terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

45- JOAQUIM MAURICIO CARDOSO


CONVENTO DO CARMO, SÃO CRISTÓVÃO, SERGIPE
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Joaquim Maurício Cardoso nasceu na Bahia, em 1808, mas viveu em Estância, berço cultural de Sergipe.
É o patriarca de uma das famílias mais importantes do Estado. Casou-se com uma estanciana, Joana Batista de Azevedo, com quem teve diversos filhos, que se tornaram personagens de destaque na vida sócio-cultural da província: Severiano Cardoso, Brício Cardoso, Sinfrônio Cardoso, Melchisedek Mathusalen Cardoso e Manuel Maurício Cardoso, além de Inês de Azevedo Cardoso, Amélia Cardoso e Valéria Cardoso. Bricio Cardoso foi um dos maiores intelectuais de Sergipe e seu filho, Maurício Gracho Cardoso, presidente do Estado.
Joaquim Maurício foi um dos fundadores do primeiro jornal de Sergipe, o “Recopilador Sergipense”, cuja primeiro número circulou em setembro de 1832. Saia às terças e sábados, impresso na primeira tipografia sergipana, a “Tipografia Silveira”, de propriedade do Monsenhor  Antônio Fernandes da Silveira.
Autodidata, Joaquim Maurício tornou-se rábula. Em sua época não existia Faculdade  de Direito no Brasil.
Foi, principalmente, professor. Ensinou Retórica, Latim e Primeiras Letras, no ensino público, e foi professor de Matemática e Geografia no Externado Provincial de Estância. Era um mestre muito conceituado. Vários de seus alunos se tornaram figuras importantes na região de Estância e Santa Luzia do Itanhy. Sirvam de exemplos  João Sabino Vieira (médico), Constantino José Gomes de Souza (também médico) e Jesuino Pacheco d´Ávila (médico e deputado).
Além de professor e advogado, Joaquim Maurício foi deputado provincial por Estância.
Em 1832, o presidente de Sergipe, José Geminiano de Navarro, reuniu as cadeiras de Retórica, Latim, Francês e Geometria existentes em São Cristóvão, que funcionavam isoladamente, e criou o “Liceu Sergipense” instalado no Convento do Carmo, naquela cidade, então Capital da província. O frei José dos Prazeres Bulhões foi nomeado diretor, e Joaquim Maurício Cardoso vice-diretor. Três anos depois, o Liceu deixou de funcionar e Joaquim Maurício retornou para Estância onde continuou como professor de grande renome e prestígio.
Joaquim Maurício Cardoso faleceu em 1869, sem imaginar que a sua descendência seria uma das mais ilustres de Sergipe.
 FONTE BIBLIOGRÁFICA:
Vieira, Wanesa – Joaquim Maurício Cardo: um intelectual baiano com reizes sergipanas. Disponível emhttp://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe5/pdf/902.pdf. Acesso em 24 de fevereiro de 2015
 
 



