FAMÍLIA LEITE
(FRANCISCO RIBEIRO LEITE, MARIA
VIRGÍA ACCIOLY E DESCENDENTES)
Os primeiros registros com o
sobrenome Leite datam de 1258. O membro mais antigo desta família parece ser Pedro Leite de Guimarães, rico proprietário de
terras na região do Minho, no norte de Portugal. Há notícia de um Alvares Anes
Leite, casado com Filipa de Borges, residente em Entre Douro e Minho. Alguns
descendentes vieram para o Brasil, durante a transmigração da família real,
fixando-se na região de Sanharó, em
Pernambuco. De Pernambuco passaram para outras províncias do Nordeste,
inclusive Sergipe. Um deles, Francisco Ribeiro Leite, casou-se com Maria
Virgínia Accioly Leite; dentre os filhos deste matrimônio destacamos Augusto
César Leite (médico e senador), Júlio César Leite (industrial e também senador)
e Sílvio César Leite (médico). Dentre os netos, Francisco Leite Neto
(advogado, deputado, senador e interventor federal), José Rollemberg Leite (engenheiro,
professor, duas vezes governador de Sergipe), Gonçalo Rollemberg Leite
(advogado, professor e jornalista), Clara Leite Resende (advogada,
desembargadora), Alfredo Rollemberg Leite (advogado, jornalista e político), Márcio
Rollemberg Leite (intelectual) e Maria Virginia Leite Franco (casada com Augusto
do Prado Franco (governador de Sergipe), e Jorge Leite. Dentre os bisnetos, Albano
do Prado Franco (empresário, governador de Sergipe), Walter do Prado Franco
Sobrinho (empresário, deputado estadual), e Ivan Leite (engenheiro elétrico, deputado
estadual, prefeito de Estância e secretário de Estado da Indústria e Comércio).
SÍLVIO CÉSAR LEITE
Nasceu no Engenho Topo, em
Japaratuba, em 3 de janeiro de 1880, sendo seus pais Francisco Rabello Leite e
Maria Virgínia Accioly Leite.
Formou-se em Medicina pela
Faculdade de Medicina da Bahia em 12 de abril de 1902, quando defendeu a tese
“Clorose vulgar”. Estabeleceu-se em Riachuelo e fundou o Hospital de Caridade,
que atualmente leva o seu nome. Foi Delegado de Higiene de Riachuelo. Clinicou
na região por quase 20 anos. Médico humanitário, atendeu gratuitamente os mais
necessitados tanto em Riachuelo quanto
em Aracaju (onde trabalhou nos Hospitais
de Cirurgia e no Hospital Santa Isabel). Além de médico, foi pecuarista,
destacando-se como pioneiro na criação
da raça Indu-Brasil.
Faleceu em 21 de junho de 1943 em
Riachuelo, aos 63 anos de idade, vítima de pneumonia. Seu irmão, Augusto Leite,
importou dos Estados Unidos uma remessa de penicilina (medicamento recém
descoberto naquela ocasião). O antibioótico que por certo salvaria a vida do Sílvio Leite, não chegou em tempo.
Seus filhos, Gonçalo Rollemberg
Leite, Francisco Leite Neto, José Rollemerg Leite e Clara Leite de Rezende, são
personagens de desaque. Gonçalo Rollemberg Leite, como advogado, jornalista, magistrado, professor universitário e
político. Francisco Leite Neto, como exemplo de liderança e de intelectual que
muito contribuiu para a história jurídica, política e cultural de Sergipe. José Rollemberg Leite, como engenheiro,
professor e, por duas vezes, governador
de Sergipe. Clara Leite de Rezende, como advogada, e primeira desembargadora de
Sergipe.
GONÇALO ROLLEMBERG LEITE
Gonçalo Rollemberg Leite nasceu
em Riachuelo em 14 de fevereiro de 1906, sendo seus pais Sílvio César Leite e
de Lourença Rollemberg Leite.
