segunda-feira, 16 de março de 2015

59- AUGUSTO MAYNARD GOMES


AUGUSTO MAYNARD GOMES
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Augusto Maynard Gomes  nasceu em 16 de fevereiro de 1886, no Engenho Campo Redondo, em Rosário do Catete, sendo seus pais  Manuel Gomes da Cunha e Teresa Maynard Gomes.
Concluídos os preparatórios no Ateneu Pedro II,  ingressou, em 1902, na Escola Tática de Realengo. Dois anos depois, ao lado de uma centena de alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, envolveu-se na chamada “Revolta da Vacina”. Sufocado o movimento, os revoltosos foram transferidos para a Escola Militar de Porto Alegre e, logo depois, desligados do Exército. Decretada a anistia em setembro de 1905, Augusto Maynard regressou para Aracaju e participou da “Revolta Fausto Cardoso” (1906).
Ainda em 1906, reingressou na Escola Tática de Realengo. Declarado aspirante, em 1910, foi mandado servir na 6ª Companhia de Infantaria, sediada em Aracaju. Em julho de 1914, foi promovido a segundo-tenente e transferido para o 3º Regimento de Infantaria, no Rio de Janeiro. No ano seguinte retornou para Aracaju, no posto de primeiro-tenente. Em Aracaju permaneceu até 1920, quando foi transferido para o 12º Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte (onde serviu até 1922).
O descontentamento reinante nos meios políticos e militares, culminou com a publicação de documentos ofensivos ao Exército, atribuídos a Arthur Bernardes, candidato da situação, ao governo do país. O fato levou o comandante da 19ª Companhia de Metralhadoras, sediada em Aracaju, a se posicionar a favor da chapa oposicionista, composta por Nilo Peçanha e José Joaquim Seabra. A insatisfação se agravou em julho de 1922, com o levante da Escola Militar e do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, marco inicial do movimento tenentista. Diversos sergipanos participaram do movimento rebelde, inclusive Augusto Maynard Gomes que cursava a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Abafada a rebelião, os revoltosos foram presos. Maynard ficou detido na Ilha das Cobras, de onde fugiu. Capturado, voltou para Aracaju, onde chegou no final de 1922, Incorporado ao 28º Batalhão de Caçadores,  nele serviu  até 1924.
Na capital sergipana Maynard integrou o oposicionismo . Ao lado do capitão Eurípedes de Lima e do primeiro-tenente João Soares, participou, em setembro de 1923, do empastelamento do jornal “Diário da Manhã”.
Em dezembro de 1923, o presidente Arthur Bernardes requisitou o 28º BC para intervir nas eleições da Bahia, então governada por seu adversário J.J. Seabra. Por força disto, o 28BC permaneceu quatro meses em Salvador, período em que Maynard Gomes enviou várias cartas a J.J. Seabra pedindo que colocasse a força policial sob seu comando, a fim de enfrentar a intervenção federal. Derrotado nas eleições, Seabra exilou-se na Europa.
Não parou ai o envolvimento de Augusto Maynard com revoluções. Tendo surgido  em 5 de julho de 1924 um movimento revolucionário  em São Paulo, iniciaram-se em Sergipe as articulações com o objetivo de apoiar os insurretos que, sob o comando de Isidoro Dias Lopes, ocuparam a capital paulista. Face a perspectiva do governo federal requisitar a guarnição sergipana para combater os revoltosos, Maynard liderou um movimento que contou com o apoio de João Soarino e Euclides Lima. A intentona sergipana eclodiu na madrugada de 13 de julho. Maynard e seus liderados tomaram o Palácio do Governo, depuseram o presidente Graco Cardoso, ocuparam o quartel da Polícia Militar, a cadeia pública, o telégrafo, a estação da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, a Companhia Telefônica e a estação de energia elétrica. Conquistada a capital, os chefes da revolução organizaram-se em uma Junta Governativa, lançaram uma proclamação ao povo sergipano, abriram o voluntariado e buscaram o apoio dos municípios interioranos. Tropas do Exército, sediadas em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, comandadas pelo general Marçal Nonato de Farias, cercaram Aracaju, romperam as defesas rebeldes, e derrotaram Maynard e seus aliados. Presos, Maynard foi conduzido para São Paulo,  e em seguida para o Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1925, chegou (ainda preso)  a Aracaju, onde aguardou o julgamento no  quartel do 28º BC.
Enquanto aguardava o julgamento, liderou nova insurreição. Na noite de 18 de janeiro de 1926, fugiu do quartel e, com os antigos companheiros Eurípedes de Lima e João Soarino, tomou os pontos estratégicos da cidade. A reação dos legalistas foi imediata. Depois de quatro horas de renhido combate (no qual Maynard saiu ferido e foi novamente preso), a situação foi dominada. Maynard foi operado e transferido para a Ilha da Trindade, no litoral do Espírito Santo. Em novembro de 1926, foi removido para o Rio de Janeiro.
Anistiado mais uma vez, voltou à cena política no bojo da revolução que conduziu Getúlio Vargas ao poder. Promovido a capitão, foi nomeado em 16 de novembro de 1930, Governador Provisório de Sergipe. Em 19 de dezembro, foi confirmado no governo, com o título de  Interventor Federal. Permaneceu como Interventor até 1935, quando pediu exoneração para concorrer às eleições indiretas para governador. Derrotado por Eronildes de Carvalho,  e inconformado com o resultado da eleição, não participou da transmissão do cargo e retirou-se para sua fazenda, em Rosário do Catete.
Em março de 1942, Maynard voltou ao poder, como Interventor, assim permanecendo até outubro de 1945, dois dias antes da deposição de Getúlio Vargas.
Em 1947, voltou à política, quando foi eleito Senador.
Em 1952, foi promovido a general de brigada e em 1954 foi eleito, novamente, Senador.
Augusto Maynard Gomes faleceu no Rio de Janeiro, no dia 12 de agosto de 1957.  Seus restos mortais repousam em Aracaju.
 