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

44- SINFRÔNIO CARDOSO


SINFRÔNIO CARDOSO
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Sinfrônio Maurício de Azevedo Cardoso, mais conhecido como Sinfrônio Cardoso, nasceu em 19 de outubro de 1850, em Estância, sendo seus pais Joaquim Maurício Cardoso (professor de primeiras letras, de francês, de matemática e de geografia) e Joanna Baptista de Azevedo. Todos os seus irmãos eram intelectuais: Brício Cardoso, Severiano Maurício Cardoso, Melchisedek Mathusalem Cardoso, Manuel Maurício Cardoso, Ignez de Azevedo Cardoso, Amélia Cardoso e Valeriana Cardoso. Sinfrônio era tio de Maurício Gracho Cardoso, (filho de seu irmão Brício) e  de Joaquim Maurício Cardoso (político, advogado, professor universitário e governador do Rio Grande do Sul). Uma família de privilegiados ...
Fez o curso de humanidades e os dois primeiros anos de Teologia no Grand Séminaire d´Angers, na França (seu irmão, Brício Cardoso patrocinou estes estudos).
Por motivo de saúde, teve de abandonar sua formação na França e regressar ao Brasil, onde se dedicou ao magistério. Mudou´se para Barbacena,  onde ministrou aulas particulares. Em 1880. Se tornou professor e diretor de uma escola particular em Piedade, município Leopoldina Pouco depois, assumiu as cadeiras de inglês e francês do Colégio Piedade, na mesma localidade. Em 1886, mudou-se para São João Nepomuceno, exerceu o magistério secundário. Em 1801, foi designado regente das aulas suplementares de francês, no Internato do Ginário Nacional (ex-Colégio D. Pedro II), no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1889. Em 1908, voltou para São João Nepomuceno, como professor do Grupo Escolar Coronel José Braz, assim permanecendo até 1915.
Em São João Nepomuceno  Sinfrônio gozou grande prestígio como cidadão, intelectual, e educador.  Além de possuir formação exemplar, era poeta sóbrio, prosador inspirado, e  orador excepcional. Todos reverenciavam sua cultura sólida e  variada, seu discurso  conceituoso, e sua prosa de elevado valor literário.
Em 1918, foi nomeado diretor do Grupo Escolar de Caratinga. Em 1919,  foi transferido para Campo Belo, onde  foi diretor do Grupo Escolar Cônego Ulises. Em 1921, mudou-se para a cidade de Guarará, como diretor da Escola Ferreira Marques.
Homem de fé, colaborou com o periódico “Lar Católico”, de Juiz de Fora, dirigido por Lindolfo Gomes. Este periódico  tinha como colaboradores, além de Sinfrônio Cardoso, outros intelectuais de escol, como o conde Afonso Celso, Cândido Figueiredo, Bernardo Aroeira, Brício Cardoso, e outros. Colaborou também com a “Revista do Ensino Mineiro”.
Sinfrônio Cardoso, Constantino José Gomes de Souza, Pedro Calasans, Bittencourt Sampaio, José Maria Gomes, Elzeario Pinto, Eustaquio Pinto, Joaquim Esteves, Joaquim de Calasans, Severiano Cardoso, Geminiano Paes, Eutichio Soledade e Leopoldo Amaral faziam pare do primeiro dos quatro grupos de poetas sergipanos elencados por Sílvio Romero.
Bibliografia:
  • Noites do Seminário. (Livro de estréia, 187ndianas (1879).[]
  • A Moça. Poemeto
  • Louros Esparsos ((1890)
  • A Descoberta do Brasil ( 5 volumes de poesias de 200 páginas cada um. 1 volume em francês).
  • Carlos e Alice (1904)
  • Traços biográficos do pianista brasileiro Frederico Malho. Rio de Janeiro (1906)
  • Elegias (1910)
  • Sonhos e Goivos
 
 




 
 
 