Viveu a infância em casa de seus
avós, em Aracaju, onde aprendeu as primeiras letras. Em Riachelo iniciou a
leitura dos grandes mestres. Fez os preparatórios no Atheneu Sergipense (em
Aracaju) e no Colégio Pedro II (no Rio
de Janeiro). Neste educandário, foi aluno de Luis Mendes de Aguiar, João
Ribeiro, Carlos de Laert, Pedro Couto, Raja Gabaglia e Euclides Roxo. Conviveu
com Ruy Barbosa, Medeiros e Albuquerque, Alberto de Oliveira, Jackson de Figueiredo e Agripino Grieco.
Ingressou na Faculdade de Direito
de Minas Gerais e por ela foi diplomado, em 1927.
Em 1928, foi promotor de Justiça
da Comarca de Paraisópolis (Minas
Gerais), inspetor de ensino e procurador fiscal.
Em 1932, fixou-se em Aracaju,
onde exerceu a profissão de advogado. Em companhia de seu irmão, Francisco
Leite Neto, fundou o diário “A República”, que circulou durante três anos, sob
sua direção.
Militou na política partidária,
de 1932 a 1938, quando a abandonou definitivamente.
Em 1934, iniciou-se no
magistério, ensinando Direito Comercial e Legislação Financeira, na Escola de
Comércio de Aracaju. Em 1939, fez concurso para a cadeira de História da
Civilização do Colégio Atheneu Sergipense e em 1940 foi designado para ensinar
Literatura, e Sociologia no curso complementar de Direito, Medicina e
Engenharia do Colégio Estadual de
Sergipe. Posteriormente, como professor da Faculdade de Direito de Sergipe, fez
parte de várias bancas examinadoras de concursos e defesa de teses no Colégio
Estadual de Sergipe, na Escola Rui Barbosa, na Faculdade Católica de Filosofia
de Sergipe e na Faculdade de Direito da Bahia. “O magistério, fascinava o seu
talento de humanista. Foi um dos grandes
do seu tempo, da linhagem intelectual de Clodomir Silva, Prado Sampaio, Manoel
dos Passos de Oliveira Teles, Florentino Menezes, Artur Fortes, Mário Cabral,
José Calazans, e de muitos outros notáveis sergipanos” (3).
Em 1934, foi eleito presidente da
Associação Sergipana de Imprensa (da qual foi um dos fundadores) e em 1936
tornou-se Consultor Jurídico da Associação Comercial de Sergipe.
Em 1942, foi Procurador Geral do Estado
de Sergipe, cargo que exerceu em várias oportunidades (1942/1951, 1964/1967 e
1970/1972).
Membro da Ordem dos Advogados do
Brasil, Secção de Sergipe, e seu presidente, em três mandatos.
Dentre seus títulos e honrarias,
destacamos as medalhas Clóvis Bevilácqua e João Ribeiro, outorgadas pelo
Ministério da Educação. Era membro da Academia Sergipana de Letras, onde tomou
posse em 1967, na cadeira anteriormente ocupada por seu irmão, Francisco Leite
Neto.
De sua bibliografia, destacamos os
seguintes trabalhos:
1-Aspectos Econômicos da Idade
Média (1938)
2-O Direito em Sergipe (1953)
3-Contratos Imorais (1959)
4-João Ribeiro, o Humanista (1962)
5-Expressão Cultural de Sergipe (1970)
Em 28 de fevereiro de 1950 fundou
-- com Carvalho Neto, Cabral Machado, Álvaro Silva, Enock Santiago, Armando
Leite Rollemberg, Afonso Moreira Temporal, Olavo Leite e outros -- a Faculdade de Direito de Sergipe, ocupando a cátedra
de Direito Civil ( e, como substituto, as cadeiras de Teoria Geral do Estado e
Direito Administrativo). Na Faculdade de Direito, proferiu a aula inaugural,
foi vice-diretor (1951-1953), paraninfo
da 1ª turma de formandos e diretor (1953-1970). “A presença de Gonçalo
Rollemberg Leite na direção da Faculdade de Direito de Sergipe não serviu
apenas para produzir uma imagem do compromisso de professores e estudantes com
a tradição do pensamento jurídico sergipano, firmado nas obras dos grandes
mestres, como Tobias Barreto, Silvio Romero, Fausto Cardoso, Gumercindo Bessa,
dentre outros. Atraiu visitantes dos mais ilustres do País, como Hermes Lima,
Gilberto Freire, Orlando Gomes, Miguel Reale, dentre muitos outros, e serviu,
também, para reagir a todas as tentativas de interferência indevida na vida da
escola” (8).
