A FAMÍLIA CARDOSO DE SERGIPE
(JOAQUIM MAURÍCIO CARDOSO, FILHOS E NETOS)
A família Cardoso é de origem portuguesa. Lembra a expressão
“terreno cardoso”, ou “terreno cheio de
carda”. Carda é uma espécie de praga,
comum em certas regiões. O sobrenome existe desde 1170. O primeiro a usá-lo foi D.
Hermigo Cardoso, que viveu em Lamego no tempo
do rei Afonso III de Portugal
(1210-1279). D. Hermigo era o proprietário da “Quinta Cardoso”, situada em São Martinho
de Mouros. Os Cardoso se espalharam por
Portugal e Espanha (Galícia,
Andaluzia, e Astúrias). Dom Juan, marquês de Cardoso, viveu em Sevilha, no ano de 1599. (6)..
No reinado dos Reis Católicos, mais de 120.000
cristãos-novos, expulsos da Espanha, imigraram para Portugal, Arquipélago dos
Açores e Brasil. No Brasil receberam a alcunha de “marranos”, Dentre os
“marranos” perseguidos pela Inquisição, alguns
eram da família Cardoso (5).
Em 1654, quando ocorreu a expulsão de Maurício de Nassau, os
irmãos João Inácio e Francisco Cardoso
se estabeleceram naquela região por volta de 1795.
Os Cardoso do Rio Real são muito antigos pois descendem de
Caramuru, através de Melchior Dias Moreia que,, na década de 1580, descobriu uma
mina de ouro nos sertões da Bahia. Tentou explorá-la mas acabou preso. Outros Cardoso viveram nas redondezas do rio Real durante os
séculos XVI, XVII e XVIII (4).
Joaquim Maurício Cardoso (1806-1869), filhos, e netos, são personalidades
importantes na vida política, econômica e cultural de Sergipe Alguns deles tinham o mesmo nome dos pais,
ou de algum familiar muito querido, o que, às vezes, torna difícil identificá-los
(7). .
JOAQUIM MAURÍCIO CARDOSO
Joaquim Maurício Cardoso nasceu em 1808, na Bahia, e recebeu
o título de advogado em algum curso particular, pois naquela época não existia faculdade no
Brasil (9). Imigrou para Estância, onde contraiu núpcias com Joana Baptista de
Azevedo e com ela teve oito filhos.
Foi um dos fundadores do primeiro jornal da província. o
“Recopilador Sergipano”, cujo primeiro número circulou em Estância em setembro
de 1832. Impresso na Tipografia Silveira, a mais antiga de Sergipe,
(assim chamada por ser de propriedade do monsenhor Antônio Fernandes da
Silveira) circulava às terças, quintas e sábados.
Joaquim Cardoso foi professor de matemática e geografia do Externato Provincial de
Estância. Vários médicos e políticos importantes foram seus alunos:
Entrou na política, e foi deputado provincial.
Além de rábula, fundou uma escola prática de direito,
freqüentada por formados e não formados; e com isso desempenhou importante
papel no desenvolvimento cultural de Sergipe.
Em 1832, o presidente da província, José Geminiano Morais de
Navarro reuniu as cadeiras de ensino público de latim, retórica, francês e geometria
existentes em São Cristóvão, em um
Liceu, (“Liceu Sergipense”)., e o instalou no Convento do Carmo. O Liceu teve
como primeiro diretor frei José dos Prazeres Bulhões. Joaquim Mauricio Cardoso
foi convidado para o ser vice-diretor e professor de francês e retórica. O
Liceu foi extinto em 1835, quando Joaquim Cardoso regressou para Estância e
passou a se dedicar ao magistério particular.
Faleceu em 1869, deixando os seguintes filhos: Severiano
Mauricio de Azevedo Cardoso (1840-1907), Brício Mauricio de Azevedo Cardoso
(1844-1924), Melchisedek Mattusalem de Azevedo Cardoso (1860-1938), Sinfrônio
de Azevedo Cardoso (1850-?).Manuel Maurício de Azevedo Cardoso (1864-1936),
Ignez (?), Amélia (?) e Valeriania (?)..