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

43- PEDRO DE CALASANS


PEDRO DE CALASANS
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Pedro Luziene de Bittencourt Calasans, poeta, crítico literário, jornalista, advogado, promotor de justiça e juiz de direito, nasceu no Engenho Castelo, de propriedade paterna, no município de Santa Luzia do Itanhy, em 29 de janeiro de 1837, sendo seus pais João José de Bittencourt Calasans (tenente coronel, advogado, político, vice-presidente da província e precursor da agronomia em Sergipe) e Luisa Carolina Amélia de Calasans.
Fez os primeiros estudos no Liceu de São Cristóvão, completando-os em Recife (Pernambuco).
Em 1853, com 16 anos de idade, publicou seu primeiro livro de poesias (“Adeus !”), iniciou sua contribuição para alguns jornais da região, e ganhou notoriedade  nas rodas intelectuais da capital pernambucana.
Em 1855, publicou seu segundo livro (“Páginas Soltas”)  e ingressou na Faculdade de Direito da capital pernambucana, bacharelando-se em 16 de dezembro de 1859.
Regressando a Sergipe, assumiu a promotoria da comarca de Estância, casou-se,  e logo em seguida  separou-se.
Eleito deputado geral para a legislatura de 1861-1864, mudou-se para a capital do Império, onde fez advocacia e militou, com sucesso, no jornalismo,
Em 1858, publicou “Últimas Páginas”.
Em 1864, partiu para a Europa. Percorreu vários países e publicou três livros:  um em Bruxelas, (“Ofenísia”) e dois em Leipzig,  (“Uma Cena de Nossos Dias” -- drama em quatro atos,  e “Wiesbade” – sua obra mais conhecida).
Regressou ao Brasil, em 1867. Abandonou a política e foi nomeado juiz municipal de Caçapava, em São Paulo. Em Caçapava publicou mais quatro livros produzidos durante sua viagem à Europa: “A Campa e a Rosa” (tradução de Victor Hugo), “A Morte de uma Virgem”, “A Rosa e o Sol” e “Qual Delas ?”.
De volta às lides políticas foi eleito deputado provincial pelo Rio Grande do Sul. No ano seguinte, conseguiu remoção para a comarca de Jeremoabo (Ba) e começou a sentir os primeiros sintomas de tuberculose pulmonar. Em busca de tratamento, foi para Ilheus (Ba),  Serra e Diamantina, no interior de Minas Gerais. Em 1874, sempre na esperança alguma melhora, procurou a Ilha da Madeira,  onde não chegou porque faleceu a bordo do navio que o transportava, próximo de Lisboa.
Seu primeiro livro foi publicados no tempo em que estudava em Recife. O segundo (“Últimas Páginas”), durante uma viagem que fez a Niteroi (RJ). Os três seguintes, na Europa. Os últimos, em Caçapava. 

Sua bibliografia compreende:

POESIA:
1853 - Adeus!
1855 - Páginas Soltas
1858 - Últimas Páginas
1864 - Ofenísia
1864 - Wiesbade
1867 - A Morte de Uma Virgem
1867 - A Rosa e o Sol
1867 - Qual Delas?
1870 - Brazilina
1875 - Camerino: episódio da guerra do Paraguai
1881 - As Flores de Laranjeira
1900 - Waterloo
1906 - A Cascata de Paulafonso
                                                   CRÍTICA:
1859 - Traços Ligeiros Sobre o Casamento Civil
1861 - A Demagogia Entre Nós
                                                     TEATRO:
1864 - Uma Cena de Nossos Dias (drama em 4 atos)
 


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

42- JOSÉ MARTINS FONTES (O POLÍTICO)

Cidade Histórica - Laranjeiras
 
LARANJEIRAS, CIDADE HISTÓRICA
Jose_Martins_Fontes
 
 
 