 
 
 
 
 

58- ERONILDES DE CARVALHO


ERONILDES  DE CARVALHO
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Eronildes Ferreira de Carvalho, médico, político e militar, ex-governador de Sergipe e ex-interventor, nasceu no povoado Borda da Mata, em Canhoba, município de Propriá, no dia 25 de abril de 1895, sendo seus pais Antônio Ferreira de Carvalho e Balbina Mendonça de Carvalho.
Fez o curso primário no Colégio 11 de janeiro e o curso secundário no Liceu Alagoano, em Maceió, Alagoas. Em 1911, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo por ela diplomado  em 20 de dezembro de 1917, ocasião em que defendeu tese sobre “O ópio na Terapêutica Mental”.
Quando estudante de medicina, foi auxiliar do laboratório da cadeira de Terapêutica Clínica, interno do Hospital São João de Deus, diretor da Beneficência Acadêmica, auxiliar da clínica hospitalar do Prof. Antônio Borja.  Concluído o curso médico, tornou-se membro da Sociedade Médica dos .Hospitais da Bahia.
Em 1918, regressou à terra natal, onde foi nomeado Diretor Geral Interino de Higiene e Saúde Pública do Estado de Sergipe. Eclodida a pandemia de gripe espanhola, dirigiu o Serviço de Profilaxia do Estado. No ano seguinte, foi nomeado Diretor Interino do Posto de Assistência Pública de Sergipe e, em 1920, Inspetor Médico Escolar. No ano seguinte, mediante portaria do Ministério da Agricultura, foi nomeado médico do Serviço da Indústria Pastoril.
Em 1923, após concurso, iniciou a carreira militar como segundo-tenente do Corpo de Saúde do Exército e mandado servir no 10º Regimento de Cavalaria Independente de Bela Vista, Mato Grosso. No mesmo ano foi transferido  para Aracaju, onde serviu no 28º Batalhão de Caçadores. Começou como oficial médico e, logo em seguida, tornou-se influente político.
Promovido a capitão, Eronildes Carvalho, ao contrário de Augusto Maynard Gomes, não participou das revoltas de 1924 e 1926, nem das demais intentonas da década de 1920, Durante a interventoria de Maynard Gomes (1930-1935), manteve-se no 28º BC. No quartel reuniu os descontentes e se impôs como solução para as dificuldades políticas do momento. Tornou-se o principal opositor do tenentismo de Augusto Maynard. Filho de fazendeiro de prestígio, filiou-se à União Republicana de Sergipe, agremiação política formada pelos usinneiros liderados pelo coronel Gonçalo Rollemberg do Prado. Tornou-se um líder importante e, como tal, foi apresentado à Assembléia Legislativa como candidato ao governo de Sergipe. Graças a habilidade de Godofredo Diniz,  que uniu a União Republicna ao Partido Social Democrático (liderado por Leandro Maciel), tornou-se candidato único e foi eleito, em 2 de abril de 1935, por 16 votos a favor e 14 contra.
O Governador Eronildes de Carvalho anulou a maioria dos decretos de Maynard Gomes, construiu o edifício da Biblioteca Pública, a sede do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o Palácio Serigy, o Hospital de Assistência a Psicopatas, ampliou a instalações do Hospital de Cirurgia  e criou a Cidade dos Menores e o Hospital Infantil de Aracaju.
