segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

31- JOSÉ RODREIGUES DA COSTA DÓRIA

 
JOSÉ RODRIGUES DA COSTA DÓRIA
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José Rodrigues da Costa Dória, mais conhecido como Rodrigo Dória, ex-presidente de Sergipe, médico e professor universitário, nasceu no dia 25 de junho de 1959, em Propriá, sendo seus pais Gustavo Rodrigues da Costa e Maria Soledade Costa Dória
Estudou as primeiras letras em sua terra natal e fez os estudos posteriores em Aracaju, onde foi aluno do Atheneu Sergipense. Em 1877, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual recebeu o grau de doutor em medicina, em 16 de dezembro de1882.
Começou clInicando na cidade de Laranjeiras, onde permaneceu de 1883 a 1885. Depois, mudou-se  para Salvador, a fim de concorrer à vaga de professor adjunto de Medicina Legal e Toxicologia, em cujo concurso foi aprovado em primeiro lugar.
Rodrigues Dória viveu a “Idade de Ouro” de  Laranjeiras, considerada naquela época como  a Atenas de Sergipe. Laranjeiras aplaudia nos teatros Santo Antônio e São Pedro os maiores artistas nacionais; publicava nos jornais “Horizonte”, “Laranjeirense”, “Republicano”, “Cotinguiba”, “Novo Século” e “Gripho”, artigos, crônicas e ensaios  de  Felisberto Freire, Guedes Cabral, Fausto Cardoso, Manuel Curvelo, Josino Menezes, Moreira Guimarães, Balthazar Góes e Gervásio Barreto;  louvava a religião, a instrução, a caridade e o civismo, na Igreja de Sataninha, no Templo Presbiteriano, no Liceu Laranjeirense, nos Colégios Inglês, Americano e Santana, no Gabinete de Leitura e nos clubes republicanos (onde surgiram os primeiros republicanos de Sergipe). Era assim a Laranjeiras do final do século XIX,  glorificada pelo pincel mágico de Horácio Hora.,,
Nomeado por decreto imperial de 28 de novembro de 1885, Rodrigues Dória permaneceu como professor adjunto de Medicina Legal e Toxicologia, até 1888, quando prestou concur­so para a cadeira de Patologia Médica, vaga com a morte do conselheiro Demétrio Tourinho. Em 1981, foi nomeado substituto da 2º Secção (reforma Benjamim Constant). Em 1892 ocupou a cadeira de Botânica e Zoolo­gia Médicas, cadeira que depois se transformou em História Natural Médica e, por fim, Parasitologia.
Em 17 de março de 1981, tor­nou-se catedrático de Medicina Legal da Faculdade Livre de Di­reito da Bahia, da qual foi um dos fundadores. Inaugurou a tradição da cadeira de Medicina Legal da Faculdade de Direito ser ocupada pelo professor da mesma disciplina, na Faculdade de Medicina: Isto também ocorreu recentemente, com os professo­res Estácio de Lima e Maria Tereza Pacheco.
Em 1895, Rodrigues Dória foi eleito conselheiro municipal da Cida­de do Salvador, cargo que exerceu de 1895 a 1891. Em 1897, foi eleito deputado federal por Sergipe e como deputado federal per­maneceu por quatro legislaturas, comportando-se sempre como um político corajoso e atuante, inclusive durante o período do “estado de sitio” decorrente do atentado ao Presidente Prudente de Morais. Nesta ocasião vários parlamentares foram presos e o Vice-Presidente Manuel Vitorino foi considerado suspeito. Ele o visitou, desafiando a situação vigente.
Eleito presidente de Sergipe, tomou posse em 24 de outubro de 1908, com mandato até igual data de 1911. Com presidente, mostrou-se operoso administrador, esclarecido e independente. Seu governo foi um modelo de honestidade, operosidade e justiça. Premido pela falta absoluta de recurso financeiro, determinou que o tesouro do estado suspendesse o pagamento de seu salário.
No “Jonal do Povo”, edição de 13 de dezembro de 1922, declarou: “O que alguns não toleram é a minha independência.Não adulo ninguém nem admito que me adulem. Quero amigos, e não servos. Nunca entrei na casa de um doente pensando em remuneração, indagando a que partido pertence, em quem votou, ou quantos votos pode me dar”.