José Martins Fontes, vice-presidente de Sergipe, por carta imperial de 30 de novembro de 1876, assumiu a presidência,interinamente, duas vezes, em 1877 (precidido por João Ferreira de Araújo Pinho e sucedido por Antônio Francisco Correia de Araújo) e em 1878 (precido por Antônio Francisco Correia de Araújo e sucedido por Francisco Ildefonso Ribeiro de Meneses).
Não deve ser confundido com seu homônimo, José Martins Fontes, conhecido como “Dr. Pintassilgo”, médic e poeta, nascido em Santos, em 23 de junho de 1884, ,filho do  dr. Silvério Martins Fontes e Isabel Martins Fontes.
José Martins Fontes, o político, prestou juramento do cargo de vice-presidente, no dia 9 de janeiro de 1877. No dia seguinte assumiu a presidência,  pelo fato do presidente efetivo, Dr. João Ferreira de Araújo Pinho, ter de ausentar-se para tratamento de saúde,  na Bahia.
As condições de Sergipe, naquela época, estão retratadas na Mensagem que enviou à Assembleia Legislativa Provincial. As doenças mais comuns eram as febres intermitentes, o paludismo, febres perniciosas, pneumonia, bronquite, tuberculose pulmonar, hepatite e varicela.Algumas pessoas que adquiriram varíola na Bahia, faleceram em São Cristóvão. Um navio procedente do Rio de Janeiro, trouxe dois tripulantes com febre amarela, que foram tratados, sem maiores consequências para a Saúde Pública local.
A Segurança Pública não oferecia grande preocupação. Com exceção das cadeias de São Cristóvão e de Lagarto (de recente edificação) as situadas em Aracaju, Estância,  Itabaianinha, Propriá, Capela e Vila Nova. eram antigas e apresntavam péssimo estado de conservação. Nelas, disse o presidente José Martins Fones, “não se respeitava os principios humanitários, as recomendações da higiene, nem a possibilidade de regeneração dos criminosos Todas eram pequenas e não acomodavam o grande número de presos. Quem visita a cadeia da Capital entra em uma atmosfera pútrida  que atordoa, e assiste a uma sena repelente e contristadora. Nudez e imundicie, rostos pálidos, corpos cadavéricos, desordem e confusão por toda parte: eis o que vê, eis o que ouve quem tem o dever, ou a curiosidade de visitar a cadeia da Capital.” O governo da província não tinha o recurso necessário.. A preocupação do presidente era a de melhorar as condições das cadeias. Em certa altura de sua Menwt3m, afirma que “os presos precisam trabalhar, porque o homem que trabalha  encontra nas fadigas do corpo o adormecimento das tempestades da consciência. Trabalhar é caminhar para Deus, trablhar é o modo mais sublime de orar. Quem ora eleva-se;. e o homem que.moralmente se eleva, se é criminoso, regnera-se. se é inocente, sublima-se”.
De 22 de maio de 1876 a 22 de fevereiro de 1877, foram presos 129 criminosos,
Sergipe estava dividido  em 11 comarcas. Com exceção de Estância, Laranjeiras e Itabianinha (nesta última, o juiz era o Dr. José Matins Fontes,, que dela se licenciou para ocupar a presidência), todas dispunham de    um juiz de direito efetivo. Os  Ternis eram   23. Destes,  18 tinham juizes municipais formados em direito; nos outros Termos funcionam juizes municipais suplentes. Todas as comarcas tinham promotores públicos, formados em direito.
O efetivo da Força Policial era de 398 homens, dos quais 70 soldados e 1 cirurgião não estavam engajados. Toda estavam fardados, armados e equipados
A economia da província baseavs-se no cultivo da cna e no fabrico do açucar. O algodão vinha em segundo lugar.
A barra do Cotinguiba era a mais frequentada por navios nacionais e estrangeiros. A do Rio Real era a segunda em importância e a do Rio São Francisco vinha em seguida.
Ignoramos a data do falecimento do Dr. José Martins Fontes.
I
 
 
 
 

