sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

23- ALBERTO DEODATO



"GRANDE SERTÃO: VEREDAS"

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Alberto Deodato Maia Barreto, mais conhecido como Alberto Deodato, advogado, jurista, professor universitário, jornalista, escritor e político sergipano, nasceu em 1896.
Fez os primeiros estudos em seu Estado natal. Depois  mudou-se para Belo Horizonte, onde ingressou na Faculdade de Direito, diplomando-se no final de 1919, ou início de 1920.
Formado, iniciou a vida de jornalista, escritor e político, bem como a de advogado.
Considerado autêntico liberal, ingressou na política, sendo eleito vereador em Belo Horizonte. Algum depois depois, eleito deputado federal, fixou sua residência no Rio de Janeiro.
Destacou-se também na vida acadeêmica, como professor da Faculdade de Direito de Minas Gerais.
Quando sobreveio a redemocratização, tornando-se um lider político de projeção nacional..
De sua bibliografia destacamos o “Manual de Ciências das Finanças” e o livro “Nos tempos de João Goulart”.
Cercado de amigos, colegas e correligionários, faleceu em Belo Horizonte, no ano de 1978.

ALBERTO DEODATO E ZÉ BEBELO, PERSONAGEM DO LIVRO
“GRANDE SERTÃO: VEREDAS”, DE GUIMARÃES ROSA.
Alberto Deodato era amigo de “Zé Bebelo”, personagem central do romance “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, obra prima da literatura lusófila.  “Zé Bebelo” era, na vida real, Rotilio de Souza Manduca, filho de José Bertoldo Manduca e Inácia de Loiola Manduca., nascido em 1885, em Remanso, Bahia.  Estudou as primeiras letras em sua terra natal. Depois, tornou-se autodidata. Desde criança conquistou a fama de valentão, fama que o acompanhou pelo resto da vida. Era habilidoso “no uso do punhal, das faca e do trabuco”. Sua aspiração era acabar com os jagunços que infestavam o sertão. Para alcançar seu objetivo contou com a Força Policial de Minas Gerais e com o auxílio do governo. Sua fama de “justiceiro” correu pela região de Januária, Abaeté, Itacambira, Coração de Jesus e Pirapora. A ele eram atribuidas mais de duzentas mortes. Apesar de cangaceiro, vez por outra despia seu gibão de couro. envergava ternos de linho e frequentava a alta sociedade de Belo Horizonte e  Rio de Janeiro.
Sobre a vida social de Rotílio, Alberto Deodato deixou relatos surpreendentes. Conta que em 1919, quando era redator de um jornal do Rio de Janeiro, foi procurado por um senhor que se apresentou, dizendo: “Eu sou o coronel Rocha, amigo de Rotílio. Ele soube de sua formatura e me pediu para lhe entregar esse presente”. O presente era um anel de formatura, um belo e rico anel que Deodato usou pelo resto da vida. Três meses depois -- isto é, em fevereiro ou março de 1920 -- Rotílio o procurou pessoalmente, com ele se hospedou e se tornou  amigo. Quando o procurou, tinha escapado de um grande tiroteio e  “trazia um enorme apetrecho de disfarce: barba, batina, bigode, além de outros artifícios”. Naquela ocasião almoçou com Medeiros e Albuquerque, tornou-se  amigo do Ministro Ataulpho de Paiva e conheceu Manoel Bandeira, Ciro Ribeiro e outras personalidades.  Rotilo lia os clássicos. fazia versos, adorava as rodas políticas e culturais, e devotava grande apreço às pessoas cultas e aos intelectuais. Apesar disso, nunca rompeu o cordão umbilical que o prendia ao sertão.
Rotilio morreu  em 1930, nas proximidades da cidade da Barra, quando dormia em uma cabine do navio “Wenceslau Bras”, da Cia. Navegação Mineira do Rio São Francisco, navio comandado pelo seu irmão Pedro Manduca. Diz Antônio Tavares Coelho (escritor, jornalista e editor da revista “Estudos Avançados”), que “Rotílio foi esfaqueado quando dormia numa rede, balançada pelas águas do Velho Chico,  rio que o embalou em sua infância, que abriu os caminhos para sua ascensão como lider de jagunços e de justiceiros, rio que o aproximou dos poderosos e da intelectualidade, o mesmo rio, enfim, que embalara a rede que seria a sua mortalha”.
Morreu para renascer na pessoa de “Zé Bebelo”, imortalizado por  Guimarães Rosa. Seu epitáfio, diz Saul Martins, pode ser o da literatura de cordel, que  diz o seguinte:
"Rotílio, cabra valente
Mais danado e inteligente
Que o São Francisco já viu;
Mais ligeiro que a piranha,
Foi o cabra de mais manha
Que mulher de homem pariu."













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