A partir de 1970, Gonçalo
Rollemberg Leite começou a apresentar problemas de saúde. Faleceu em 17 de
julho de 1977.
FRANCISCO LEITE NETO
Francisco Leite Neto, mais
conhecido como Leite Neto, foi, no dizer de Luis Antônio Barreto, “um dos mais
completos e respeitados políticos, líder partidário, articulador, e campeão de
mandatos. Percorreu as três instâncias legislativas: a Assembléia Estadual, a
Câmara Federal e o Senado Federal. Por onde passou deixou uma marca exemplar,
que adorna a sua biografia” (1).
Filho de Sílvio César Leite e de
Lourença Rollemberg Leite, nasceu em 14 de março de 1907, em Riachuelo.
Aprendeu as primeiras letras na sua cidade natal, e em Aracaju. Fez os
preparatórios no Colégio Salesiano e no Colégio Tobias Barret (ambos em Aracaju).
e no Colégio Antônio Vieira (em Salvador). Depois, matriculou-se na Faculdade
Livre de Direito da Bahia, pela qual se diplomou.
Regressou para Aracaju, em 1926, e iniciou a advocacia. Foi diretor da recém construída Penitenciária
Modelo. No exercício desta função, demonstrou competência e grande interesse pelo
estudo da ciência jurídica (notadamente
a delinqüência e o sistema penal).
Em meados da década seguinte, deixou a diretoria da
Penitenciária e ingressou na política partidária.
Foi eleito deputado estadual constituinte. Exerceu o mandato até 1937, quando,
por ato do presidente da República, foi
extinto o poder legislativo. Voltou para a direção da Penitenciária, e assim permaneceu
até 1938.
Em 1941, assumiu a Secretaria
Geral do Governo de Maynard Gomes, Em 1945 foi nomeado Interventor Federal em
Sergipe: assumiu o cargo em 27 de outubro e em 5 de novembro
deixou a chefia do executivo estadual.
Ainda em 1945, foi eleito
deputado federal e permaneceu como deputado federal durante 16 anos. Em 1962
foi eleito senador de República.
Foi professor da Escola de
Comércio de Aracaju (onde lecionou Economia Política e Ciência das Finanças) e
da Faculdade de Direito de Sergipe (onde lecionou Ciência das Finanças).
De sua bibliografia constam os seguintes livros:
1-Política - Doutrina e Crítica
(1933)
2- Sergipe e seus prproblemas (1934)
3- Sergipe e Banditismo (1940)
4- Ensaios (1946)
5- Pareceres nas Comissões (1948-1962)
Em 1942, ingressou na Academia Sergipana
de Letras, onde foi recebido por Garcia Moreno. Era membro do Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe, do qual foi orador oficial.
Faleceu em 10 de dezembro de
1964, em Aracaju, com 57 anos de idade.
JOSÉ ROLLEMBERG LEITE
José Rollemberg Leite,
engenheiro, professor e político, por duas vezes governador de Sergipe, nasceu
em Riachuelo, em 19 de setembro de 1912, sendo seus pais Sílvio César Leite e
Lourença Rollemberg Leite.
Estudou as primeiras letras em
sua cidade natal e iniciou o curso secundário no Colégio Salesiano de Aracaju,
completando-o no Colégio Antônio Vieira (Salvador).
Concluído os preparatórios,
matriculou-se na Escola de Engenharia de Ouro Preto, Minas Gerais, onde
graduou-se em Engenharia Civil e de Minas, em 1935.
Voltando a Aracaju, trabalhou
como engenheiro e professor de Física do
Atheneu Sergipense e do Colégio Tobias Barreto. Foi nomeado professor
catedrático de Ciências Físicas e Naturais (1938), Química (1939) e Matemática (1940), do Atheneu Sergipense.
Lecionou na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e em outros
estabelecimentos secundários de Aracaju.
Iniciou a vida pública como
Diretor Geral do Departamento de Educação do Estado de Sergipe (1941). Em 1942,
assumiu o cargo de diretor do Departamento de Obras e Estradas (depois, presidente,
até 1945)
Em 1946, ingressou na política.