41- JOAQUIM MARTINS FONTES

ORDEM NACIONAL DO CRUZEIRO DO SUL

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Joaquim Martins Fontes em Itabaianinha em 27 de julho de 1709, sendo seus pais o capitão mor de Estância, João Martins Fontes (1762-18480 e Ana Francisca da Silveira (1780-1808). Era sobrinho materno do Brigadeiro Manoel Fernandes da Silveira, 1º presidente de Sergipe.
Iniciou as primeiras letras em Itabaianinha e bem cedo ingressou na vida pública, tornando-se um político de grande prestígio. Os cargos que ocupou demostram a confiança que mereceu do Governo Imperial e dos poderes constituidos. Foi Capitão-Mor das Ordenanças de Lagarto, Deputado Provincial em diversas legislaturas, Comandante Superior da comarca de Estância, Membro do Conselho do Governo, Presidente da Câmara Municipal, Juiz de Órfãos de Lagarto, Deputado por Sergipe à Assembléia Geral Legislativa e Vice-Presidente da provínica. Como Vice Presidente, ocupou por quatro vezes a presidência interina de Sergipe: de 23 de 28 de agisti de 1839, quando foi precedido por Sebastião Gaspar de Almeida Boto e sucedido por Venceslau de Oliveira Belo; de 8 de agosto a 19 de outubro de 1840, quando foi precedido por Venceslau de Oliveira Belo e sucedido por João Pedro da Silva Ferreira; de 30 de abril a 15 de junho de 1841, quando foi precedido e sucedido por João Pedro da Silva Ferreira e de 1º de julho a 19 de dezembro de 1841, quando foi precedido por João Lins Vieira de Sinimbu e sucedido por Sebastião Gaspar de Almeida Boto.
Pelos serviços prestados à causa da Independência, foi distinguido com o título de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul e Comendador da Ordem de Cristo.
Deixou descendentes dos seus dois casamentos, o primeiro, em 1823, com Ana Joaquina Portela; o segundo, com Ana Maurícia da Silveira. Um dos filhos do primeiro casamento, José Martins Fontes, nascido em 3 de julho de 1829, foi Bacharel de Direito e Vice-Presidente da província. Assumiu a presidência de Sergipe em 9 de fevereiro de 1878.
Joaquim Martins Fontes faleceu no Engenho S. Francisco, em Laranjeiras, no dia 20 de agosto de 1860.