SEVERIANO MAURÍCIO DE AZEVEDO CARDOSO
Severiano Maurício de Azevedo Cardoso, mais conhecido como
Severiano Cardoso, professor, poeta,
jornalista, político e autor de textos literários, nasceu em Estância, em 14 de
março de 1840, sendo seus pais Joaquim Maurício Cardoso e Joana Baptista de
Azevedo. É o pai de José de Alencar
Cardoso, diretor e fundador do Colégio
Tobias Barreto que funcionou inicialmente em Estância (a partir de 1909), e
depois em Aracaju.
Filho primogênito de um grande educador, Severiano fez os
primeiros estudos em sua terra natal, com seu pai, e tios maternos. Aos quinze
anos mudou-se para Salvador, onde trabalhou no comércio. Nessa ocasião escreveu vários artigos para o
jornal “Bahia Ilustrada”..
Em 1870, voltou para Sergipe e ingressou no “Atheneu Sergipense” como
escriturário. Depois foi Secretário da
Instrução Pública, cargo que exerceu de 1871 a 1874. Neste último ano deixou o
cargo de Secretário e assumiu o de oficial maior daquela secretaria.
Eleito deputado provincial em duas legislaturas, e membro da
Câmara de Vereadores. Militou no Partido Conservador, ao lado de Olímpio Campos, grande amigo e
discípulo.
Como jornalista, militou no “Sergipe Jornal” (do qual foi
redator) e no “Estado de Sergipe”.
Colaborou com “O Americano”, “Jornal do Comércio”, “Folha de Sergipe” e “Jornal
de Aracaju”.
Era poeta e teatrólogo. Escreveu diversas peças teatrais,
e um livro intitulado “Teatro Infantil”.
Publicou vários trabalhos sobre o ensino primário. Um deles, “Corografia de Sergipe”, tornou-se famoso e,
ao que parece, ainda permanece inédito (corografia é o estudo de uma
determinada região).
Sua passagem pelo Atheneu Sergipense e pela Instrução Pública
foi de muita utilidade para o magistério
e a política.
Como educador, criou um colégio, situado na atual Praça
Fausto Cardoso, intitulado “Parthenon Sergipense” onde, além de ensinar as disciplinas do curso de humanidades, “dava
aulas de gentileza”. Nesse colégio, educou dezenas de jovens das principais
famílias de Sergipe.
Fiel admirador dos grandes educadores do século XIX,
utilizou em suas aulas instrumentos didáticos e não didáticos. Um de seus
alunos, Edilberto Campos, disse que Severiano Cardoso ensinava tabuada fazendo de conta que empilhava sacos de açúcar
em um trapiche, e frações utilizando
casinhas de papelão e tubos de cartolina de variados tamanhos.
Em busca de novas experiências educacionais, foi para Minas
Gerais, onde assumiu a direção do “Colégio Parthenon Mineiro”, em Rio Novo.
Depois de dois anos, voltou para Sergipe e fundou em Estância o “Colégio
Minerva”, do qual foi proprietário e professor.
Em 1882, voltou ao “Atheneu Sergipense”, a fim de ensinar aritimética e lógica.
Em 1900, foi nomeado professor estadual de português, aritmética
e francês, em Estância. Um ano depois, voltou para Aracaju para ensinar matemática
na Escola Normal.
Armindo Guaraná, em seu Dicionário Bio-Bliográfico
Sergipano, afirma que Severiano Cardoso “foi um professor competente e apaixonado pela Instrução” e que
“não houve em seu tempo quem melhor soubesse difundir o ensino no espírito de
seus jovens discípulos”. O mesmo disseram Acrísio Torres e o então presidente
do Estado, Manuel d` Araújo Góes.
