terça-feira, 20 de janeiro de 2015

33- FLORENTINO TELES DE MENEZES

 
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Florentino Teles de Menezes nasceu em 1886, em Aracaju, sendo seus pais Álvaro Teles de Menezes (médico) e Francina Teles de Menezes.
Fez os estudos iniciais em Aracaju, onde concluiu os preparatórios, após o que mudou-se para Recife a fim de estudar Engenharia. Depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro , onde foi acometido de beribéri e abandonou os estudos. Recuperando a saúde, resolveu estudar Medicina na capital da República mas desistiu da idéia, Mudou-se para a Bahia, onde matriculou-se na Faculdade de Medicina, e abandonou o curso no terceiro ano médico.
Retornando a Aracaju, foi nomeado, em janeiro de 1912, 2º Escriturário do Tesouro do Estado. Bastante  animado, alimentou muitas idéias meritórias.. Uma delas foi a da criação do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Impulsionado por esta idéia,, iniciou uma série de contatos, Quando julgou que a iniciativa estava amadurecida, reuniu  21 personalidades influentes e promoveu o ato de fundação, em 06 de agosto de 1912. Abriu a sessão, explicou a finalidade da Instituição e sugeriu o nome de João da Silva Melo para seu primeiro presidente, o que foi aceito por todos. Florentino não presidiu o Instituto mas ajudou, como membro da diretoria ou de suas comissões, e de tal modo o fez que o seu nome ficou incorporado à História..
Leitor assíduo dos clássicos, familiarizou-se com as diversas tendências literárias, sobretudo com as obras dos positivistas e evolucionistas como Augusto Comte, Spencer e Durkheim, dos socialistas como Novococ, Eduard Bernstein e Gustave Le Bom e dos individualistas como Nietzsche. Assimilado o pensamento destes autores, dedicou-se a escrever e divulgar seus ensinamentos, Foi assim que publicou, naquele ano de 1912, sua primeiro livro, intitulado “Estudo Corográfico e Social do Brasil”, no qual questionou a divisão territorial do país. Em 1913, editou “Leis de Sociologia Aplicada ao Brasil”, abordando o desenvolvimento e o progresso à luz das leis sociológicas. Em 1916, deu à luz a obra “Desenvolvimento Intelectual dos Povos” e, em 1917, editou seu quarto trabalho, intitulado “Escola Social Positiva”, no qual defendeu 4 princípios:
1-Substituição da atual aristocracia capitalistas por uma  aristocracia intelectual,
2-Passagem da propriedade e do capital para a coletividade por meio de empresas autônomas,
3-Manutenção e educação do indivíduo até a finalização de sua formação universitária,
4-Reconhecimento dos direitos  civis e políticos da mulher.
As  greves ocorridos em São Paulo, provocaram intensa reação em seu espírito, o que o levou a publicar “A More de um Regime”, inspirado na Revolução Bolchevista. Para ele o operariado brasileiro ainda não tinha alcançado o grau de cultura indispensável para a conquista de seus direitos, pelo que o movimento grevista de São Paulo não teve repercussão em Aracaju. Nesta linha de pensamento afirmou que “a maioria dos intelectuais de Sergipe, residente no Estado, ou são infensos ao socialismo ou pelo menos encaram-no com uma indiferença que nos enche de desânimo e tristeza.”
A partir de então, passou de simples teórico para ativista militante, promovendo reuniões com o objetivo de discutir os direitos do povo e com isto conseguir uma transformação social. Surgiram reações tão fortes que se espalhou a notícia de que ele estava promovendo um movimento subversivo. Tentou aproximar-se do Centro Operário, mas apenas seis ou oito sócios lhe deram ouvidos. Face tamanha decepção, tentou transformar o Centro Operário em uma sociedade de propaganda socialista, ou criar um novo Centro Operário, totalmente deferente. Optou pelo segundo caminho e continuou escrevendo artigos expondo sua proposta. Em um desses artigos, intitulado “A Propaganda Socialista em Sergipe” declarou-se franco partidário da Revolução, revolução que se processaria, não  através do punhal, do veneno, ou da dinamite, e sim por meio da palavra, das idéias, do amor, da paz, da esperança e da justiça. Assim procedendo, elogiou o presidente do Estado, Oliveira Valadão, e prestigiou o exército e a armada. Para espanto de alguns,  foi nomeado Alferes do Primeiro Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional de Aracaju.