domingo, 8 de fevereiro de 2015

40- BENTO DE MELO PEREIRA

 
BENTO DE MELO PEREIRA
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Bento de Melo Pereira, 7º presidente de Sergipe, nasceu em Neópolis, em 1780, sendo seus pais Felipe de Melo Pereira e Rosa Maria do Espírito Santo..
Militar de formação, era Coronel quando foi nomeado presidente de Sergipe. Antes havia sido capitã-mor das ordenanças de Vila Nova (atual Neópolis), comandante das armas de Sergipe (1827-1829), comandante superior da Guarda Nacional da Comarca de Vila Nova (até 1833) e vice-presidente de Sergipe (1834). Combateu os movimentos de apoio à Revolução Pernambucana de 1817, nas cidades sergipanas situada à margem do Rio São Francisco.
Tomou posse em 9 de março de 1836, assim permanecendo até 12 de junho. Reassumiu em 8 de etembro de 1836, e continuou como presidente  até 19 de janeiro de 1837. Foi  vice-presidente da provínica nos anos de 1834, 1837, 1839 e 1842. Concorreu à vaga de Senador do Império, em 1838 e 1858, sendo preterido.
Era comendador da Imperial |Ordem do Cristo e oficial da  Ordem da Rosa. Por decreto de 25 de março de 1849, foi agraciado com título de Barão de Cotinguida.
Seu governo foi marcado por uma luta intestina que ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 1836. Um  conflito armado, conhecido como “Revolta de Santo Amaro”. Este conflito envolveu os líderes do partido Conservador (legalista) e os líderes do partido Liberal, A razão foi a suposta falsificação das atas da eleição para deputado a Assembléia Legislativa, favorecendo o partido Conservador. O entrevero culminou com o cerco e assalto da cidade de Santo Amaro das Brotas. Sebastião Gaspar de Almeida Boto (lider Conservador, cunhado de Bento de Melo Pereira) e Antônio José da Silva Travassos (lider Liberal) anunciaram suas candidaturas às eleições de 1836. Durante a apuração, verificou-se expressiva maioria de votos em favor dos liberais. Faltava, apenas, a apuração de Lagarto. Diante do resultado, a comissão apuradora interrompeu a contagem e esperou “a demorada e supeita ata” das eleições de Lagarto. Uma vez recebida, a ata foi acusada de ter sido falsificada. Os liberais protestaram em frente ao palácio e exigiram a anulação do pleito. O, protesto foi ignorado por Bento de Melo Pereira.  Os liberais, inconformados, planejaram um movimento sedicioso com o objetivo de  depor o presidente e substituí-lo pelo seu 1º vice, Manoel Fernando de Barros, (que, embora sendo do paritdo liberal, não concordou). Os rebeldes se concentraram em Santo Amaro das Brotas, de onde sairam, no dia 1º de novembro de 1836, para assaltar o Quartel do Destacamanto de Aracaju e o Quartel de Laranjeiras, roubando armas e munições. Pouco depois, no dia 15 de novembro, assaltaram o Quartel da vila de Capela, sem sucesso.
Bento de Melo requisitou a  Guarda Nacional e a Polícia, mas não encontrou apoio,Apelou para o presidente da Bahia, que enviou 50 praças, 100 armas, 20 barris de pólvora, 4.000 cartuchos e uma peça de artilharia com a respectiva guarnição. Fortalecido, reuniu 400 homens e duas peças de artilharia, e atacou a vila de Rosário do Catete, a fim de capturar o lider conservador, Sebastião Boto. Boto  bateu em retirada e seus comandados voltaram para Santo Amaro. Arregimentaram novos adeptos e reuniram mais de 600 homens bem armados. As forças de Bento de Mello, com mais de 1000 homens e algumas peças de artilharia, marcharam sobre Laranjeiras onde parlamentaram com os revoltosos. Da mediação resultou o compromisso dos insurrectos de depor as armas se o presidente reconhecesse a falcidade da ata de Lagarto e promovesse nova apuração. Os rebeldes voltaram a Santo Amaro mas, pouco depois, foram acusados de romper o pacto. Na versão dos governistas, os revoltosos estavam reunido mais de 100 homens com o objetivo de assaltar a vila de Maruim e roubarem o armamento cedido pela Bahia. O governo provincial continuou a armar-se. Em meados de dezembro cercou Santo Amaro e, depois de breve confronto, os insurrectos se renderam. Houve saque do comércio e das casas residencias. Os feridos foram presos e, em alguns casos, mortos.. Os lideres liberais fugiram e buscaram asilo em outras províncias.
Bento de Melo voltou a pedir auxílio ao presidente da Bahia que mandou 100 praças, 2 peças de artilharia e 1 barca de guerra. Recrutou nova força e voltou a atacar Santo Amaro, dizimando os rebeldes. O entrvero persistiu, em parte pela manutenção do resultado das eleições, em parte pelo empenho dos conservadoes em punir seus opositores asilados em Alagoas.
O Governo Imperial foi obrigado a intervir, pois a situação da província era insustentável. Bento de Mello foi afastado da presidência e as eleições foram anuladas. A lei de anistia, de 25 de fevereiro de 1837, suspendeu os processos e condenações contra os revolosos, com exceção, apenas, dos líderes da revolta.
Bento de Melo deixou o governo em 19 de janeiro de 1837 e faleceu em Neópolis, no dia 23 de setembro de 1866.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

39- SILVÉRIO MARTINS FONTES

 
SILVÉRIO MARTINS FONTES 
 
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JOSÉ MARTINS FONTES,
DR. PINTASSILGO
 
