de 1930. Foi ministro da Justiça e de Negócios Interiores do governo provisório (1931). Aboliu a censura à imprensa e elaborou o código eleitoral (1933) e o que instituiu o chamado “Estado Novo” (1937). O código eleitoral de 1933 permitiu o voto feminino e instituiu o voto secreto.  
Na vigência do “Estado Novo” foi secretário do Interior do Rio Grande do Sul (governo do interventor Manuel de Cerqueira Daltro Filho), Com a morte do titular, em 19 de janeiro de 1938, ocupou o cargo de governador, até a posse de Osvaldo Cordeiro de Farias (4 de março de 1938). Logo em seguida foi secretário estadual de Agricultura.
Faleceu em um acidente de avião, em maio de 1938.
Há no Rio Grande do Sul um município chamado  Dr. Maurício Cardoso.
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SINFRÕNIO MAURÍCIO DE AZEVEDO CARDOSO

 
Sinfrônio Maurício de Azevedo Cardoso, mais conhecido como Sinfrônio Cardoso, nasceu em 19 de outubro de 1850, em Estância, sendo seus pais Joaquim Maurício Cardoso e Joanna Baptista de Azevedo. Todos os seus irmãos são intelectuais: Brício Cardoso, Severiano Maurício Cardoso, Melchisedek Mathusalem Cardoso, Manuel Maurício Cardoso, Ignez de Azevedo Cardoso, Amélia Cardoso e Valeriana Cardoso. Sinfrônio é tio de Maurício Gracho Cardoso e  de Joaquim Maurício Cardoso (político, advogado, professor universitário e governador do Rio Grande do Sul).
Fez o curso de humanidades e os dois primeiros anos de Teologia no Séminaire d´Angers, na França (seu irmão, Brício Cardoso patrocinou estes estudos).
Por motivo de saúde, teve de abandonar sua formação na França e regressar ao Brasil, onde se dedicou ao magistério. Mudou-se para Barbacena,  onde ministrou aulas particulares. Em 1880 tornou-se professor e diretor de uma escola particular em Piedade, município Leopoldina. Pouco depois, assumiu as cadeiras de inglês e francês do Colégio Piedade, na mesma localidade. Em 1886, mudou-se para São João Nepomuceno, onde exerceu o magistério secundário. Em 1901, foi designado regente das aulas suplementares de francês, no Internato do Ginásio Nacional (ex-Colégio D. Pedro II), no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1889. Em 1908, voltou para São João Nepomuceno, como professor do Grupo Escolar Coronel José Braz, assim permanecendo até 1915.
Em São João Nepomuceno  Sinfrônio gozou grande prestígio como cidadão, intelectual, e educador.  Além de possuir formação exemplar, era poeta sóbrio, prosador inspirado, e  orador excepcional. Todos reverenciavam sua cultura sólida e  variada, seu discurso  conceituoso, e sua prosa de elevado valor literário.
Em 1918, foi nomeado diretor do Grupo Escolar de Caratinga. Em 1919,  foi transferido para Campo Belo, onde  foi diretor do Grupo Escolar Cônego Ulisses. Em 1921, mudou-se para a cidade de Guarará, como diretor da Escola Ferreira Marques.
Homem de fé, colaborou com o periódico “Lar Católico”, de Juiz de Fora, dirigido por Lindolfo Gomes. Este periódico  tinha como colaboradores, além de Sinfrônio Cardoso, o conde Afonso Celso, Cândido Figueiredo, Bernardo Aroeira, Brício Cardoso, etc. Colaborou também com a “Revista do Ensino Mineiro”.
Sinfrônio Cardoso, Constantino José Gomes de Souza, Pedro Calazans, Bittencourt Sampaio, José Maria Gomes, Elzeario Pinto, Eustaquio Pinto, Joaquim Esteves, Joaquim de Calazans, Severiano Cardoso, Geminiano Paes, Eutichio Soledade e Leopoldo Amaral fazem pare do primeiro dos quatro grupos de poetas sergipanos elencados por Sílvio Romero.
Obras Publicadas:
Noites do Seminário. (Livro de estréia, 187ndianas (1879).
A Moça. (Poemeto)
Louros Esparsos ((1890)
A Descoberta do Brasil ( 5 volumes de poesias de 200 páginas cada um. 1 volume em francês).
Carlos e Alice (1904)
Traços biográficos do pianista brasileiro Frederico Malho. Rio de Janeiro (1906)
Elegias (1910)
Sonhos e Goivos

 


AMÉLIA DE AZEVEDO CARDOSO
 Amélia de Azevdo Cardoso nasceu em Estância, em 28 de abril de 1855, sendo seus pais Joaquim Maurício Cardoso e Joana Baptista de Azevedo. Casou-se com Archiminio Nogueira Delvale. Morreu em Aracaju, em data que desconhecemos.
O descendente ilustre de Amélia de Azevedo Cardoso é seu neto, José Barreto (filho, de Otília Cardoso Barreto).
 