Com o golpe de 1937, Eronildes passou a Interventor Federal. Iniciou-se, a partir de então, um período de instabilidade política e de suspensão dos direitos e garantias do cidadão. No início do “Estado Novo”, Eronildes se identificou com o regime mas, pouco a pouco, foi se afastando do governo central. Seus inimigos o incompatibilizaram com o Presidente Getúlio Vargas. O Presidente procurou apurar as denúncias, mandando ouvir os envolvidos. Em março de 1941, após solicitar audência com o Presidente, dirigiu-se ao Rio de Janeiro. Getúlio Vargas não o recebeu, apesar da interferência do amgo-comum, General Góes Monteiro. Decepcionado, Eronildes Carvalho escreveu uma carta a Getúlio Vargas, colocando seu mandato à disposição.  Com a renúncia, o capitão  Milton Azevedo assumiu a Interventoria até a posse do major Augusto Mqynard Gomes.
De 1937 a 1945, Sergipe teve três interventores. Eronildes de Carvalho (1937-1841), capitão Milton Azevedo (1941-1943) e Augusto Maynard Gomes (1842-1945).
Após a renúncia, Eronildes de Carvalho fixou residência no Rio de Janeiro. Foi nomeado Juiz do Tribunal de Segurança Nacional. Depois, em 1944, foi nomeado Tabelião do 14º Ofício de Notas do Rio de Janeiro.
Faleceu na capital da República, em 18 de março de 1969.
 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1-Barreto, Luiz Antônio – Dicionário de Denominações de Aracaju.
2-Da Silva, Milton Barbosa – Conferência no Conselho Estadual de Cultura de Sergipe.
3-Guaraná, Armindo – Dicionário Bio-biográfico Sergipano. Rio de Janeiro, 1927.
 
 
 
 


sexta-feira, 13 de março de 2015

57- TRÊS ANTÔNIO GARCIA ROSA


PRAIA DE PIRAMBU, JAPARATUBA, SERGIPE
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Há três Antônio Garcia Rosa:
1. Antônio Garcia Rosa, nascido em 15 de julho de 1843, em Japaratuba, sendo seus pais Manuel Prudente de Jesus e Josefina Garcia Rosa.
2. Antônio Garcia Rosa, açoriano, 1º Barão de Areia Larga, aristocrata e político nascido em Horta, Areia Laarga, em 25 de agosto de 1790. Duas pessoas tiveram este título: o primeiro, Antônio Garcia Rosa, o seundo, Manuel Maria Garcia Rosa.
3. Antônio Garcia Rosa, sergipano, nascido no Engenho Riacho Preto, também em Japaratuba, em 8 de dezembro de 1877. Farmacêutico pela Faculdade de Medicina da Bahia (1897), professor e poeta. Foi um dos fundadores da Academia Sergipana de Letras (1929). Faleceu em Aracaju, em 28 de agosto de 1960. Uma de suas poesias é a seguinte:
"Quando o teu rosto de santa
Junto do meu empalidece,
A minha ternura é t nta
Que o beijo termina em prece!
 Um beijo, filho é pecado,
Diz-lhe o padre em confição,
Mas ... se o tivesses roubado,
Teria o meu perdão.
 Eis-me, afinal, resoluto,
Tenho fé que hei de esquecê-la.
Não se cobre o céu de luto
Porque se apaga uma estrela ...”
A respeito deste farmacêutico e poeta. Disse Fontes de Alencar: “Em verdade, Garcia Rosa é sobretudo um lírico perfeito... O lirismo é a poesia de todos os movimentos  mais expontâneos do coração, e por isso também  tem sido de todos  os grandes poetas da humanidade” (2).
*
O médico Antônio Garcia Rosa fez as primeiras letras em Japaratuba e cursou os preparatórios na capital da província. Em 1862, foi para Salvador, onde matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual recebeu o grau de doutor em Medicina no dia 17 de dezembro de 1870, após defender tese sobre “Clorose”. Formado, estabeleceu-se como oftalmologista na cidade de Feira de Santana, onde permaneceu até 1973. Passou, então, para Maroim, onde fixou residência e permaneceu até falecer, em 13 de Janeiero de 1877. Seu corpo foi sepultado na capela do cemitério de Japaratuba. Em sua tumba, lê-se: “Sobreviveu apenas para enceirar-se na vida profissional”.
 