Foi eleito governador (1947-1951) e, em seguida, senador (1965)1970.. Em 1975 foi,
mais uma vez, governador. De 1984 a 1988, secretário de Transportes, Obras e
Energia.
Pertenceu a várias instituições educacionais
e culturais, tais como o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, o
Conselho Estadual de Educação e o Conselho Superior da Universidade Federal de
Sergipe.
Dentre as condecorações recebidas,
destacamos a da Ordem do Mérito Aeronáutico.
José Rollemberg Leite faleceu em
24 de outubro de 1996, aos 84 anos de idade. O Terminal Rodoviário de Aracaju e
um Colégio Estadual na capital sergipana têm seu nome.
O papel de José Rollemberg Leite
no desenvolvimento da Educação é incomensurável: criou escolas nível médio e de nível
superior, implantou o ensino rural, levou cursos de licenciaturas ao interior do
estado, construiu Grupos Escolares, deu nova sede ao Atheneu Sergipense,
instalou escolas superiores, instalou o Instituto de Tecnologia e Pesquisa,
reorganizou o Instituto de Química, criou a Escola Normal Rural Murilo Braga,
etc, etc.
CLARA LEITE DE REZENDE
Clara Leite de Rezende nasceu na
fazenda Angico, em Riachuelo, em 27 de junho de 1940, sendo seus pais Sílvio
César Leite e Guiomar Sampaio Leite.
Aprendeu as primeiras letras no Colégio Salvador, transferindo-se,
depois, para o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, ambos em Aracaju. Completou os
preparatórios no Colégio Estadual de Sergipe e, em 1958, ingressou na Faculdade
de Direito da Universidade Federal de Sergipe (pela qual foi diplomada, em
1962).
De 1963 1967, exerceu a advocacia na capital sergipana,
onde atuou como Conselheira do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do
Brasil.
Fez os cursos de Política e
Estratégia (na Escola Superior de Guerra) e de Direito Comparado (na Universidade
do México e na Sorbone, de Paris).
Em 1970, ingressou na magistratura.
Foi, sucessivamente, Juiza de Direito
das Comarcas de Nossa Senhora da Glória (1970 a 1972), Frei Paulo (1972-1975),
Maruim (1975) e Estância (1975). Transferida para Aracaju, foi Juiza da 6ª. Vara Civel, Diretora do Fórum
Gumercindo Bessa, Juiza Eleitoral e Desembargadora do Tribunal de Justiça do
Estado de Sergipe (do qual foi Presidente), Corregedora Eleitoral de Sergipe,
Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Presidente do Conselho da Escola
Superior da Magistratura e Diretora da Escola Superior de Magistratura.
É portadora de várias honrarias,
das quais destacamos a Medalha do Mérito Serigy (no grau de Comendador), e o
Colar do Mérito Tobias Barreto, além das comendas do Governo do Estado de
Sergipe. da Assembléia Legislativa de Sergipe, do Tribunal Regional do
Trabalho, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e do Instituto Brasileiro
dos Magistrados.
É membro titular da Academia
Sergipana de Letras, desde 2004.
Clara Leite de Rezende é a
primeira sergipana a ocupar a função de
Desembargadora.
AUGUSTO CÉSAR LEITE
Augusto César Leite, mais
conhecido como Augusto Leite, nasceu em 30 de junho de 1886, no Engenho
Espírito Santo, município de Riachuelo, sendo seus pais Francisco Rabelo Leite
e Maria Virgínia Acioly Leite.
Realizou os primeiros estudos em sua
cidade natal e em Salvador. Embarcou, em
1903, para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Faculdade de Medicina.
Nas férias do curso médico deslocava-se
para Riachuelo, onde ajudava o irmão, Sílvio Leite, nos afazeres de médico
clínico. Sempre dedicado ao estudo, diplomou-se no dia 2 de janeiro de 1909,
ocasião em que defendeu a tese “Contraindicação
renal do emprego do salicilato de sódio”.