Abalado com o assassinato de Olímpio Campos. Severiano
Cardoso faleceu em Aracaju, no dia 2 de
outubro de 1907.
Seu filho ilustre é José de Alencar Cardoso.
JOSÉ DE ALENCAR CARDOSO
José de Alencar Cardoso, carinhosamente chamado “Professor
Zezinho”, é filho de Severiano de Azevedo Cardoso . Nasceu em Estância, no dia
18 de abril de 1878. Tendo aprendido as primeiras letras com seu pai e tios,
mudou-se para Aracaju onde fez os preparatórios no Atheneu Sergipense.
Aspirando a carreira das armas, foi para o Rio de Janeiro, onde matriculou-se
na Escola Militar, situada na Praia Vermelha. Permaneceu na Escola Militar até
seu envolvimento com a “Revolta da Vacina”. Sufocada a insurreição, desligou-se
e regressou para Estância.
Influenciado pelo tio
Brício Cardoso, fundou, em 9 de maio de 1909, o Colégio Tobias Barreto.
“A ajuda de seu pai, Severiano Cardoso, e principalmente de seu tio Brício
Cardoso, teve papel fundamental na
elaboração e implantação de um projeto político mais consciente e sistemático,
responsável pela aglutinação dos egressos de Escola Militar” (11). Ao Colégio,
anexou um Tiro de Guerra. A população de Estância apreciava, com admiração e orgulho, os alunos se exercitarem na Praça
da Matriz.
Em 1912, o Prof. Zezinho mudou-se para Aracaju, onde ocupou
o cargo de escriturário da Saúde dos Portos. No ano seguinte, transferiu o colégio para a
capital sergipana. Em Aracaju seu estabelecimento de ensino cresceu, passando
de menos de cem alunos para quase trezentos, em 1919. O crescimento era o
resultado de sua proposta pedagógica revolucionária.
Ao tempo em que o Colégio crescia, Alencar Cardoso firmava-se
como administrador público, Ocupou vários cargos: foi inspetor da Instrução
Pública Primária (década de 1910), tesoureiro da Delegacia Fiscal (1923-25) e
Diretor Geral da Instrução Pública (1918-1922). No ultimo ano do governo do
Presidente Graco Cardoso, tornou-se responsável pela execução da Reforma do Ensino
Público. O Colégio Tobias Barreto, durante o afastamento do seu fundador, teve diversos
diretores: Brício Cardoso, Carlos Augusto Cardoso, Alice Ferreira Cardoso, Abdias
Bezerra e Arthur Fortes Os professores Abdias Bezerra e Arthur Fortes, tal como
ocorreu com o Professor Zezinho, foram alunos da Escola Militar. Talvez por
esta razão, o traço dominante do .Colégio
Tobias Barreto foi o militarismo. Os alunos
começavam o curso como soldado
raso e, de acordo com o progresso alcançado, galgavam posições cada vez mais
altas, passando a cabo, terceiro sargento, segundo sargento, primeiro sargento,
aspirante, segundo tenente, primeiro tenente, capitão, major, tenente-coronel,
coronel e, finalmente, comandante. Ao término do turno matutino, ao terminar as
aulas, os alunos, em formação de ordem unida, eram obrigados a ouvir a leitura
do “Boletim” com a “Ordem do Dia”.
O professor Zezinho faleceu em Aracaju, cercado do carinho e
da gratidão de seus ex-alunos e admiradores. O
Colégio foi estadualizado,
Vários logradouros e escolas públicas cultuam a sua memória.
BRICIO DE AZEVEDO CARDOSO
Brício Maurício de Azevedo Cardoso, mais conhecido como
Brício Cardoso, nasceu em Estância, em 9 de julho de 1844, sendo seus pais
Joaquim Maurício Cardoso e Joana Baptista de Azevedo Cardoso.