JOSÉ BARRETO FILHO

José Barreto Filho, poeta, romancista e crítico literário, nasceu em Aracaju, em 27 de janeiro de 1908, sendo seus pais José Barreto dos Santos e Otília Cardoso Barreto. É neto de Amélia de Azevedo Cardoso.
Ainda criança, colaborou com jornais de Sergipe, após o que mudou-se para o Rio de Janeiro, onde publicou, aos 14 anos de idade, um livro de poemas, intitulado “Catedral de Oiro”.

 Em 1929, publicou “Sob o Olhar Malicioso dos Trópicos”, ao qual se seguiu “Introdução a Machado de Assis” (1947).
Integrou o “Grupo Festa”, de tendência espiritualista, contrapondo-se ao movimento modernista de 1922.
Ao lado de  Andrade Murici, Tasso da Silveira, Murilo Araújo e Cecília Meireles, participou da edição da revista “Festa”;
 Advogado brilhante, atuou no Rio de Janeiro, e em Sergipe. No Rio de Janeiro foi professor de Psicologia Educacional, na Pontifícia Universidade Católica..
Em 1929, participou da fundação da Academia Sergipana de Letras, dela figurando como sócio correspondente.
Como político, fez parte da União Republicana, Foi eleito deputado à Assembléia Estadual Constituinte (1934) e, em seguida, deputado federal.
1937, com a decretação do Estado Novo, afastou-se da política e voltou para o Rio de Janeiro, onde dedicou-se às atividades intelectuais, como professor e crítico literário.
Faleceu em 17 de dezembro de 1983.  centenário de seu nascimento foi comemorado no Rio de Janeiro. Das comemorações participaram o padre jesuíta Mário França Miranda (um dos maiores teólogos do Brasil), o professor Tarcisio Padilha, diversos intelectuais, ex-alunos, viúva e filhos.  Infelizmente Cecília, a mais identificada com o pai, (casada com o crítico Luiz Paulo Horta -- filho do cientista Parreira Horta), havia falecido, e não participou do evento.
 

 BIBLIOGRAFIA
1- Azevedo, Crislane B. de - Gracho Cardoso, Abdias Bezerra, José de Alencar Cardoso e o Movimento Renovador da Educação Escolar Sergipana na Década de 1920. Disponivel em file:///C:/Users/Geraldo/Downloads/Graccho%20Abdias%20e%20Alencar%20e%20a%20educa%C3%A7%C3%A3o%20sergipana%20na%20decada%20de%201920.pdf. Acesso em 09 de junho de 2015.
2-arreto, Luiz Antônio – Gracho Cardoso, Vida e Política. Aracaju, 2002
3- Barreto, Luiz Antônio - José Barreto Filho, 100 anos de nascimento. Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=69817&titulo=LuisAntonio_Barreto. Acesso em 16 de junho de 2015
4- Dória, Francisco Antônio – Cardosos de Sergipe. Disponivel em http://archiver.rootsweb.ancestry.com/th/read/BRAZIL/2000-11/0974719617. Acesso em 08 de 2015;
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9- , Wanesa – Joaquim Maurício Cardoso:Um Intelectual Baiano com Raizes Sergipanas. Disponível em http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/902.pdf. Acesso em 15 de junho de 2015.
10  ---------------- Origem do Sobrenome. Família Cardoso,  Disponível em http://www.usinadesolucoes.com.br/cardoso.html. Acesso em 01 de junho de 2015.
-11---------------- História da Família Cardoso. Disponível em  http://cardosoquitito.blogspot.com.br/2012/04/historia-da-familia-cardoso_01na.html. Acesso de 01 de junho de 2015
-12--------------- Família Cardoso. Disponível em https://www.facebook.com/pages/Fam%C3%ADlia-Cardoso/554006104612649.Acesso em 08 de junho de 2015.