"GRANDE SERTÃO: VEREDAS"
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Alberto Deodato Maia Barreto, mais conhecido como Alberto Deodato, advogado, jurista, professor universitário, jornalista, escritor e político sergipano, nasceu em 1896.
Fez os primeiros estudos em seu
Estado natal. Depois mudou-se para Belo
Horizonte, onde ingressou na Faculdade de Direito, diplomando-se no final de
1919, ou início de 1920.
Formado, iniciou a vida de
jornalista, escritor e político, bem como a de advogado.
Considerado autêntico liberal, ingressou
na política, sendo eleito vereador em Belo Horizonte. Algum depois depois, eleito
deputado federal, fixou sua residência no Rio de Janeiro.
Destacou-se também na vida
acadeêmica, como professor da Faculdade de Direito de Minas Gerais.
Quando sobreveio a
redemocratização, tornando-se um lider político de projeção nacional..
De sua bibliografia destacamos o “Manual
de Ciências das Finanças” e o livro “Nos tempos de João Goulart”.
Cercado de amigos, colegas e
correligionários, faleceu em Belo Horizonte, no ano de 1978.
ALBERTO DEODATO E ZÉ BEBELO,
PERSONAGEM DO LIVRO
“GRANDE SERTÃO: VEREDAS”, DE GUIMARÃES ROSA.
Alberto Deodato era amigo de “Zé
Bebelo”, personagem central do romance “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães
Rosa, obra prima da literatura lusófila. “Zé Bebelo” era, na vida real, Rotilio de
Souza Manduca, filho de José Bertoldo Manduca e Inácia de Loiola Manduca., nascido
em 1885, em Remanso, Bahia. Estudou as
primeiras letras em sua terra natal. Depois, tornou-se autodidata. Desde
criança conquistou a fama de valentão, fama que o acompanhou pelo resto da
vida. Era habilidoso “no uso do punhal, das faca e do trabuco”. Sua aspiração
era acabar com os jagunços que infestavam o sertão. Para alcançar seu objetivo
contou com a Força Policial de Minas Gerais e com o auxílio do governo. Sua
fama de “justiceiro” correu pela região de Januária, Abaeté, Itacambira,
Coração de Jesus e Pirapora. A ele eram atribuidas mais de duzentas mortes. Apesar
de cangaceiro, vez por outra despia seu gibão de couro. envergava ternos de
linho e frequentava a alta sociedade de Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Sobre a vida social de Rotílio,
Alberto Deodato deixou relatos surpreendentes. Conta que em 1919, quando era
redator de um jornal do Rio de Janeiro, foi procurado por um senhor que se
apresentou, dizendo: “Eu sou o coronel Rocha, amigo de Rotílio. Ele soube de
sua formatura e me pediu para lhe entregar esse presente”. O presente era um
anel de formatura, um belo e rico anel que Deodato usou pelo resto da vida.
Três meses depois -- isto é, em fevereiro ou março de 1920 -- Rotílio o
procurou pessoalmente, com ele se hospedou e se tornou amigo. Quando o procurou, tinha escapado de um
grande tiroteio e “trazia um enorme
apetrecho de disfarce: barba, batina, bigode, além de outros artifícios”. Naquela
ocasião almoçou com Medeiros e Albuquerque, tornou-se amigo do Ministro Ataulpho de Paiva e conheceu
Manoel Bandeira, Ciro Ribeiro e outras personalidades. Rotilo lia os clássicos. fazia versos, adorava
as rodas políticas e culturais, e devotava grande apreço às pessoas cultas e aos
intelectuais. Apesar disso, nunca rompeu o cordão umbilical que o prendia ao
sertão.
Rotilio morreu em 1930, nas proximidades da cidade da Barra,
quando dormia em uma cabine do navio “Wenceslau Bras”, da Cia. Navegação
Mineira do Rio São Francisco, navio comandado pelo seu irmão Pedro Manduca. Diz
Antônio Tavares Coelho (escritor, jornalista e editor da revista “Estudos
Avançados”), que “Rotílio foi esfaqueado quando dormia numa rede, balançada
pelas águas do Velho Chico, rio que o
embalou em sua infância, que abriu os caminhos para sua ascensão como lider de
jagunços e de justiceiros, rio que o aproximou dos poderosos e da
intelectualidade, o mesmo rio, enfim, que embalara a rede que seria a sua
mortalha”.
Morreu para renascer na pessoa de
“Zé Bebelo”, imortalizado por Guimarães
Rosa. Seu epitáfio, diz Saul Martins, pode ser o da literatura de cordel, que diz o seguinte:
"Rotílio, cabra valente
Mais danado e inteligente
Que o São Francisco já viu;
Mais ligeiro que a piranha,
Foi o cabra de mais manha
Que mulher de homem pariu."
Mais danado e inteligente
Que o São Francisco já viu;
Mais ligeiro que a piranha,
Foi o cabra de mais manha
Que mulher de homem pariu."
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