Aprendeu as primeiras letras, e iniciou o curso de
humanidades, em sua cidade natal, tendo como preceptores seu pai, seu tio materno (cônego José Luis de Azevedo), Florentino
Telles de Menezes, Antônio Ribeiro Lima,
Galdino Barbosa de Araújo, e o padre
Quirino. Depois, mudou-se para Salvador, onde estudou no Atheneu Bahiano, onde
foi discípulo de frei Antônio da Virgem Maria Itaparica, seu professor de
filosofia.
Antes de fazer os exames preparatórios, retornou a Estância,
onde foi professor substituto da cadeira de geometria e de primeiras letras na
vila do Espírito Santo,
Em janeiro de 1860, estando D. Pedro II em excursão às
províncias do Norte, ao chegar em Estância examinou alguns alunos das aulas de latim, francês,
geografia e gramática, Brício Cardoso foi um dos examinados, conforme se lê no
diário do Imperador.
Em 24 de outubro de 1970, Brício Cardoso foi nomeado
professor público do ensino primário em
sua cidade natal. Em 27 de abril de 1874, foi removido para a cadeira de
retórica em Aracaju, no Atheneu Sergipense, onde também lecionou história
universal, história de Sergipe, filosofia e língua portuguesa. Além de ensinar no
Atheneu, lecionou português na Escola Normal (da qual foi diretor, de 1877 a
1879), No Parthenon Sergipense, ensinou filosofia e retórica; no Colégio São
Salvador, gramática, matemática e geografia; no Colégio Tobias Barreto, (sob
sua direção), português, latim e história universal.
Além de professor, foi um eminente homem de letras. O livro
“Tratado de Vernácula”, escrito em 1875, é considerado uma obra prima. Este
livro, embora aprovado em 1878 pelo Conselho Superior de Instrução Pública da
Bahia, somente foi editado em 1932, oito
anos depois da morte do autor.
Também escreveu romances e peças de teatro. Seu romance mais
conhecido é “Herpes Sociais”, publicado em folhetins no jornal “Bahia
Ilustrada. As peças teatrais mais populares são “Madrasta e Enteada”, “A Ceguinha” e “O Escravo Educado”
Como jornalista escreveu para vários jornais de Sergipe e da
Bahia: “Bahia Ilustrada”, “Phenex”, “Jornal dos Caixeiros”, “Gazeta de Aracaju”, “O Republicano” ,
“Jornal de Aracaju”, “A Notícia”, “O Estado de Sergipe” “Correio de Alagoinhas”, “Sul de Sergipe”,
”Jornal do Comércio”, “O Guarany”, “O Tempo”, “Diário da Manhã”, “A Cruzada”,etc.
Em seus trabalhos, vezes assinava seu nome, vezes utilizava pseudônimos. Abordava assuntos
variados no campo da educação mas dava
preferência aos estudos ligados à língua
vernácula, ao ensino primário e à formação de professores. Fundou, com seu
irmão Severiano Cardoso, os periódicos “Bahia Ilustrada” (1867-1870). “Phenix”
(1870), “Jornal dos Caixeiros” (1870) e “Gazeta do Aracaju (1879-1889). Sob sua
exclusiva redação, foram lançados “O
Republicano” (1879-1889)(1890-1893), “Jornal do Aracaju” (2º, em 1894), “A
Notícia” (1896-1898) e o “Estado de Sergipe” (1898=1901).
Foi deputado provincial (1878-1879), deputado constituinte e
deputado estadual (em várias legislaturas). Pertenceu ao Conselho Municipal de
Aracaju e foi Secretário de Estado nos governos do General Valadão e Martinho
Garcez.
Brício Maurício de Azevedo Cardoso faleceu em Aracaju, em 21
de novembro de 1924, aos 80 anos de idade.
Um de seus filhos, Maurício Craccho Cardoso, foi presidente de Sergipe de 1927 a 1829, e de
1930 a 1933.