Em maio de 1910, fixou residência
em Capela, onde iniciou o exercício profissional. Três meses depois, mudou-se
para Maruim, onde permaneceu durante curto período, até mudar-se para Aracaju
(naquela época uma pequena cidade sem calçamento e sem transportes, com uma
população de 30.000 habitantes).
“Não obstante as dificuldades -
Dr Augusto, de fraque, bengala e chapéu, percorria as ruas arenosas de Aracaju,
atendendo chamados dos clientes. A clínica era feita através das mãos, dos
olhos, e ouvidos, fazendo-se uso, também, do olfato, e até do gosto. Por
diversas vezes, realizava intervenções até de grande porte para a época, como
mastectomias, na residência do próprio doente, em casebres de palha, à luz de
querosene. O médico dispunha apenas de termômetro, estetoscópio monoauricular e
rudimentares instrumentos cirúrgicos e, na falta de laboratório, fazia ele
mesmo os exames de urina, sangue e fezes dos pacientes”(6).
Recém chegado em Aracaju, dirigiu
a Escola de Aprendizes Artífices. Depois, assumiu a cátedra de Higiene Geral e
História Natural do Atheneu Sergipense e tomou posse como membro do Conselho
Superior de Instrução Pública.
Em 1917, foi eleito para o
Conselho Municipal e em 1918 assumiu a cátedra de História Natural do Seminário
Diocesano.
A convite do Dr. Simeão Sobral,
ingressou, em janeiro de 1913, no corpo clínico do Hospital Santa Isabel, único
hospital de Sergipe. Era um hospital com duas enfermarias, sem equipamento de
raios X, sem laboratório de análises clínicas e outros recursos de diagnóstico.
Possuía quase nenhum instrumental cirúrgico, algumas ventosas e um
termocaltério primitivo. As operações eram realizadas na sala de curativos, com o paciente em cima
de um lastro de madeira. Os médicos operavam
com a mesma roupa que usavam na rua, com paletó e gravata, sem máscara,
sem luvas ou qualquer outro recurso de assepsia, e eram ajudados pelas Irmãs de
Caridade. Quando muito, dispunham de um auxiliar leigo, completamente
desqualificado. Dr. Pimentel, encarregado do Serviço de Mulheres, “visitava sua
enfermaria acompanhado de um serviçal portando um fogareiro, o qual exalava
incenso ou alcatrão defumado, para afastar o terrível odor”(6).
Em junho de 1913, Dr. Augusto
Leite viajou para a Europa. Passou seis meses na França, especializando-se em
cirurgia. A voltar para Aracaju, trouxe o material cirúrgico adequado e,
reiniciou sua atividade, criando um Serviço de Clínica Cirúrgica. Em 9 de
novembro de 1914, realizou a primeira laparotomia em Sergipe, com a retirada
total de um mioma, sob anestesia por clorofórmio. Este êxito, maravilhoso para
a época, foi repetido em muitas outras ocasiões.
Movido por um idealismo
contagiante, construiu e inaugurou em 2
de maio de 1916, o Hospital de Cirurgia, marco da medicina sergipana.
O Dr. Augusto Leite passou a ser
considerado o médico mais importante do estado. Presidiu a Sociedade de
Medicina de Sergipe, dirigiu os Serviços Cirúrgicos do Hospital Santa Isabel e
do Hospital das Clínicas, criou a Maternidade Francisco Melo (1930) e a Escola de Auxiliares de Enfermagem (1950) e
foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Médicas, núcleo formador da
Universidade Federal de Sergipe.
Foi o primeiro sergipano a
integrar o Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Recebeu vários títulos e honrarias, tais como o de Comendador da Santa Sé,
Professor Emérito da Universidade Federal de Sergipe e “Bisturi de Ouro” do estado.
É considerado um dos maiores
cirurgiões do país.
Faleceu em 9 de fevereiro de
1978. Por ocasião do seu falecimento Marcos Aurélio Prado Dias declarou: “Com a
morte do Dr. Augusto Leite, Sergipe inteiro chorou a perda de um dos seus mais
ilustres e queridos filhos” (6).