 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Guaraná, Armindo – Dicionário Bio-biográfico de Sergipe. Rio de Janeiro, 1927.
Miranda, Antônio – Poetas- Disponível em webmaster@antoniomiranda.com.br – Acesso em 10 de março de 2015.
 
 
 


56- ACRÍSIO CRUZ


ACRÍSIO CRUZ
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Acrísio Cruz nasceu em Laranjeiras, em 31 de outubro de 1906, sendo seus pais Manoel Antônio da Cruz e Maria Leopoldina da Cruz.
Fez os primeiros estudos na escola da professora Zezinha  Guimarães. Depois mudou-se para Aracaju, onde se matriculou no Colégio  Tobias Barreto, do Prof. José de Alencar Cardoso, conhecido como “Professor Zezinho”.
Autodidata, apaixonado pela Educação, aos 25 anos assumiu a direção do Grupo Escolar General Siqueira Campos. Depois, dirigiu o Grupo Escolar Manuel Luiz.
Em 1940, durante a Segunda Reunião da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste Brasileiro, realizado em Aracaju, apresentou um trabalho sobre personalidade infantil e escola, baseado em sua experiência como diretor do Grupo Escolar Manuel Luiz. Em 1944, publicou na “Revista de Aracaju” outro trabalho pedagógico sobre carência lúdica, apresentado no III Congresso de Neurologia.
Firmou-se assim como administrador escolar e técnico em educação, ao mesmo tempo em que se impôs como professor de Lingua Portuguesa, Psicologia Infantil, e Pedagogia. Firmou-se, também como jornalista político.
Alem de diretor de Grupos Escolares, Acrísio Cruz foi AssistenteTécnico do Departamento de Educação (1942), Técnico em Educação (1943) e Diretor do Departamento de Educação (cargo correspondente ao de Secretário de Estado) (1944-1950).
Em 1951, foi eleito Deputado Estadual.
Em vários setores da vida pública teve presença atuante:. Ocupou vários cargos importantes, participou de Conselhos, presidiu Comissões e representou o Estado de Sergipe junto a Instituições nacionais e internacionais.
Sua participação mais relevante foi no governo de José Rollemberg Leite (1947-1951), quando, no cargo equivalente a Secretário de Educação, promoveu uma grande mudança no ensino público primário, construiu mais de duzentas escolas rurais, a Escola Murilo Braga para formação de professores, cinco grupos escolares na capital e doze no interior, duas escolas superiores (a de Química e a de Economia), etc., etc. Transformou Sergipe em um laboratório-modelo do Ministério da Educação. A Escola Murilo Braga é por si só um marco educacional.
No governo de Arnaldo Garcez (1951-1955), foi Secretário da Justiça e, depois, Presidente da COAP e da SUNAB.
Em 1963, foi nomeado membro do Conselho Estadual de Educação. Com o movimento revolucionário de 1964, o Governador Seixas Dória foi deposto e preso e o Conselho Estadual de Educação submetido a intevenção.
Acrísio Cruz entrou no ostracismo político.
Sua  derradeira atividade foi na administração da Rádio Liberdade de Sergipe, onde ocupou a Diretoria Comercial (1966-1967).
Acrísio faleceu relativamente cedo, em Aracaju, aos 63 anos, em 13 de setembro de 1969.
Uma avenida no Conjunto Habitacional João Alves tem o seu  nome e uma escola em Aracaju, situada na Avenida Maranhão  chama-se  Escola Acrísio Cruz.
Logo após a sua morte Manoel Cabral Machado afirmou: “Se a morte do professor Acrísio Cruz causou na vasta roda de seus amigos uma pesada mágoa, trouxe-me mais uma sensação estranha de empobrecimento”.
Por ocasião do centenário de seu nascimento, ocorreram várias homenagens, tais como a inauguração de seu busto na Praça da Imprensa e o lançamento do livro “Viagens de volta ao Engenho Maratá”, romance inacabado, de sua autoria, organizado por suas filhas.
 