Hunald Cardoso,falando sobre Brício Cardoso,
afirmou> “ A chave dos seus triunfos,
como escritor e professor, provinha do seu conhecimento da várias línguas –
francês, italiano, latim e grego, de cujas literaturas era juiz competente. Não
lhe saia o livro das mãos, senão quando a presença de alguém a quem tivesse de
atender, a isso o obrigasse. E, esgotada a provisão de obras ainda não
deletreadas, volvia aos dicionários, que conservava sempre à mão, para os
reler. Nos seus últimos anos de existência, afora os romances, os livros que
mais o prendiam eram os seus clássicos latinos e a Imitação de Cristo. Limpo e
castiço, era-lhe o estilo, modelado nas formas consagradas pelos clássicos. Era
também Camões um dos seus inseparáveis companheiros”.
Seus filhos ilustres são Maurício Gracho Cardoso e Hunald
Santaflor Cardoso.
MAURÍCIO CRACHO CARDOSO
Maurício Graccho Cardoso, mais conhecido como Graccho
Cardoso, político sergipano, nasceu em Estância, em 9 de agosto de 1874, sendo
seus pais Brício Maurício de Azevedo Cardoso e Mirena Cardoso. Seu pai foi
membro da Academia Sergipana de Letras, patrono da cadeira 36 da referida
Academia e deputado estadual. Sua mãe pertencia a uma família tradicional.
Iniciou os primeiros estudos em Estância, com o próprio pai.
Depois, mudou-se para Aracaju. Estudou na Escola Militar e participou das revoltas do início do regime republicano. Ingressou
na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, onde iniciou sua formação jurídica,
mas concluiu o curso em Fortaleza, onde fixou residência, constituiu família e
ingressou na vida pública.
Foi, Inicialmente, Secretário da Fazenda. Depois, foi, sucessivamente,
deputado estadual, vice-presidente,
presidente, deputado federal e senador, pelo Estado do Ceará.
Regressando a Sergipe foi eleito deputado federal
(1921-1923) e senador, na vaga de Oliveira Valadão, mas não cumpriu o mandato
por ter sido eleito presidente do Estado de Sergipe (1927-1929 e 1930-1933). A
última legislatura foi interrompida pela revolução de 1930. Como deputado
federal, foi eleito para seis legislaturas (duas pelo Ceará e quatro por
Sergipe).
Como presidente de Sergipe fez uma administração profícua:
criou vários grupos escolares, construiu os prédios da Prefeitura Municipal de
Aracaju, Atheneu Sergipense, Mercado Modelo e Associação Comercial de Sergipe e a sede do Colégio Nossa Senhora de
Lourdes. Criou o Instituto de Química, o Instituto Parreiras Horta, uma
Faculdade de Direito e uma Faculdade de Farmácia, e inaugurou a Usina de
Energia Elétrica do Estado.
Em 1945, foi novamente eleito deputado federal para o
período de 1946 a 1950 quando assumiu a vice-presidência da Câmara dos Deputados.
Graccho Cardoso morreu no dia 3 de maio de 1950, no plenário
da Câmara, quando se dirigia para a mesa a fim de presidir uma sessão.
Em 1950, o distrito
de Tamandoá, de Aquidabã, em Sergipe, foi
elevado a município, com o nome de Graccho Cardoso.
HUNALD SANTAFLOR CARDOSO
Hunald Santaflor Cardoso, nasceu em Estância, em 2 de
setembro de 1894, sendo seus pais Brício Maurício de Azevedo Cardoso e Mirena
Cardoso,
Passou a infância em sua cidade natal, onde aprendeu as
primeiras letras com seu pai e tios. Concluídos os preparatórios, matriculou-se
na Faculdade Livre de Direito, pela qual foi diplomado em 1918.
Exerceu a profissão de advogado no Distrito Federal, no Rio
Grande do Sul, no Ceará e em Sergipe. Ao concluir o curso de direito, assumiu o
posto de Promotor Público da Comarca de Cachoeira, no Rio Grande do Sul. No ano
seguinte, foi nomeado Promotor Público da Comarca de Aracaju.