O poeta Freire Ribeiro, escreveu:
"Mãos que abençoam/mãos que
afagam;/mãos que dilaceram !/Morte em nome da vida !/Mãos que o Senhor abençoa
todos os dias,/Mãos que são um presente dos céus para todos nós !/Mãos de
AUGUSTO LEITE./Mãos de paz, mãos de luz, mãos de amor !” (Ibidem).
MARIA VIRGÍNIA LEITE FRANCO
(Gina)
Filha de Augusto César Leite, mãe
do governador Albano Franco e esposa do governador Augusto do Prado Franco (1979-1982)
AUGUSTO DO PRADO FRANCO
Augusto do Prado Franco, médico e
político sergipano, nasceu em 4 de setembro de 1912, em Laranjeiras e faleceu
em Aracaju, em 16 de dezembro de 2003, sendo seus pais Albano do Prado Pimentel
Franco e Adélia do Prado Franco.
Concluído os preparatórios,
matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, onde concluiu o curso de
medicina, e foi diplomado em 1937.
Especializou-se em
Otorrinolaringologia, no Hospital São Francisco de Assis, do Rio de Janeiro.
Dirigiu a Usina Central, localizada em Riachuelo, duas
fábricas de tecido e uma empresa agropecuária. Presidiu o Sindicato dos
Produtores de Açúcar de Sergipe e foi delegado da Confederação Nacional da
Indústria.
Fundou a Rádio Atalaia, a TV
Atalaia e o “Jornal da Cidade”, em
Aracaju.
Foi deputado federal (1966 e 1984) e senador (1970). Escolhido
Governador do estado, em 1978.
Dentre seus filhos, destacamos os
políticos Albano Franco e Walter do
Prado Franco Sobrinho.
ALBANO DO PRADO FRANCO
Albano do Prado Franco,
empresário, advogado e político, mais conhecido como Albano Franco, nasceu em
Aracaju, em 22 de novembro de 1940, sendo seus pais Augusto do Prado Franco e Maria
Virgínia Leite Franco.
Graduado em Direito pela
Universidade Federal de Sergipe, tornou-se empresário do ramo industrial,
dirigindo empresas da família, tais como a Refrescos Guararapes (franquia
Coca-Cola), Rádio FM Sergipe e TV Sergipe (afiliada da Rede Globo). Presidiu a
Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (1971-1977), foi diretor da
Confederação Nacional da Indústria
(1977-1980) e seu presidente (1980-1994).
Iniciou a carreira política com
sua eleição para deputado estadual, em 1966. Foi primeiro suplente do senador
Lourival Batista (1978) e eleito senador em 1982 (reeleito em 1990). Em 1994
foi eleito governador de Sergipe (reeleito em 1998). Em 2006 foi eleito, mais
uma vez, deputado federal.
WALTER DO PRADO FRANCO SOBRINHO
Proprietário da TV Atalia (afiliada
à Rede Record), de três emissoras de rádio: Atalaia AM e Megga Atalaia ( em Aracaju) e
Rádio Cidade (em Simões Dias).
Como deputado estadual teve
atuação destacada na defesa da democracia.
JÚLIO CÉSAR LEITE
Júlio César Leite nasceu em
Riachuelo em 06 de novembro de 1896, sendo seus pais Francisco Rabelo Leite e
Maria Virgínia Accioly Leite.
Concluidos os estudos preparatórios
no Colégio Alfredo Gomes, em Sergipe, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde
formou-se em Ciência Jurídicas e Sociais
pela Faculdade Livre de Direito, no ano de 1917.
Formado, assumiu o cargo de
Delegado de Polícia em Aracaju (1918-1920) e em seguida, chefe de polícia (1919),
inspetor escolar (1920-1921, diretor do
Serviço de Água e Esgoto de Aracaju, (1926 – 1930).
Banqueiro e homem de negócios,
militou no Banco Mercantil Sergipense (casa que fundou em 1924, com seu sogro -
Gonçalo Rollemberg Leite e Moacir Rabelo Leite).