O jornal "Folha de Sergipe" edição de 23 de março de 1911, relata que a professora Isabel Giudice Lima, de Lagoa Vermelha (Boquim), assinou requerimento pedindo, no ultimo período de gravidez, noventa dias de licença. Ao receber o requerimento, o Presidente Rodrigues Dória deu o seguinte despacho: “Concedo o pedido sem vencimento visto não constitui moléstia o estado da suplicante nem situação independente da sua vontade”.
Apesar de nunca fechar os olhos e os ouvidos às críticas, nem considerar seus adversários como inimigos, Rodrigues Dória teve opositores intolerantes, como foi o caso de Gilberto Amado. que tendo sido nomeado para a Escola Normal de Aracaju, foi morar em Recife. Rodrigues Dória suspendeu o pagamento do salário. Dois anos depois, Gilberto Amado requereu o pagamento dos atrasados, o que foi negado. Este seria o motivo da desavença. 
Em 1915 representou o Estado da Bahia, a Faculdade de Direito, o Instituto Histórico e Geográfico e a Sociedade de Medi­cina Legal e Criminologia da Bahia, no 2° Congresso Científico Pan-americano, realizado em Washington.  Em 1916, represen­tou a Faculdade de Direito no 1° Congresso Médico Paulista. Em 1918 tornou-se sócio correspondente da Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro.
Afirma Garcia Moreno que o melhor trabalho de Rodrigues Dória é o que publicou sobre a maconha, em 1915. Diz textual­mente que este é um trabalho  clássico, que assinala o ponto inicial das pesquisas brasileiras a respeito do assunto. Ariosvaldo Figueire concorda, e acrescenta:  "Rodrigues Dória estudou e conheceu o outrora denominado "pito do pango" ou "fumo de Angola". Em entrevista publicada no jornal carioca "A Noite" edição de 21 de agosto de 1935, Rodrigues Dória afirmou que foram os escravos que trouxe­ram o vício da maconha. Afirmou que a Câmara Municipal do Rio de Ja­neiro, em sessão realizada no dia 4 de outubro de 1830, proíbiu a venda e o uso da maconha, multando o vendedor em vinte mil reais, e os escravos e mais pessoas, em três dias de cadeia.
Rodrigues Dória reformou a instrução pública, instituiu o servi­ço de identificação datiloscópica, construiu e inaugurou o novo edi­fício da Escola Normal, instalou a Escola de Aprendizes Artífices e tornou efetiva a exigência de concurso no preenchimento dos car­gos de magistério e do tesouro, então muito concorridos" (Ibidem).
Caráter reto e exemplar, acom­panhou o concurso do professor Abdias Bezerra à cadeira de fran­cês, no "Atheneu Sergipense" e resistiu às pressões da politica­gem local. Naquela ocasião, confessou a  "Carvalho Neto: “Meu amigo, Abdias Bezerra concorreu com vinte e três candidatos, os dois que entraram com ele no concurso e os vinte e um que mandaram pedir a cadeira!".
Apesar de não ter morado muitos anos em Sergipe,  costumava dizer: "Nasci e criei-me sergipano e sergipano desejo morrer."
Em 14 de junho de 1938, quando  estava em Salva­dor, ao descer de um bonde para ir à farmácia - onde compare­cia diariamente, seu paletó ficou preso no banco do veículo e ele foi arrastado. Em conseqüencia, Rodrigues Doria morreu em plena via pública, causando consternação em todos que o admiravam.
Eduardo Sá de Oliveira escreveu: "Quando da inumação do corpo do dr. Rodrigues Dória, foram prestadas homenagens especiais a esse eminente profes­sor e notável político, não somente por todas as classes da Bahia, mas também pelo seu estado natal, Sergipe. Em verdade foram todas essas homenagens muito justas, por se tratar de um varão que alcançou tão altas posições exclusivamente pela nobreza do seu caráter e pelo seu espírito peregrino"
 
 
 
 

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