domingo, 8 de fevereiro de 2015

39- SILVÉRIO MARTINS FONTES

 
SILVÉRIO MARTINS FONTES 
 
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JOSÉ MARTINS FONTES,
DR. PINTASSILGO
 
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Silvério Fontes nasceu em 1º de dezembro de 1858, em São Cristóvão, sendo seu pai José Martins Fontes Juiz Municipal, Procurador da Tesouraria Provincial e Deputado da Assembléia Legislativa de Sergipe por seis legislaturas consecutivas. Sua mãe, Francisca Xavier Gomes Fontes, teve nove filhos, sendo Silvério o mais idoso.
Silvério aprendeu as primeiras letras em Aracaju, onde realizou os preparatórios. Depois, mudou-se para Salvador, onde ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia e cursou os primeiros anos do curso médico. Em seguida transferiu-se para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde concluiu o curso e defendeu tese inaugural  sobre  Infecção Hospitalar. A escolha do tema demonstra que ele viveu muito à frente do seu tempo. Ninguém, naquela época, imaginava a importância das infecções adquiridas no meio hospitar.
Em dezembro de 1881, recebeu o grau de doutor em Medicina.
Os relatos da época descreviam  Santos como uma cidade pantanosa, situada em uma baixada, conhecida como “baixada santista”, onde proliferavam os mosquitos transmissores da malária, febre amarela e outras arboviroses. A população, e os tripulantes europeus que atracavam no porto,  morriam em conseqüência desta condição. Esta situação calamitosa foi tão explorada pela imprensa internacional que D. Pedro II  procurou atrair  os médicos recém-formados para a região.
Atraído por esse chamamento, Sílvério Fontes atracou, em 1881, no porto de Santos, onde iniciou a profissão.
Dedicando-se de corpo e alma ao exercício da Medicina, ao cabo de pouco tempo, com seus princípios éticos,  espírito caritativo e competência, tornou-se um grande líder. Trabalhou no Hospital de Caridade, onde permaneceu até 1901, revertendo para ele seu salário. Presidiu a Santa Casa de  Santos e  militou no Asilo dos Órfãos. Fundou o Instituto de Radium São Paulo. Foi membro corresponde da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Além de médico e jornalista, foi um intelectual e sociólogo que reunia em sua residência homens cultos e inteligentes, republicanos e abolicionistas.
Homem de grande Inteligência e erudição, gozou de notável prestígio na cidade santista. Fundou o Centro Socialista de Santos. e o jornal  “A Questão Social”. Tornou-se em pouco tempo divulgador do  socialismo em nosso país. Escreveu  “Manifesto Socialista”, de repercussão nacional.
Silvério Fontes faleceu em 27 de junho de 1928, com a idade de 70 anos
Várias outras homenagens foram prestadas a esse médico humanitário, cujos serviços até hoje são lembrados pela população santista e, de modo especial, pelos descendentes das pessoas mais pobres e necessitadas.
Seu filho, José Martins Fontes, médico e poeta, nasceu em 23 de junho de 1884, em Santos. Era conhecido pela alcunha de Dr. Pintassilgo. Formou-se em medicina no Rio de Janeiro, em 1906. Ainda estudante, colaborou nos jornais “Gazeta de Notícias” e “O País”, e nas revista “Careta” e “Kosomos” e em outros periódicos. Foi assistente de Oswaldo Cruz na campanha de saneamento do Rio de Janeiro. Depois, foi chefe da Assistência Escolar da Prefeitura. Trabalhou na Santa Casa de Misericórdia de Santos, onde se especializou em Pneumologia e Tisiologia. M 1914, mudou-se para a França e, com Olavo Bilac, fundou uma agência para propaganda de produtos brasileiros na Europa. A partir de 1924, tornou-se correspondente da Academia de Ciências de Lisboa. É um dos patronos da Academia Paulista de Letras e faleceu em Santos, no dia 25 de junho de 1937. É considerado o maior poeta santista. É autor da seguintes obras: Verão, Rosicler, Vulcão, Marabé, Escarlate, Prometeu, A Flauta Encantada, Servilha. Guanabara, Nos Roasais das Estrelas,Fantástica e Canções do Meu Vergel.
Transcrevemos a seguir um de seu versos:
INOCÊNCIA
Martins Fontes

Criança ingênua, o dia inteiro,
com os meus caniços de taquara,
ficava eu, ao sol de então,
junto dos tanques, no terreiro,
soprando a espuma, leve e clara,
fazendo bolhas de sabão.

Corando a roupa, entre cantigas,
as lavadeiras, que passavam,
interrompiam a canção...
Riam-se as pobres raparigas,
vendo as imagens que brilhavam,
nas minhas bolhas de sabão.

Cresci. Sofri. Sonhando vivo.
E, homem e artista, ainda agora,
me apraz aquela distração...
E fico, às vezes, pensativo,
fazendo versos, como outrora
fazia bolhas de sabão.

E velho, um dia, de repente,
sem ter, de fato, sido nada,
pois tudo é apenas ilusão,
há de extinguir-se a alma inocente
que em mim fulgura, evaporada
como uma bolha de sabão.



 
 
 
 

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