Industrial, dedicou-se à Fabrica
de Tecidos Santa Cruz, fundada pelo comendador João de Souza Sobrinho (mais
tarde adquirida por Gonçalo Rollemberg do Prado). Homem de rara visão social,
realizou vários empreendimentos em favor de seus operários (casas residências, escolas,
biblioteca, cheche, mercado, cinema, estádio, clube social, serviço médico e
odontológico). No cine-teatro, denominado Gonçalo Prado, se apresentaram
grandes nomes do cenário artístico nacional: Grande Otelo, Procópio Ferreira,
Vicente Celestino, e outros; shows de calouros, encenações teatrais e exibição
de filmes famosos. As obras sociais de Júlio Leite serviram de comentários
elogiosos, inclusive por parte do consul britânico, Maurice Stout, que visitou a
Fabrica Santa Cruz, em 1951 (7).
“Homem de visão penetrante para o
futuro, de inteligência culta, de honradez no cotidiano, simpático na
convivência, elegante, gentil e leal com os amigos, era Júlio Leite uma
personalidade fantástica; um homem que se tornou um dos vultos ilustres do solo
sergipano. Ele foi o responsável por uma era de incremento do progresso de
Estância quando elegeu esta cidade para ser sede dos seus empreendimentos
gerando milhares de empregos diretos, muitos até os dias presentes” (Ibidem)
Em 1950, passou a direção de suas
empresas para o seu filho primogênito, Jorge Leite, e iniciou-se na vida
político-partidária. Elegeu-se senador da República, com mandato até 1954.
Integrou a Comissão de Finanças do Senado, presidiu a Comissão de Economia,
cursou a Escola Superior de Guerra e representou o Brasil na Conferência
Internacional, em Bankgkok. Foi reeleito senador, na legislatura de 1962-1968,
quando foi líder partidário e vice-lider
do Bloco Parlamentar Indepen
Integrou o Conselho Nacional de
Economia, onde ocupou a Vice-Presidência (1959-1960) e a Presidência
(1960-1961). No ano seguinte, tornou-se Conselheiro.
Em 1970, afastou-se da vida
política para dedicar-se às atividades particulares, fixando-se no Rio de
Janeiro.
Júlio César Leite faleceu aos 94
anos, em 06 de fevereiro de 1990, no Rio de Janeiro. Há uma escola municipal,
em Estância, com o nome “Escola Municipal Senador Júlio Leite”. Em Aracaju há
uma avenida com o mesmo nome.
BIBLIOGRAFIA
Brreto, Luis Antônio= Centenário
de Leite Neto, Pensador, Intelectual e Político. Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=53437&titulo=Luis_Antonio_Barreto.
Acesso em 27 de julho de 2015.
Barreto, Luis Antônio – José
Rollemberg Leite e o Ensino Sergipano. Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=29381&titulo=Luis_Antonio_Barreto.
Acesso em 04 de agosto de 2015.
Barreto, Luis Antônio – Os 100
anos de Gonaçalo Rollemberg Leite . Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=44237&titulo=Luis_Antonio_Barreto.
Acesso em 07 de agisti de 2015.
Barreto, Luis Antônio – Clara Leite
de Rezende. Disponível em http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=29381&titulo=Luis_Antonio_Barreto.
Acesso em 04 de agosto de 2015.
5-Dias, Givaldo Rosa – Os
descendentes dos barãoes de Itaporanga e de Estância, Domingos e Antônio Dias
Coelho e Melo, voltaram a governar o Estado. Disponível em
0/12/os-decendentes-dos-baroes-de-itaporanga.html. Acesso em 27 de julho de
2015.
6-Leite, Geraldo – Médicos Ilustres
da Bahia e Sergipe – Augusto Leite. Disponível emhttp://medicosilustresdabahia.blogspot.com.br/2011/07/063-augusto-cesar-leite.html.
Acesso em 11 de setembro de 2015.
6-Maximo, Genilson - Senador
Júlio César Leite faz 24 anos de falecido, nesta quinta, dia 06. Disponível
emhttp://parabolicanews.blogspot.com.br/2014/01/senador-julio-cesar-leite-faz-24-anos.html.
Acesso em 27 de julho de 2015..
7-Poder Judiciário do Estado de
Sergipe – Centenário de Gonçalo Rollemberg Leite. Disponível em http://www.tjse.jus.br/memorial/documentos/publicacoes/Centenario-Dr-Goncalo-Rollemberg-Leite.pdf.
Acesso em 6 de agosto de 2015.
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