Exerceu intensa atividade política, tendo ocupado os
cargos Diretor Geral dos Correios do
Distrito Federal (1914), Intendente de Aracaju, Consultor Jurídico Interino do
Estado de Sergipe (1919), Inspetor Fiscal do Conselho Superior de Instrução do
Liceu Alagoano (1920), Inspetor Fiscal do Conselho Superior de Instrução do
Atheneu Pedro II (1921), Secretário Geral do Governo do Estado (1922), Diretor
Fiscal do Governo do Estado de Sergipe junto ao Banco Estadual de Sergipe
(1923), Chefe de Polícia Interino do Estado de Sergipe (1924), Deputado
Estadual, Procurador Geral do Estado (1934), Interventor Federal no Estado
(1945).
Hunald Santaflor Cardoso iniciou a carreira de magistrado em
1935, quando foi nomeado Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de
Sergipe. Nessa condição ocupou por três vezes o cargo de Corregedor Geral da
Justiça (1950, 154 e 1958) e, uma vez, a Vice-Presidência (1956). Foi membro do
Tribunal Regional Eleitoral, sendo seu Vice-Presidente em 1945 e Presidente por
seis vezes (1946, 1950, 1952, 1956, 1961 e 1963).
Assumiu a Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de
Sergipe por 10 vezes. A primeira delas em 1946 e, posteriormente, em 1947,
1948, 1949, 1950, 1951, 1953, 1955, 1957 e 1964.
Foi fundador e presidente da Academia Sergipana de Letras,
membro efetivo e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe,
fundador e professor de Direito Civil, Direito Penal e Direito Administrativo
da Faculdade de Direito de Sergipe, professor de Direito Comercial da Escola de
Comércio Conselheiro Orlando.
Foi membro da Comissão Organizadora das comemorações da Independência
de Sergipe (1920) e da Comissão Organizadora da Exposição Internacional do
Centenário da Independência do Brasil (1922). Fez parte da Associação Sergipana
de Imprensa e da Associação dos Magistrados de Sergipee dos Institutos Geográficos e Históricos do
Ceará, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.
Foi secretário do jornal “A Noite”, em Porto Alegre, diretor e secretário
do “Sergipe Jornal”, em Aracaju, e proprietário e diretor do jornal “Diário da
Manhã”, também em Aracaju.
Dentre os trabalhos que publicou, os mais conhecidos são “A
Mulher Gaúcha” (1917), “O Senhor de Engenho” (1917), “Revisão Penal Militar”
(1933), “O nobile officium do Poder Judicial” (1937), “A Constituição de 1937”
(1938), “Tobias Barreto, Sol sem Eclipses” (1939), “Traços Biográficos do
Filósofo de Escada” (1939), “Das Relações entre Juízes e Advogados” (1940), “Getúlio
Vargas, Símbolo da Raça Brasileira” (1941), “Provimentos e Diretrizes” (1944), “Oração
em Homenagem ao Professor Brício Cardoso” (1944), “Martinho Garcez, o
Demóstenes Sergipano” (1945), “Testemunhos do Coração – Discurso Biográfico do
Deputado Maurício Gracho Cardoso” (1951), “Dogmática de Direito Penal – Parte
Geral – Preleções ministradas como Professor na Faculdade de Direito de Sergipe”
(1953).
O Desembargador Hunald Santaflor Cardoso encerrou a carreira
na magistratura ao se aposentar, em setembro de 1964, quando acumulava as
presidências do Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Eleitoral de
Sergipe.
Faleceu em 24 de junho de 1973.