 
 
 
 
 




terça-feira, 10 de março de 2015

55- AMANDO FONTES


AMANDO  FONTES
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Amando Fontes, jornalista, advogado e político sergipano, nasceu em Santos (São Paulo), em 15 de maio de 1899. Seu  pai era farmacêutico, sua mãe era dona de casa.
Amando foi para Aracaju aos 5 anos de idade,  após a morte de seu pai.  Ele foi criado pelos avós. Em Aracaju viveu a infância. Aos 12 anos, revelou  o gosto pelas letras. Leu todos os livros que chegaram em suas mãos. Aos 18 anos, conhecia os principais clássicos da literatura nacional e estrangeira.
Quando adulto, viveu em  Salvador, Rio de Janeiro  e Curitiba. Dedicou-se ao jornalismo, à advocacia e às letras. Trabalhou como revisor de impostos, advogado e professor de Lingua Portuguesa. Foi Deputado Federal por Sergipe em três legislaturas. Como homem de letras sofreu a influência de Jackson de Figueiredo, Garcia Rosa, Machado de Assis, Arthur de Sales e Carlos Chiachio. Na literarura estrangeira,  Flaubert, Balzac, Dostoievski e Gorki.
Como romancista, escreveu dois livros: ”Os Corumbas” (atualmente com mais de 22 edições) e “Rua Siriri”.
Lançado em 1933, “Os Corumbas” conta a história de Sá Josefa e Seu Geraldo, dois agricultores do interior de Sergipe que se conheceram em uma festa popular. Casaram-se, tiveram filhos (alguns morreram, outros viveram...). O tempo passou, as chuvas ficaram escassas, os usineiros e donos de engenhos pagavam uma ninharia, a vida se tornou insustentável. O casal se mudou para Aracaju com uma ninhada de filhos (três moças e um rapaz). Foram morar em um casebre no Alto de Santo Antônio, tentaram emprego em uma fábrica de tecidos, no Bairro Industrial. Pais e filhos viveram a exploração da força de trabalho barata. A existência se transformou em uma tragédia. O Autor descreve com extrema realidade a exploração dos trabalhadores de Aracaju, nos anos de 1920 e 1930. Neste romance, Alcântara Machado compara Amando Fontes ao escritor e dramaturgo russo Aleksei Görki.
“Rua Siriri” foi lançado em 1937. É um romance cujo tema central é a dura realidade das “mulheres damas” de Aracaju, nas primeiras décadas do século XX. Mariana, Esmeralda, Angelina, Djanira e Tita são as prostitutas protagonizadas por Amando Fontes. O Chefe de Polícia ordenou que as prostitutas deixassem as ruas Arauá e  Estância e fossem para uma  rua mais afastada, a Siriri. Elas ficaram revoltadas mas logo se resignaram. Amando descreve o drama sofrido pelas “mulheres da vida”. Digno de pena é o destino de uma delas, a jovem Djanira, estigmatizada pela sífilis. Há também o suicídio de Tita e a tragédia de Mariana. Além de expor, sem erotismo, o problema social das mulheres marginalizadas pela sociedade, o Autor  explora o processo de urbanização que a capital sergipana sofreu durante as primeiras décadas do século próximo passado.
Amando Fontes faleceu em 1º de dezembro de  1967.
 