Nesta altura reuniu seus artigos em um opúsculo denominado “Partido Socialista Sergipano, Apelo ao Centro Operário” e lançou um manifesto convocando  as classes para participarem da criação do “Centro Socialista Sergipano”, O Centro foi fundado em 19 de março de 1918, em solenidade pública realizada na Biblioteca Pública. Discursando na ocasião, declarou que “o ideal socialista é o único capaz de salvar o homem moderno da degradação moral em que caiu; ele é o ideal do amor, da verdade e da justiça. Já é tempo de começar a luta. Na Rússia a República Socialista já é uma realidade”. A solenidade contou com a presença de 57 pessoas que escolheram Manoel Passos de Oliveira Teles presidente, o qual também discursou. O professor José de Alencar Cardoso, diretor do Colégio Tobias Barreto, foi eleito 1º Vice Presidente e o professor Artur Fortes escreveu o hino socialista sergipano, No dia 14 de julho, em comemoração a Queda da Bastilha, Helvécio Andrade pronunciou uma palestra, com o título “Socialismo e República”, e no dia 15 de setembro foram discutidos e aprovados os estatutos da entidade. No mesmo ano de 1918, Florentino fundou o Centro Pedagógico Sergipano que também não foi avante.
Em 19 de maio de 1923, Florentino criou o Centro de Propaganda pelo Voto Secreto e foi um de seus mais ativos participantes.
Em 1925, com a Reforma Rocha Vaz, foi instituída a disciplina de Sociologia Geral, na grade curricular do  ensino médio. Florentino concorreu ao concurso com a tese “Estudo de Sociologia. O Processo de Seleção da Sociedade”. Aprovado, tomou posse em 1926 como professor catedrático do Colégio Ateneu D. Pedro II, do qual foi, no ano seguinte, vice-diretor. Em 1928, fez parte do Conselho de Ensino do referido estabelecimento de ensino.
Em 1928, lançou a idéia de transformar a Serra de Itabaiana em um centro turístico e, no mesmo ano, iniciou a campnha em favor da sede própria do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
Em 1929, participou da fundação da Academia Sergipana de Letras, onde ocupou a cadeira 28, cujo patrono é Antônio Fernandes da Silveira.
Na década de 1930, atingiu o ápice de seu prestígio e  reconhecimento. Correspondia-se com sociólogos do Brasil e de outros países e enviava seus trabalhos (que eram bem recebidos) para intelectuais da Argentina, do México e da Europa.
Dentre as honrarias recebidas, destacamos a de sócio correspondente de vários Institutos Históricos brasileiros,  medalhas de ouro e de prata da Sociedade Acadêmica de História Internacional de Paris,  membro honorário da Academia de Física e Química da Itália e “Ramo de Ouro” da Academia Latina de Ciências, Artes e Belas Letras.
Em 1946, publicou mais um livro, “Sociedade e Sacrifício” e foi homenageado na solenidade comemorativa dos 34º ano de fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Em 1953, o prefeito Marcos Ferreira de Jesus sancionou lei denomiando com o nome de Florentino Menezes, a antiga rua São Vicnte.
Afastado da cátedra, morando com suas irmãs na Rua Pacatuba, em Aracaju, foi se isolando cada vez mais dos  intelectuais e da sociedade de Sergipe.. Quando sua aposentadoria se tornou insuficiente para  sua manutenção, a Assembléia Legislativa aprovou a recuperação de  seus proventos. Apesar disso, não teve o recurso para editar seu último livro, o que só foi possível graças a intermediação de terceiros, em 1952.
A respeito dos últimos anos de Florentino Menezes, disse José Ibarê Costa Dantas (historiador e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, de quem  extraímos esta pequena biografia): “Velhice de homem adoentado, solitário, amargurado e nervoso,  que chegou a evitar até a presença de parentes. Alguns intelectuais vez por outra divulgavam na imprensa notas sobre a receptividade que sua obra encontrava no exterior e isso o confortava. Cada vez mais adoentado, alguns parentes e amigos assistiram-no até 20 de novembro de 1959, quando faleceu o grande pioneiro da Sociologia em Sergipe que agitou e iluminou o meio intelectual do seu Estado com sensibilidade, lucidez e capacidade de visualização.”
 
 
 
 

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