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Silvério Fontes nasceu em 1º de dezembro de 1858, em São Cristóvão, sendo seu pai José Martins Fontes Juiz Municipal, Procurador da Tesouraria Provincial e Deputado da Assembléia Legislativa de Sergipe por seis legislaturas consecutivas. Sua mãe, Francisca Xavier Gomes Fontes, teve nove filhos, sendo Silvério o mais idoso.
Silvério aprendeu as primeiras letras em Aracaju, onde realizou os preparatórios. Depois, mudou-se para Salvador, onde ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia e cursou os primeiros anos do curso médico. Em seguida transferiu-se para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde concluiu o curso e defendeu tese inaugural  sobre  Infecção Hospitalar. A escolha do tema demonstra que ele viveu muito à frente do seu tempo. Ninguém, naquela época, imaginava a importância das infecções adquiridas no meio hospitar.
Em dezembro de 1881, recebeu o grau de doutor em Medicina.
Os relatos da época descreviam  Santos como uma cidade pantanosa, situada em uma baixada, conhecida como “baixada santista”, onde proliferavam os mosquitos transmissores da malária, febre amarela e outras arboviroses. A população, e os tripulantes europeus que atracavam no porto,  morriam em conseqüência desta condição. Esta situação calamitosa foi tão explorada pela imprensa internacional que D. Pedro II  procurou atrair  os médicos recém-formados para a região.
Atraído por esse chamamento, Sílvério Fontes atracou, em 1881, no porto de Santos, onde iniciou a profissão.
Dedicando-se de corpo e alma ao exercício da Medicina, ao cabo de pouco tempo, com seus princípios éticos,  espírito caritativo e competência, tornou-se um grande líder. Trabalhou no Hospital de Caridade, onde permaneceu até 1901, revertendo para ele seu salário. Presidiu a Santa Casa de  Santos e  militou no Asilo dos Órfãos. Fundou o Instituto de Radium São Paulo. Foi membro corresponde da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Além de médico e jornalista, foi um intelectual e sociólogo que reunia em sua residência homens cultos e inteligentes, republicanos e abolicionistas.
Homem de grande Inteligência e erudição, gozou de notável prestígio na cidade santista. Fundou o Centro Socialista de Santos. e o jornal  “A Questão Social”. Tornou-se em pouco tempo divulgador do  socialismo em nosso país. Escreveu  “Manifesto Socialista”, de repercussão nacional.
Silvério Fontes faleceu em 27 de junho de 1928, com a idade de 70 anos
Várias outras homenagens foram prestadas a esse médico humanitário, cujos serviços até hoje são lembrados pela população santista e, de modo especial, pelos descendentes das pessoas mais pobres e necessitadas.
Seu filho, José Martins Fontes, médico e poeta, nasceu em 23 de junho de 1884, em Santos. Era conhecido pela alcunha de Dr. Pintassilgo. Formou-se em medicina no Rio de Janeiro, em 1906. Ainda estudante, colaborou nos jornais “Gazeta de Notícias” e “O País”, e nas revista “Careta” e “Kosomos” e em outros periódicos. Foi assistente de Oswaldo Cruz na campanha de saneamento do Rio de Janeiro. Depois, foi chefe da Assistência Escolar da Prefeitura. Trabalhou na Santa Casa de Misericórdia de Santos, onde se especializou em Pneumologia e Tisiologia. M 1914, mudou-se para a França e, com Olavo Bilac, fundou uma agência para propaganda de produtos brasileiros na Europa. A partir de 1924, tornou-se correspondente da Academia de Ciências de Lisboa. É um dos patronos da Academia Paulista de Letras e faleceu em Santos, no dia 25 de junho de 1937. É considerado o maior poeta santista. É autor da seguintes obras: Verão, Rosicler, Vulcão, Marabé, Escarlate, Prometeu, A Flauta Encantada, Servilha. Guanabara, Nos Roasais das Estrelas,Fantástica e Canções do Meu Vergel.
Transcrevemos a seguir um de seu versos:
INOCÊNCIA
Martins Fontes

Criança ingênua, o dia inteiro,
com os meus caniços de taquara,
ficava eu, ao sol de então,
junto dos tanques, no terreiro,
soprando a espuma, leve e clara,
fazendo bolhas de sabão.

Corando a roupa, entre cantigas,
as lavadeiras, que passavam,
interrompiam a canção...
Riam-se as pobres raparigas,
vendo as imagens que brilhavam,
nas minhas bolhas de sabão.

Cresci. Sofri. Sonhando vivo.
E, homem e artista, ainda agora,
me apraz aquela distração...
E fico, às vezes, pensativo,
fazendo versos, como outrora
fazia bolhas de sabão.

E velho, um dia, de repente,
sem ter, de fato, sido nada,
pois tudo é apenas ilusão,
há de extinguir-se a alma inocente
que em mim fulgura, evaporada
como uma bolha de sabão.