A família Boto descende de
Estêvão Anes Boto, natural de Évora, que participou da armada que D. João I enviou
para a África, em 1415. Ele e seu filho, Martim Esteves, então com 20 anos de
idade, tomaram parte da conquista de Ceuta.
Consta que Estêvão Anes penetrou nas
torres da cidade e cortou as cabeças de vários
mouros. Daí o brasão da família: duas torres e duas cabeças de mouros.
Um dos descendentes desta família,
o Major João de Aguiar Boto de Melo,
chegou ao Brasil em meados do século XVIII e recebeu terras em Minas Gerais, onde
se estabeleceu como criador de gado. Foi
senador na Bahia durante a época em que seu irmão, o Marquês de Aguiar, era Presidente.
Casou-se com Rosa Cecília Novais,
natural do município de Cedro de São João, em Sergipe. Um de seus filhos
recebeu o mesmo nome e casou-se com Ana Jeronima da Silveira, tornando-se pai
de Sebastião Gaspar de Almeida Boto, típico representante político do período imperial.
Sebastião Gaspar de Almeida Boto
nasceu no engenho Maruim de Cima (Santo Amaro de Brotas), em 17 de setembro de
1802. Aos 19 anos, abraçou a carreira militar. Alistou-se na companhia de guardas milicianos,
onde atingiu o posto de tenente coronel. Lutou na Guerra da Independência e em 1841 foi
nomeado coronel comandante da Guarda Nacional.
No dia da coroação de D. Pedro II foi condecorado com o título de comendador da
Ordem da Rosa. Integrou a primeira Assembleia Provincial (1834-1837) e foi deputado
geral nas legislaturas de 1838-1841 e 1843-1844. Ocupou, por quatro vezes, a
vice-presidência de Sergipe. Em 1841, foi nomeado Presidente.
Participou do movimento armado
conhecido como “Revolta de Santo Amaro”.
Durante o mandato de presidente de Sergipe, construiu a casa de prisão de Laranjeiras, reformou a de São Cristóvão, criou a
Escola Normal (1838), desenvolveu a Instrução Pública, organizou os
destacamentos da Guarda Nacional de Laranjeiras, São Cristóvão e Estância, adquiriu
uma tipografia para publicação dos atos do governo, melhorou as barras dos rios
Cotinguiba e Sergipe e promoveu gestões
junto ao Governo Imperial para melhoramentos das barras do Rio Real e do Rio São Francisco.
Sebastião Gaspar de Almeida Boto casou-se
com Joana Dias Coelho de Melo, filha de Domingos Dias Coelho e Melo (Barão de
Itaporanga) e irmã de Antônio Dias Coelho e Melo (Barão de Estância). Duas filhas de Sebastião Boto casaram-se com
dois filhos de seu cunhado, o Barão de Estância.
Sebastião Gaspar de Almeida Boto
faleceu em 31 de maio de 1884, no engenho Poxim, no município de São Cristóvão.
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Uma irmã de Sebastião Gaspar de
Almeida Boto de nome Francisca de Aguiar Caldeira Boto, casou-se com o Coronel Bento de
Melo Pereira, Barão de Cotinguiba. O Barão de Cotinguiba foi Capitão-Mor e
comandante das armas de Sergipe (1817-1829), vice-presidente (1834-1837-1839-1842) e presidente da província
(1837), senador, comandante superior da Guarda Nacional e comendador da Ordem
de Cristo. Deste consórcio resultaram
seis filhos que deram continuidade ao nome da família, quatro deles com o
sobrenome Boto. Destes destacamos João de Aguiar Boto de Melo que herdou o
nome de seu tio, o pai de Sebastião Gaspar de Almeida Boto.