JOAQUIM MAURÍCIO CARDOSO
Joaquim Maurício Cardoso, advogado, professor universitário
e político, nasceu em Soledade, em 1888, sendo seus pais Melchisedek Mathuzalem
Cardoso e Eugênia Almeida Gralha. É neto, pela parte paterna, de Joaquim
Maurício Cardoso (seu avô e homônimo) e de Joana Baptista de Azevedo Cardoso.
Foi deputado estadual pelo Rio Grande do Sul e participou da
Revolução de 1930. Foi ministro da Justiça e de Negócios Interiores do governo
provisório (1931). Aboliu a censura à imprensa e elaborou o código eleitoral (1933)
e o que instituiu o chamado “Estado Novo” (1937). O código eleitoral de 1933
permitiu o voto feminino e instituiu o voto secreto.
Na vigência do “Estado Novo” foi secretário do Interior do
Rio Grande do Sul (governo do interventor Manuel de Cerqueira Daltro Filho),
Com a morte do titular, em 19 de janeiro de 1938, ocupou o cargo de governador,
até a posse de Osvaldo Cordeiro de Farias (4 de março de 1938). Logo em seguida
foi secretário estadual de Agricultura.
Faleceu em um acidente de avião, em maio de 1938.
Há no Rio Grande do Sul um município chamado Dr. Maurício Cardoso.
.
SINFRÕNIO MAURÍCIO DE AZEVEDO CARDOSO
Sinfrônio Maurício de Azevedo Cardoso, mais conhecido como
Sinfrônio Cardoso, nasceu em 19 de outubro de 1850, em Estância, sendo seus
pais Joaquim Maurício Cardoso e Joanna Baptista de Azevedo. Todos os seus
irmãos são intelectuais: Brício Cardoso, Severiano Maurício Cardoso,
Melchisedek Mathusalem Cardoso, Manuel Maurício Cardoso, Ignez de Azevedo
Cardoso, Amélia Cardoso e Valeriana Cardoso. Sinfrônio é tio de Maurício Gracho
Cardoso e de Joaquim Maurício Cardoso
(político, advogado, professor universitário e governador do Rio Grande do
Sul).
Fez o curso de humanidades e os dois primeiros anos de Teologia
no Séminaire d´Angers, na França (seu irmão, Brício Cardoso patrocinou
estes estudos).
Por motivo de saúde, teve de abandonar sua formação na
França e regressar ao Brasil, onde se dedicou ao magistério. Mudou-se para
Barbacena, onde ministrou aulas
particulares. Em 1880 tornou-se professor e diretor de uma escola particular em
Piedade, município Leopoldina. Pouco depois, assumiu as cadeiras de inglês e
francês do Colégio Piedade, na mesma localidade. Em 1886, mudou-se para São
João Nepomuceno, onde exerceu o magistério secundário. Em 1901, foi designado
regente das aulas suplementares de francês, no Internato do Ginásio Nacional
(ex-Colégio D. Pedro II), no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1889. Em 1908,
voltou para São João Nepomuceno, como professor do Grupo Escolar Coronel José
Braz, assim permanecendo até 1915.
Em São João Nepomuceno
Sinfrônio gozou grande prestígio como cidadão, intelectual, e educador. Além de possuir formação exemplar, era poeta
sóbrio, prosador inspirado, e orador
excepcional. Todos reverenciavam sua cultura sólida e variada, seu discurso conceituoso, e sua prosa de elevado valor
literário.
Em 1918, foi nomeado diretor do Grupo Escolar de Caratinga.
Em 1919, foi transferido para Campo
Belo, onde foi diretor do Grupo Escolar
Cônego Ulisses. Em 1921, mudou-se para a cidade de Guarará, como diretor da
Escola Ferreira Marques.
Homem de fé, colaborou com o periódico “Lar Católico”, de
Juiz de Fora, dirigido por Lindolfo Gomes. Este periódico tinha como colaboradores, além de Sinfrônio
Cardoso, o conde Afonso Celso, Cândido Figueiredo, Bernardo Aroeira, Brício
Cardoso, etc. Colaborou também com a “Revista do Ensino Mineiro”.