54- HORÁCIO HORA


HORÁCIO  HORA
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Horácio Pinto Hora, mais conhecido como Horácio Hora, nasceu em Laranjeiras, em 1º de outubro de 1853, sendo seus pais Antônio Estévão de Souza e Augusta Hora.
Viveu a infância e a adolescência em Laranjeiras. Fez os primeiros estudos em sua terra natal e, ainda criança, demonstrou paixão pelo desenho e pela pintura. O fato sensibilizou a Assembléia Legislativa que solicitou ao Governo Imperial uma bolsa de estudo para ele, na Europa. Concedida a bolsa, Horácio foi para a França, onde permaneceu seis anos na Escola de Belas Artes de Paris e na Escola Municipal de Desenho. Durante o aprendizado, conquistou o Prêmio promovido pelas escolas de artes plásticas da capital francesa, foi agraciado com o título de “aluno modelo” e obteve uma medalha de bronze e três de prata, além de elogios da crítica especializada.  Tornou-se aluno privilegiado de Justin Lequien, François Michand (escultores) e Alexander Cabanel (pintor). Nesta fase de sua vida, Horácio conheceu e se tornou admirador da baronesa de Catumbi.
Em 1881, retornou ao Brasil. Tentou viver em Aracaju (onde chegou a fazer uma exposição individual) mas as condições do meio não permitiram. Mudou-se para Salvador, onde foi bem acolhido. Na Bahia fez uma exposição de seus quadros, obtendo sucesso. A Academia de Belas Artes da Bahia lhe conferiu o diploma de membro correspondente e de acadêmico de mérito.
Em 1884, regressou a Paris, onde viveu o resto de sua vida, morrendo, em extrema pobreza, no dia 1º de março de 1890, com 37 anos de idade. Foi enterrado longe de seus familiares, no cemitério de Père Lachaise. No Brasil, sua morte foi noticiada um mês depois.. Em  artigo redigido por ocasião de sua morte, e publicado em Recife, disse Manoel Curvelo de Mendonça: “Nâo posso resistir ao impulso de trazer aqui, posto que confusamente, as impressões amargas que me tocaram o espírito, ao ter a notícia da morte de Horário Hora, o saudoso artista sergipano. O Brasil, ou pelo menos, Sergipe precisa saber quem foi seu filho que a morte acaba de surpreender em Paris, único lugar onde poude viver dos recursos de sua arte, honradamente. Ainda tenho bem vivas na memória as impressões de uma tarde em que estive com o ilustre pintor em Laranjeiras, nas encostas de um dos morros dessa cidade, quando ele se entregava aos seus trabalhos de arte. Eu passava pela estrada que vai ter à Igreja do Bonfim, sita no cume do outeiro do mesmo nome, quando  avistei-o. Lá chegando, só por instinto, reprimi a ansiedade de fazer-lhe mil perguntas, no que fui sempre muito pródigo a ponto de tão poucas vezes tornar-me imprudente. Naquele instante porém fui de uma extraordinária paciência que não passou despercebida ao nosso artista. Num intervalo em que parecia descansar como quem termina a elaboração de uma estrofe, virou-se para mim, que sentado numa anfractuosidade da encosta, entretinha-me quedo na contemplação do que não compreendia, e perguntou-me o que achava no que via, isto é, nos traços que esboçavam a tela. “Não sei cmo dessas linhas possa sair a cópia fiel desse belo quadro que ali vemos, mas gosto de ver como se faz aquelas bonitas pinturas  que tem no seu gabinete”, disse-lhe eu com a intimidade e afoiteza das crianças. Não tenho fiel recordação do mais, porém sei que fiquei muito satisfeito  com a palestra e devotei a ele uma embrionária admiração, porque via em sua pessoa um homem diferente dos outros, visto fazer coisas que os outros não faziam. Hoje traduzindo esse “ser diferente dos outros” por – gênio – folgo ao considerar que naquele tempo eu já o tinha como tal”.
Em 1959, Janner Augusto idealizou a criação de uma sala dedicada a Horácio Hora, no Museu Histórico de Sergipe. A idéia se concretizou, graças ao apoio do Governador Luis Garcia. Algum tempo depois, em 2003, atendendo pedido do Conselho Estadual de Cultura, o Governo do Estado de Sergipe declarou o “Ano Horácio Hora”, em comemoração aos 150 anos de seu nascimento.
*
Horácio Hora deixou mais de 300 obras, dentre as quais destacamos “Peri e Ceci”, “Miséria e Caridade”, “Auto-Retrato”, “Marquesa de Catumbi”, “Interior de Um Quarto em Paris”, “Rua Laffayette”, “Outono”, “Quitanda  em Paris”, “Cabeça de Homem”, “Retrato de Iaiá Freire” e “Capitão Hora” (em homenagem ao seu pai, que era capitão da Guarda Nacional). “Outono”, óleo sobre tela, medindo 2,60 x 1,20m, é uma preciosidade  que enriquece o acervo de mais de 40.000 peças, no Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora. O quadro “Peri e Ceci” está no Museu da Bahia. “Miséria e Caridade” escontra-se no Hospital da Santa Casa, em Estância. “Retrato de Iaiá Freire” e uma cópia de uma Virgem de Murilo,  estão na Catedral de Aracaju. “Cabeça de Homem” pode ser visto no Museu Antônio Parreiras, em Niteroi. A maior coleção de obras de Horácio Hora é a do Museu Histórico de Sergipe, na cidade de São Cristóvão.
 
 
 


segunda-feira, 9 de março de 2015

53 - GONÇALO ROLLEMBERG LEITE


GONÇALO ROLLEMBERG LEITE
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Gonçalo Rollemberg Leite nasceu em Riachuelo em 14 de fevereiro de 1906, bacharelou-se em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, em 1927. Foi promotor público, advogado civil e penal com atuação no Tribunal do Juri, Procurador Geral do Estado em três períodos (1942/1951, 1964/1067 e 1970/1072). Foi professor de História no Atheneu Sergipense e em outros estabelecimentos de ensino secundário de Aracaju.
 Fundou, em 1950, com  Carvalho Neto, Cabral Machado, Álvaro Silva, Enock Santiago, Armando Leite Rollemberg, Afonso Moreira Temporal e Olavo Leite, a Faculdade de Direito de Sergipe. Proferiu a aula inaugural dos cursos jurídicos em Sergipe, no dia 15 de março de 1951, no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico, dia em que assumiu a vice-diretoria da mesma Faculdade e a cátedra de Direito Civil.
 Em 13 de janeiro de 1953, com a morte do desembargador Octávio de Souza Leite, assumiu a diretoria da Faculdade de Direito,  nela permanecendo até 1970.
 A ele devemos a federalização da Faculdade de Direito e sua incorporação à Universidade Federal de Sergipe (1987). A ele creditamos a criação da Revista da Faculdade de Direito (1953), bem como o Centro Acadêmico Sílvio Romero (1951), o jornal “Academus” (1951) e a Associação Atlética da Faculdade.
 Em sua gestão inúmeras figuras de destaque nacional proferiam aulas e fizeram conferências na Faculdade de Direito de Sergipe, tais como Hermes Lima, Gilberto Freire, Orlando Gomes, Miguel Reale. Como diretor, soube manter a autonomia universitária, reagindo com firmesa às interferência indevidas, durante os distúrbios que se seguiram à morte de Getúlio Vargas e durante a vigência do regime de exceção iniciado em março de 1964. Foi, também, catedrático da Faculdade Católica de Filosofia.
 Durante as gestões que precederam a criação da Universidade Federal de Sergipe, Gonçalo Rollemberg Leite teve uma participação importante, a favor de uma autarquia federal. Apesar do empenho, seu ponto de vista não prevaleceu.
 Como Procurador Geral do Estado e chefe do Ministério Público, manteve firmeza em suas decisões, segurança no em seu saber jurídico e civilidade em sua conduta.
 Como jornalista, foi fundador, diretor e redator principal do jornal “A República”, onde publicou editoriais e artigos bem fundamentados e concisos. Colaborou, também, em  outros jornais e revistas.
 Como intelectual, escreveu, as seguintes obras: A Árvore (1928). Raças (1937), A Graça e a Reabilitação (1942), Direito Civil (1959), João Ribeiro (1962), O Direito e as Letras (1968), Discurso de Posse na Academia Sergipana de Letras (1967), Expressão Cultural de Sergipe (1970). Pertenceu à Academia Sergipana de Letras, onde ocupou a cadeira 23, anteriormente ocupada por seu irmão Leite Neto.
Como professor, atingiu o ápice de sua vocação, revelando-se ao mesmo tempo mestre no Direito, e humanista
 Cercado do carinho da família e venerado por todo Sergipe, Gonçalo Rollemberg Leite faleceu em Aracau, em 17 de julho de 1977.