Sinfrônio Cardoso, Constantino José Gomes de Souza, Pedro
Calazans, Bittencourt Sampaio, José Maria Gomes, Elzeario Pinto, Eustaquio
Pinto, Joaquim Esteves, Joaquim de Calazans, Severiano Cardoso, Geminiano Paes,
Eutichio Soledade e Leopoldo Amaral fazem pare do primeiro dos quatro grupos de
poetas sergipanos elencados por Sílvio Romero.
Obras Publicadas:
Noites do Seminário. (Livro de estréia, 187ndianas (1879).
A Moça. (Poemeto)
Louros Esparsos ((1890)
A Descoberta do Brasil ( 5 volumes de poesias de 200 páginas
cada um. 1 volume em francês).
Carlos e Alice (1904)
Traços biográficos do pianista brasileiro Frederico Malho.
Rio de Janeiro (1906)
Elegias (1910)
Sonhos e Goivos
AMÉLIA DE AZEVEDO CARDOSO
Amélia de Azevdo Cardoso nasceu em Estância, em 28 de abril
de 1855, sendo seus pais Joaquim Maurício Cardoso e Joana Baptista de Azevedo.
Casou-se com Archiminio Nogueira Delvale. Morreu em Aracaju, em data que
desconhecemos.
O descendente ilustre de Amélia de Azevedo Cardoso é seu
neto, José Barreto (filho, de Otília Cardoso Barreto).
JOSÉ BARRETO FILHO
José Barreto Filho, poeta, romancista e crítico literário,
nasceu em Aracaju, em 27 de janeiro de 1908, sendo seus pais José Barreto dos
Santos e Otília Cardoso Barreto. É neto de Amélia de Azevedo Cardoso.
Ainda criança, colaborou com jornais de Sergipe, após o que
mudou-se para o Rio de Janeiro, onde publicou, aos 14 anos de idade, um livro
de poemas, intitulado “Catedral de Oiro”.
Em 1929, publicou “Sob o Olhar Malicioso dos Trópicos”, ao
qual se seguiu “Introdução a Machado de Assis” (1947).
Integrou o “Grupo Festa”, de tendência espiritualista,
contrapondo-se ao movimento modernista de 1922.
Ao lado de Andrade
Murici, Tasso da Silveira, Murilo Araújo e Cecília Meireles, participou da
edição da revista “Festa”;
Advogado brilhante, atuou no Rio de Janeiro, e em Sergipe.
No Rio de Janeiro foi professor de Psicologia Educacional, na Pontifícia Universidade
Católica..
Em 1929, participou da fundação da Academia Sergipana de
Letras, dela figurando como sócio correspondente.
Como político, fez parte da União Republicana, Foi eleito
deputado à Assembléia Estadual Constituinte (1934) e, em seguida, deputado
federal.
1937, com a decretação do Estado Novo, afastou-se da
política e voltou para o Rio de Janeiro, onde dedicou-se às atividades
intelectuais, como professor e crítico literário.
Faleceu em 17 de dezembro de 1983. centenário de seu nascimento foi comemorado no Rio de
Janeiro. Das comemorações participaram o padre jesuíta Mário França Miranda (um
dos maiores teólogos do Brasil), o professor Tarcisio Padilha, diversos intelectuais,
ex-alunos, viúva e filhos. Infelizmente Cecília,
a mais identificada com o pai, (casada com o crítico Luiz Paulo Horta -- filho
do cientista Parreira Horta), havia falecido, e não participou do evento.
BIBLIOGRAFIA
2-arreto, Luiz Antônio – Gracho Cardoso, Vida e Política.
Aracaju, 2002
8- Santos, Maria Fernanda dos – Severiano Cardoso e a Docência
em Sergipe no Anoitecer do Século XIX – Revista do Curso de Pedagoria. Aracaju,
vol 2; n. 2. Jan/Jun 2015